Neste texto, você encontrará as principais dicas de linguagens, códigos e redação para o Enem, que vão ajudar você a se preparar para uma prova que exige concentração e capacidade de leitura. Ela é composta por 45 questões que analisam os seus conhecimentos linguísticos, literários, artísticos, de educação física e tecnologias da informação e comunicação.
A maior parte das questões dessa prova está relacionada à interpretação de textos literários e não literários, verbais e não verbais. Dada a quantidade de textos para leitura, é essencial que o(a) candidato(a) organize o seu tempo de forma a escrever a redação no início da prova e fazer sua revisão no final do exame.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Como é a prova de linguagens, códigos e redação no Enem?
- 2 - Quais são os assuntos de linguagens, códigos e redação que mais caem no Enem?
- 3 - Dicas para fazer a prova de linguagens, códigos e redação do Enem
- 4 - Como são as questões de linguagens, códigos e redação no Enem?
Como é a prova de linguagens, códigos e redação no Enem?
A prova de linguagens, códigos e redação no Enem apresenta 45 questões de múltipla escolha e uma proposta de redação. As cinco primeiras questões são de língua estrangeira (inglês ou espanhol). As 40 restantes, de língua portuguesa, literatura, artes, educação física e tecnologias da informação e comunicação.
Todas as questões apresentam textos verbais e/ou não verbais, pois o objetivo principal é avaliar a capacidade de leitura do(a) candidato(a). No entanto, ler é mais do que apenas decifrar códigos. A leitura é um processo que envolve o saber linguístico do(a) leitor(a), seu conhecimento de mundo, além de sua capacidade de contextualização.
Portanto, a prova avalia se o(a) candidato(a):
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consegue ter um entendimento amplo acerca do texto lido;
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possui conhecimentos linguísticos ou gramaticais;
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tem bom repertório para fazer relações extratextuais;
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é capaz de perceber o contexto de produção do texto;
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conhece as especificidades de um texto literário;
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dispõe de noções estéticas para avaliar obras artísticas;
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está consciente da importância da educação física;
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está devidamente inserido na cultura digital;
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apresenta capacidade crítica e de interpretação.
Por sua vez, a redação deve ser escrita à tinta preta e ter, no máximo, 30 linhas. Porém, a redação vai receber nota zero se tiver menos de oito linhas, fugir ao tema, não ser do tipo de texto dissertativo-argumentativo, ter parte do texto desconectada propositalmente do tema proposto ou apresentar identificação pessoal no espaço destinado ao texto.
Para ajudar o(a) candidato(a), a proposta de redação é acompanhada de textos motivadores. Porém, nenhuma parte deles deve ser copiada. Se isso acontecer, as linhas configuradas como cópia são desconsideradas na contagem de linhas da redação. O texto também deve apresentar proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Quais são os assuntos de linguagens, códigos e redação que mais caem no Enem?
O assunto que mais cai na prova de linguagens e códigos e do Enem é a leitura e interpretação de textos. Na sequência, estrutura textual e análise do discurso é o segundo tema mais cobrado no exame. Na sequência, leitura e arte é o terceiro tema mais cobrado.
Além desses temas, são cobrados os seguintes assuntos:
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linguagem culta x linguagem coloquial;
As questões de inglês mais recorrentes se referem à leitura e interpretação de textos. Na sequência: domínio lexical, além de análise e interpretação de poemas e canções. Já nas questões de espanhol, a leitura e interpretação de textos também está em primeiro lugar, antes de semântica e domínio lexical, seguidos pela identificação da função do texto.
A leitura e a interpretação de textos também são cobradas na redação do Enem, que costuma abordar problemas sociais cotidianos, como pode ser observado nos seguintes temas de redação de provas do Enem de anos anteriores:
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Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil (2017)
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Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet (2018)
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Democratização do acesso ao cinema no Brasil (2019)
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O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira (Enem 2020 — impresso)
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O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil (Enem 2020 — digital)
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Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil (2021)
Veja também: Cinco dicas para melhorar sua interpretação de texto
Dicas para fazer a prova de linguagens, códigos e redação do Enem
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Faça primeiro a redação para que você possa ter a chance de reler seu texto no final e perceber eventuais erros.
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Reserve de 30 a 45 cinco minutos no fim da prova para escrever o texto definitivo da redação na folha reservada para isso.
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Faça uma leitura atenta dos textos das questões, marcando as partes que você acha mais relevantes ou de difícil compreensão. A ideia é você não ter que ler todo o texto mais de uma vez.
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Fique atento(a) a detalhes no enunciado e nas alternativas; às vezes, o significado de uma palavra pode indicar que certa alternativa está incorreta.
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Não perca tempo com questões que você considere muito difíceis, marque uma das alternativas e siga em frente. Se sobrar tempo, volte depois a elas.
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Você precisa organizar seu tempo, nesta sequência: redação (produção do texto), questões, preenchimento do gabarito e redação (revisão e escrita definitiva).
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No dia anterior à prova, descanse, faça coisas divertidas, não cometa excessos na alimentação e durma bem.
Como são as questões de linguagens, códigos e redação no Enem?
Como dissemos anteriormente, a interpretação de texto é o mais importante nas questões de linguagens, códigos e redação no Enem. Desse modo, conhecimentos linguísticos, literários ou artísticos auxiliam na interpretação textual. No entanto, pode acontecer de a questão exigir de você um conhecimento específico.
A seguir, vamos analisar algumas questões da prova de 2020:
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Questão 1:
Disponível em: www.globofilmes.globo.com. Acesso em: 13 dez. 2017 (adaptado).
A frase, título do filme, reproduz uma variedade linguística recorrente na fala de muitos brasileiros. Essa estrutura caracteriza-se pelo(a)
A) uso de uma marcação temporal.
B) imprecisão do referente de pessoa.
C) organização interrogativa da frase.
D) utilização de um verbo de ação.
E) apagamento de uma preposição.
Resolução e análise da questão 1:
Alternativa E
Essa questão apresenta texto verbal e não verbal. Explora a variedade linguística, de forma a verificar se o(a) candidato(a) consegue diferenciar a norma culta da variedade coloquial. Além disso, há também uma valorização da variação linguística brasileira. Porém, para responder corretamente à questão, é necessário ter conhecimento gramatical e saber que tal frase deve ser iniciada com uma preposição: “A que horas ela volta?”.
Afinal, se respondemos a essa pergunta, usamos preposição, como é exigido pela norma culta: “à uma hora”, “às duas horas” etc. Portanto, nada mais justo que tal preposição esteja também na pergunta. Porém, há contextos formais e informais, e o filme pretende reproduzir a linguagem popular, por isso seu título está sem preposição.
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Questão 2:
O ouro do século 21
Cério, gadolínio, lutécio, promécio e érbio; sumário, térbio e disprósio; hólmio, túlio e itérbio. Essa lista de nomes esquisitos e pouco conhecidos pode parecer a escalação de um time de futebol, que ainda teria no banco de reservas lantânio, neodímio, praseodímio, európio, escândio e ítrio. Mas esses 17 metais, chamados de terras-raras, fazem parte da vida de quase todos os humanos do planeta. Chamados por muitos de “ouro do século 21”, “elementos do futuro” ou “vitaminas da indústria”, eles estão nos materiais usados na fabricação de lâmpadas, telas de computadores, tablets e celulares, motores de carros elétricos, baterias e até turbinas eólicas. Apesar de tantas aplicações, o Brasil, dono da segunda maior reserva do mundo desses metais, parou de extraí-los e usá-los em 2002. Agora, volta a pensar em retomar sua exploração.
SILVEIRA, E. Disponível em: www.revistaplaneta.com.br. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).
As aspas sinalizam expressões metafóricas empregadas intencionalmente pelo autor do texto para
A) imprimir um tom irônico à reportagem.
B) incorporar citações de especialistas à reportagem.
C) atribuir maior valor aos metais, objeto da reportagem.
D) esclarecer termos científicos empregados na reportagem.
E) marcar a apropriação de termos de outra ciência pela reportagem.
Resolução e análise da questão 2:
Alternativa C
Agora temos um texto verbal e não literário. Portanto, com linguagem mais objetiva. No entanto, isso não impede que ele apresente expressões metafóricas, as quais se referem aos metais mencionados no texto. Nesse caso, o(a) candidato(a) deve perceber qual é a intenção do enunciador ao destacar essas expressões.
Assim, “ouro do século 21”, “elementos do futuro” e “vitaminas da indústria” não são expressões irônicas, já que o enunciador apenas reproduz comparações feitas por outras pessoas a que ele se refere como “muitos”. Portanto, não é possível afirmar que são declarações de especialistas ou que elas explicam os nomes dos metais.
O(a) leitor(a) precisa saber que a metáfora, uma figura de linguagem, realiza uma comparação. Consequentemente, os metais de que trata a reportagem são valorizados ao serem comparados a “ouro”, “elementos do futuro” e “vitaminas da indústria”. É importante ressaltar que o enunciado já diz para que estão sendo usadas as aspas e quer saber a intenção do autor ao utilizar expressões metafóricas.
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Questão 3:
Uma das mais contundentes críticas ao discurso da aptidão física relacionada à saúde está no caráter eminentemente individual de suas propostas, o que serve para obscurecer outros determinantes da saúde. Ou seja, costuma-se apresentar o indivíduo como o problema e a mudança do estilo de vida como a solução. Argumenta-se ainda que o movimento da aptidão física relacionada à saúde considera a existência de uma cultura homogênea na qual todos seriam livres para escolher seus estilos de vida, o que não condiz com a realidade. O fato é que vivemos numa sociedade dividida em classes sociais, na qual nem todas as pessoas têm condições econômicas para adotar um estilo de vida ativo e saudável. Há desigualdades estruturais com raízes políticas, econômicas e sociais que dificultam a adoção desses estilos de vida.
FERREIRA, M. S. Aptidão física e saúde na educação física escolar: ampliando o enfoque. RBCE, n. 2, jan. 2001 (adaptado).
Com base no texto, a relação entre saúde e estilos de vida
A) constrói a ideia de que a mudança individual de hábitos promove a saúde.
B) considera a homogeneidade da escolha de hábitos saudáveis pelos indivíduos.
C) reforça a necessidade de solucionar os problemas de saúde da sociedade com a prática de exercícios.
D) problematiza a organização social e seu impacto na mudança de hábitos dos indivíduos.
E) reproduz a noção de que a melhoria da aptidão física pela prática de exercícios promove a saúde.
Resolução e análise da questão 3:
Alternativa D
Esse texto verbal e não literário traz um conteúdo referente à educação física. É esperado que o(a) candidato(a) seja capaz de perceber nele a relação feita entre saúde e estilos de vida, atrelada a questões sociais, indicadas na conclusão do texto: “vivemos numa sociedade dividida em classes sociais”, “nem todas as pessoas têm condições econômicas para adotar um estilo de vida ativo e saudável”, há “desigualdades [...] que dificultam a adoção desses estilos de vida”.
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Questão 4:
KOSUTH, J. One and Three Chairs. Museu Reina Sofia, Espanha, 1965. Disponível em: www.museoreinasofia.es. Acesso em: 4 jun. 2018 (adaptado).
A obra de Joseph Kosuth data de 1965 e se constitui por uma fotografia de cadeira, uma cadeira exposta e um quadro com o verbete “Cadeira”. Trata-se de um exemplo de arte conceitual que revela o paradoxo entre verdade e imitação, já que a arte
A) não é a realidade, mas uma representação dela.
B) fundamenta-se na repetição, construindo variações.
C) não se define, pois depende da interpretação do fruidor.
D) resiste ao tempo, beneficiada por múltiplas formas de registro.
E) redesenha a verdade, aproximando-se das definições lexicais.
Resolução e análise da questão 4:
Alternativa A
Essa questão avalia o conhecimento artístico do(a) candidato(a). Ela apresenta uma obra de arte, que mescla texto verbal e não verbal. Para ajudar, o enunciado informa o que é a obra e diz que ela “revela o paradoxo entre verdade e imitação”. Afinal, a arte “não é a realidade, mas a representação dela” (conceito basilar no estudo de artes). Assim, todas as alternativas que não apresentam uma relação com a ideia de que a obra “revela o paradoxo entre verdade e imitação” são falsas.
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Questão 5:
Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma — usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 26 jun. 2012.
Nessa petição da pitoresca personagem do romance de Lima Barreto, o uso da norma-padrão justifica-se pela
A) situação social de enunciação representada.
B) divergência teórica entre gramáticos e literatos.
C) pouca representatividade das línguas indígenas.
D) atitude irônica diante da língua dos colonizadores.
E) tentativa de solicitação do documento demandado.
Resolução e análise da questão 5:
Alternativa A.
O texto dessa questão é um texto literário. É um trecho do romance Triste fim de Policarpo Quaresma, do autor pré-modernista Lima Barreto. No entanto, a questão busca avaliar, além da capacidade de o(a) candidato(a) ler e compreender um texto literário, o seu conhecimento sobre os gêneros textuais e sua contextualização.
É preciso, portanto, identificar a intenção do narrador ao usar a norma-padrão da língua portuguesa. Desse modo, o conhecimento literário se junta ao conhecimento gramatical do(a) candidato(a). Por ser uma petição ao Congresso Nacional, a formalidade desse gênero de texto exige o uso da norma culta, de acordo com a “situação social de enunciação representada”.
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Questão 6:
Quando quis agilizar o processo de seleção de novos alunos, a tradicional faculdade britânica de medicina St. George usou um software para definir quem deveria ser entrevistado. Ao reproduzir a forma como os funcionários faziam essa escolha, o programa eliminou, de cara, 60 de 2.000 candidatos. Só por causa do sexo ou da origem racial, numa dedução baseada em sobrenome e local de nascimento. Um estudo sobre o caso foi publicado em 1988, mas, 25 anos depois, outra pesquisa apontou que esse tipo de discriminação segue firme. O exemplo recente envolve o buscador do Google: ao digitar nomes comuns entre negros dos EUA, a chance de os anúncios automáticos oferecerem checagem de antecedentes criminais pode aumentar 25%. E pode piorar com a pergunta “detido?” logo após a palavra procurada.
Disponível em: https://tab.uol.com.br. Acesso em: 11 ago. 2017 (adaptado).
O texto permite o desnudamento da sociedade ao relacionar as tecnologias de informação e comunicação com o(a)
A) agilidade dos softwares.
B) passar dos anos.
C) linguagem.
D) preconceito.
E) educação.
Resolução e análise da questão 6:
Alternativa D
O texto verbal traz um conteúdo relacionado às tecnologias de informação e comunicação. E exige que o(a) candidato(a) perceba a relação feita entre o uso dessas tecnologias e o preconceito racial e de gênero existente na sociedade.
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[1] Brenda Rocha - Blossom / Shutterstock
Por Warley Souza
Professor de Literatura