A proposta de intervenção da redação do Enem é uma das cinco competências avaliadas na prova de redação. Portanto, o(a) participante pode conseguir até 200 pontos na competência 5. Para isso, é necessário indicar não só o que deve ser feito para dirimir o problema apresentado, mas também o autor da ação e o modo como ela deve ser realizada.
A redação do Enem deve ser um texto do tipo dissertativo-argumentativo. Isso quer dizer que ele deve, acima de tudo, defender um ponto de vista, por meio de argumentos pertinentes. A proposta, portanto, deve estar de acordo com a temática, o ponto de vista defendido e os argumentos apresentados, além de respeitar os direitos humanos.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a proposta de intervenção da redação do Enem
- 2 - Videoaula sobre a proposta de intervenção da redação do Enem
- 3 - O que é a proposta de intervenção da redação do Enem?
- 4 - O que a proposta de intervenção da redação do Enem precisa conter?
- 5 - Como elaborar uma proposta de intervenção da redação do Enem?
- 6 - Alguns exemplos de proposta de intervenção
- 7 - Textos dissertativos x textos dissertativo-argumentativos
Resumo sobre a proposta de intervenção da redação do Enem
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A proposta de intervenção da redação do Enem é avaliada em até 200 pontos.
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A sua avaliação, por parte dos(as) corretores(as), ocorre segundo critérios da competência 5.
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A proposta deve ser coerente com o tema da redação e não pode desrespeitar os direitos humanos.
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Para elaborar a proposta é necessário saber o que fazer, quem deve realizar a ação proposta e como ela deve ser executada.
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O texto dissertativo pode ser expositivo (analisa informações) ou argumentativo (defende um ponto de vista).
Videoaula sobre a proposta de intervenção da redação do Enem
O que é a proposta de intervenção da redação do Enem?
No último parágrafo da redação do Enem, o(a) participante deve colocar uma proposta de intervenção ao problema apresentado no tema. Essa proposta é avaliada segundo os critérios da competência 5 e tem valor máximo de 200 pontos. O tema pode estar associado a questões sociais, científicas, culturais ou políticas.
Portanto, é preciso sugerir uma solução para enfrentar o problema, de forma a contribuir com a sociedade. Porém, é necessário, em sua proposta, respeitar os direitos humanos. Isso significa que você não pode propor algo que, por um lado, resolva o problema e, por outro, cause algum tipo de dano a qualquer ser humano.
O que a proposta de intervenção da redação do Enem precisa conter?
A proposta de intervenção da redação do Enem deve estar associada ao tema e ser coerente com o ponto de vista defendido no texto. Ela deve apontar:
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o tipo de intervenção: ação que deve ser executada para resolver ou amenizar o problema;
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o(s) agente(s) da ação: pessoa ou grupo de pessoas que vai se responsabilizar pela realização da ação proposta;
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como a ação deve ser realizada: os meios utilizados pelo(s) agente(s) para viabilizar a solução;
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o(s) efeito(s) da ação: o que se espera conseguir com a aplicação da proposta de intervenção sugerida;
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o detalhamento da proposta: acréscimo de alguma informação para detalhar a proposta.
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Como elaborar uma proposta de intervenção da redação do Enem?
Para fazer uma boa proposta de intervenção, você deve buscar respostas para estas perguntas:
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O que fazer para solucionar o problema?
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Quem deve realizar a ação proposta?
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Como essa ação vai ser realizada?
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Qual vai ser a consequência dessa ação?
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Que outra informação pode ser acrescentada para detalhar a proposta?
A seguir, vamos exemplificar com a proposta de intervenção sugerida pelo participante Gabriel Melo Caldas Nogueira, referente ao tema “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”:
Por fim, caminhos devem ser elucidados para democratizar o acesso ao cinema no Brasil, levando-se em consideração as questões sociais e legislativas abordadas. Sendo assim, cabe ao Governo Federal — órgão responsável pelo bem-estar e lazer da população — elaborar um plano nacional de incentivo à prática cinematográfica, de modo a instituir ações como a criação de semanas culturais nacionais, bem como o desenvolvimento de atividades artísticas públicas. Isso pode ser feito por meio de uma associação entre prefeituras, governadores e setores federais — já que o fenômeno envolve todos esses âmbitos administrativos —, os quais devem executar periódicos eventos, ancorados por atores e diretores, que visem [a] exibir filmes gratuitos para a comunidade civil. Esse projeto deve se adaptar à realidade de cada cidade para ser efetivo. Dessa forma, o cinema poderá ser, enfim, democratizado, o que confirmará o que determina o artigo 215 da Constituição. Assim, felizmente, os cidadãos poderão desfrutar das benesses advindas dessa engrandecedora ação artística.|1|
Agora, vamos ver se o parágrafo responde às perguntas:
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O que fazer para solucionar o problema?
“[...] elaborar um plano nacional de incentivo à prática cinematográfica, [...].”
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Quem deve realizar a ação proposta?
“[...] cabe ao Governo Federal — [...].”
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Como essa ação vai ser realizada?
“Isso pode ser feito por meio de uma associação entre prefeituras, governadores e setores federais — já que o fenômeno envolve todos esses âmbitos administrativos —, os quais devem executar periódicos eventos, ancorados por atores e diretores, que visem [a] exibir filmes gratuitos para a comunidade civil.”
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Qual vai ser a consequência dessa ação?
“Dessa forma, o cinema poderá ser, enfim, democratizado, o que confirmará o que determina o artigo 215 da Constituição. Assim, felizmente, os cidadãos poderão desfrutar das benesses advindas dessa engrandecedora ação artística.”
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Que outra informação pode ser acrescentada para detalhar a proposta?
- Sobre o plano nacional de incentivo à prática cinematográfica: “instituir ações como a criação de semanas culturais nacionais, bem como o desenvolvimento de atividades artísticas públicas”.
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Sobre o Governo Federal: “[...] — órgão responsável pelo bem-estar e lazer da população”.
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Sobre o projeto: “[...] deve se adaptar à realidade de cada cidade para ser efetivo”.
Alguns exemplos de proposta de intervenção
Proposta de Alan de Castro Nabor, na redação do Enem 2017
(“Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”)
Logo, é necessário que o Ministério da Educação, em parceria com instituições de apoio ao surdo, proporcione a este maiores chances de se inserir no mercado, mediante a implementação do suporte adequado para a formação escolar e acadêmica desse indivíduo — com profissionais especializados em atendê-lo —, a fim de gerar maior igualdade na qualificação e na disputa por emprego. É imprescindível, ainda, que as famílias desses deficientes exijam do poder público a concretude dos princípios constitucionais de proteção a esse grupo, por meio do aprofundamento no conhecimento das leis que protegem essa camada, para que, a partir da obtenção do saber, esse empenho seja fortalecido e, assim, essa parcela receba o acompanhamento necessário para atingir a formação educacional e a contribuição à sociedade.
BRASIL. A redação no ENEM 2018: cartilha do participante. Brasília: Inep, 2018.
Proposta de Carolina Mendes Pereira, na redação do ENEM 2018
(“Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”)
Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar essa problemática. Para tanto, as instituições escolares são responsáveis pela educação digital e emancipação de seus alunos, com o intuito de deixá-los cientes dos mecanismos utilizados pelas novas tecnologias de comunicação e informação e torná-los mais críticos. Isso pode ser feito pela abordagem da temática, desde o ensino fundamental — uma vez que as gerações estão, cada vez mais cedo, imersas na realidade das novas tecnologias —, de maneira lúdica e adaptada à faixa etária, contando com a capacitação prévia dos professores acerca dos novos meios comunicativos. Por meio, também, de palestras com profissionais das áreas da informática que expliquem como os alunos poderão ampliar seu meio de informações e demonstrem como lidar com tais seletividades, haverá um caminho traçado para uma sociedade emancipada.
BRASIL. A redação no ENEM 2019: cartilha do participante. Brasília: Inep, 2019.
Proposta de Maria Antônia de Lima Barra, na redação do ENEM 2019
(“Democratização do acesso ao cinema no Brasil”)
Portanto, visando mitigar os entraves à resolução da problemática, algumas medidas são necessárias. Primeiramente, cabe ao Governo Federal criar programas de apoio à cultura cinematográfica, por meio de sistemas de assistência às famílias carentes e especialmente distantes dos centros de lazer, como “vales-cultura”, junto a “vales-transporte”, para que os processos conceituados por Milton Santos (como gentrificação, que é a expulsão de indivíduos de uma área para a construção de espaços elitizados) não interfiram no acesso populacional ao cinema. Por fim, é dever das escolas promover formas de desenvolvimento de valores referentes à cultura cinematográfica, através de exibições extraclasse, como em gincanas e trabalhos lúdicos, a fim de que tanto os alunos quanto os pais possam construir o “capital” postulado por Bourdieu, de modo que tenham interesse de frequentar os espaços de plataformas de filmes, ampliando, então, o acesso a elas. Enfim, o cenário retratado no longa “Bastardos inglórios” não será reproduzido no Brasil, haja vista que o aporte ao cinema será democratizado.
BRASIL. A redação no ENEM 2020: cartilha do participante. Brasília: Inep, 2020.
Textos dissertativos x textos dissertativo-argumentativos
Os textos dissertativos são aqueles que analisam determinado tema ou questão. Eles podem ser tanto expositivos quanto argumentativos. O texto dissertativo-expositivo traz e analisa informações; já o dissertativo-argumentativo apresenta a defesa de um ponto de vista.
Assim, alguns textos são predominantemente expositivos ou argumentativos. Mas a exposição e argumentação podem estar em um texto que também possui características do tipo narrativo, descritivo ou injuntivo. Por exemplo, em uma reportagem, pode haver trechos expositivos, narrativos, descritivos e argumentativos.
Vejamos o trecho abaixo, que é predominantemente expositivo:
Temos notícia da origem do Universo a partir do tempo de Planck, quando a teoria quântica e a relatividade geral passaram a valer. Antes disso, não sabemos. Há muitas, muitas teorias, mas nada ainda comprovado. Uma delas é a proposta de que o Universo tenha surgido a partir do nada, isto é, a partir de flutuações quânticas do vácuo. Matematicamente, isso é perfeitamente possível, mas não há indícios que possam comprovar essa teoria, defendida e desenvolvida por físicos como o saudoso Stephen Hawking.
LAPOLA, Marcelo. Onde a física falha? 4 pontos ainda não solucionados pela ciência. Galileu, 08 set. 2022.
Agora, observe a defesa de um ponto de vista neste trecho argumentativo:
Com a proximidade de um dos eventos mais esperados do ano, ações de marketing e campanhas publicitárias voltadas à Copa aquecem o mercado e chamam a atenção do público. Em razão das altas expectativas, é importante que o uso das marcas oficiais da Fifa se dê com atenção e cuidado, especialmente em razão dos limites estabelecidos para aqueles que não são parceiros oficiais da Fifa no evento.
LAMONICA, Marcio; ASSAD, Maria Fernanda; PEDROSO, Beatriz Alves. A Copa do Mundo e seus reflexos na publicidade. Estado de Minas, 03 out. 2022.
Nota
|1| BRASIL. A redação no ENEM 2020: cartilha do participante. Brasília: Inep, 2020.
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