Não é o momento para pensar em adiamento do Enem, diz presidente do Inep

Em 07/05/2020 18h05 , atualizado em 07/05/2020 18h32 Por Adriano Lesme

Alexandre Lopes, presidente do Inep. - Crédito da foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Alexandre Lopes, presidente do Inep. - Crédito da foto: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Crédito da Imagem: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
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Em entrevista concedida ao Brasil Escola, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, afirmou que este não é o momento para pensar no adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020. As provas impressas e digitais estão marcadas para novembro.

Veja as datas do Enem 2020

Alexandre Lopes explicou que, no momento, é preciso garantir a inscrição do Enem para poder dar presseguimento às demais etapas de organização do exame, como ensalamento, diagramação, impressão e distribuição. "Eu preciso saber quem vai fazer o Enem porque as provas são personalizadas. Precisamos distribuir os 5 milhões de inscritos em todos os locais de provas e depois enviar essa informação para a gráfica", explica o presidente do Inep.

Segundo Alexandre, a gráfica demora cerca de 45 dias para imprimir todas as provas, sendo que antes há um tempo necessário para a diagramação das provas. "Não dá para esperar voltar as aulas para definir um cronograma do Enem, pois não daria tempo de organizar tudo. Isso é a mesma coisa de não ter Enem", completa.

Questionado se é contra o adiamento do Enem, o presidente do Inep respondeu que essa discussão é prematura e que, agora, está focado em garantir a inscrição do Enem.

"Mais para frente a gente vai poder avaliar qual será a situação do Brasil, se as aulas foram retomadas, para depois tomar uma decisão sobre o adiamento do Enem. A gente está atento a esta situação [pandemia] e, se for necessário, a gente altera a data da prova". (Alexandre Lopes, presidente do Inep)

Reclamações de estudantes

Desde que o edital do Enem 2020 foi lançado, no final de março, estudantes e profissionais da Educação têm externado preocupação quanto ao cronograma do exame. A Defensoria Pública da União (DPU) chegou a entrar com uma ação cível solicitando o adiamento do Enem. Em decisão liminar, a Justiça Federal em São Paulo atendeu ao pedido da DPU, mas depois manteve o cronograma após as alterações promovidas pelo Inep no edital do Enem.

Na ação cível, os defensores públicos alegaram que os estudantes que têm direito à gratuidade da taxa do Enem são de baixa renda e muitos não têm acesso à internet em suas casas. Além disso, não podem usar os computadores das escolas e bibliotecas porque as mesmas estão fechadas para promover o isolamento social.

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Sobre a isenção da taxa, Alexandre Lopes afirmou que, apesar das reclamações, mais de 3,4 milhões de pessoas solicitaram a gratuidade da inscrição, sendo que 70% delas usaram o celular. "Mesmo assim, abrimos a possibilidade das pessoas de baixa renda conseguirem isenção automática ao se inscreverem no Enem", comentou o presidente do Inep. Os pedidos de isenção foram recebidos entre os dias 6 e 17 de abril, e o resultado foi divulgado no último dia 24.

Nesta semana, estudantes criticaram nas redes sociais uma propaganda do Ministério da Educação (MEC) sobre o Enem 2020. No vídeo publicitário, atores adolescentes dizem que "a vida não pode parar" e pedem para os estudantes estudarem de qualquer lugar e de diferentes formas. Segundo os estudantes, a propaganda seria elitista ao não considerar boa parte dos estudantes de escolas públicas que está sem aulas, até mesmo a distância, e não tem acesso à internet.

Estudantes criticam a propaganda do MEC no Facebook

O presidente do Inep também comentou as críticas em relação ao Enem desse ano. Segundo ele, a prova do Enem não é desigual porque é a mesma para todo mundo. Ele também afirmou que o combate à desigualdade é papel do sistema de cotas, do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), Programa Universidade para Todos (ProUni) e do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

"O maior prejuízo para os alunos é não ter o Enem, não é ele não ter internet em casa. Sem Enem não vai ter vai ter cota, não vai ter Fies, não vai ter ProUni." (Alexandre Lopes)

Para Alexandre, a não realização do Enem ou o seu adiamento pode comprometer o SiSU, ProUni e o Fies, que dependem das notas do exame. "O aluno que tem recurso vai conseguir assistir aulas e passar em universidade pública ou pagar sua faculdade privada, mas quem não tem condições precisa desses programas para fazer faculdade. Não existe ProUni e Fies sem o Enem. Esse é que é o ponto", conclui Lopes.