O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a segunda maior avaliação educacional do mundo, atrás apenas do chinês Gaokao. Nos próximos dias 24 e 25 de outubro, 7,7 milhões de participantes de todo o Brasil participarão, simultaneamente, das provas da edição de 2015.
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Como o Enem é a principal porta de entrada de diversas instituições federais de todo o país, por meio do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), além de ser o pré-requisito para concessão de bolsas de estudo pelo Programa Universidade Para Todos (ProUni) e financiamento pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), sua importância tem crescido.
Neste ano, teremos 7,7 milhões de pessoas com diferentes perfis, realidades, sonhos e expectativas fazendo um mesmo exame. Pensando nisso, o Brasil Escola traz as histórias de alguns estudantes que vão participar do Enem no próximo fim de semana. Confira!
A rotina da bailarina
Conciliar duas paixões requer sacrifícios, principalmente quando se é adolescente, mas a rotina puxada não desanima a estudante de Goiânia/GO, Débora de Deus da Silva, de 17 anos. Bailairina profissional, a jovem se divide entre a dança, as atividades do colégio e a preparação para o Enem, já que pretende ingressar no curso de Nutrição. Com o exame, ela vai tentar uma vaga na Universidade Federal de Goiás (UFG) pelo SiSU ou bolsa pelo ProUni.
"Há males que vem para o bem", é a avaliação que Débora faz sobre a opção de abrir mão de seu trabalho para se dedicar aos estudos. Com a rotina adotada há três meses, a bailarina frequenta as aulas do colégio pela manhã, utiliza o espaço da própria escola para estudar para o Enem durante a tarde e a noite faz um curso técnico de Dança Contemporânea, além dos intervalos dedicados à mesma arte. "Confesso que foi bastante difícil, mas tive a total convicção que seria para meu bem e sucesso profissional", afirma.
Débora participa do Enem desde o 1º ano do Ensino Médio e foi em sua estreia no exame que sentiu mais dificuldade, pois os assuntos abordados ainda eram novidade para ela. Além disso, a estudante considera o segundo dia de prova mais fácil que o primeiro, devido às áreas do conhecimento exigidas. "Tenho revisado também as matérias do Ensino Fundamental, pois ter uma boa base conta muito, e estou refazendo as últimas provas do Enem, para ter uma visão mais ampla sobre o que costuma cair", destaca.
A estudante divide a sua rotina de preparação em revisão de conteúdo, simulados online e presenciais, exercícios, vídeoaulas, leitura de sites, jornais e revistas especializadas em educação, além de um curso de Redação e Português oferecido por uma faculdade. "Fora o horário normal no colégio, estudo das 13h às 16h30 de segunda à sexta-feira e aos sábados pela manhã, enquanto aos domingos apenas dou uma revisada geral nas atividades e trabalhos da escola".
Mesmo fazendo concessões, Débora não abre mão de uma coisa: dançar. "Eu organizo meus horários para sair com os amigos ou até mesmo relaxar, como já danço e amo o que faço, isso é algo que também me alivia um pouco", declara a bailarina. Seu objetivo para o futuro é conciliar duas carreiras, pois a escolha pela Nutrição está na vontade de ajudar as pessoas a seguirem uma vida saudável, enquanto a arte é algo que ela considera fundamental em sua vida.
Entre o Direito e a Economia
Alguns participantes só fazem o Enem no 3º ano e a experiência até então desconhecida pode assustar. A estudante de Campinas/SP, Maria Gabrielle Armbruster dos Santos, de 17 anos, aposta na autoconfiança para driblar o nervosismo da estreia no exame. "Estou ansiosa, mas tento me controlar porque isso pode me prejudicar na prova. Quando bate o nervosismo eu penso comigo mesma que estou preparada", ressalta. Seu objetivo é utilizar a pontuação para o SiSU, mas ainda está em dúvida entre Direito ou Economia.
Apesar de nunca ter participado do exame, Maria Gabrielle já tem noção da composição da prova e segue as dicas de professores de seu colégio para se sair bem. Uma das orientações é ter calma no momento da leitura dos textos e enunciados, pois várias respostas encontram-se nas próprias perguntas.
Maria Gabrielle quer tentar uma das vagas do SiSU
A estudante está se preparando desde o início do ano e o estudo é feito por meio de apostilas cedidas pela escola. Além disso, Maria Gabrielle participa dos chamados "aulões" sobre o Enem e faz simulados todos os fins de semana. O estudo também é feito em casa, cujo método adotado é a prática das questões de edições anteriores e elaboração de redações. Com a aproximação do exame, a participante intensificou a revisão de assuntos em que tem maior dificuldade e passou a treinar mais as redações.
O futuro jornalista
O estudante goiano João Paulo Vilas Boas já tinha feito o Enem em 2013 e 2014. Mas, neste ano, as provas têm um gosto mais do que especial para ele, pois pretende usar as notas para participar ProUni. Jornalismo é o curso que ele escolheu.
Como gosta de Português e Redação, João Paulo, que estuda sozinho em casa, procura focar nas disciplinas nas quais têm mais dificuldade, como as da área de exatas. Para isso, resolve exercícios e provas anteriores. Segundo ele, estuda duas horas por dia de segunda a sexta-feira e, nos finais de semana, faz outras atividades para espairecer a cabeça e descansar.
João Paulo vai tentar uma bolsa do ProUni para Jornalismo
O futuro jornalista conta que, nos dias das provas, começará resolvendo as questões que considera mais difíceis e depois passará para as que tem mais segurança. Ele acredita que a leitura das questões deve ser feita com cuidado. “Como o Enem é mais interpretativo, é importante ler com calma para entender os itens e o que está sendo perguntado”, aconselha.
Os sonhos de uma futura bióloga
O Enem representa para alguns uma nova tentativa, como é o caso da paulistana Victória Aparecida Martins, de 19 anos. Ela terminou o ensino médio em 2013 e, naquele ano, fez o exame, mas não havia se preparado muito para as provas e as achou complexas. Neste ano, ela fará a prova novamente e o objetivo é usar as notas para ingressar em uma universidade pública por meio do Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Ela quer cursar Ciências Biológicas.
Victória trabalha durante o dia e não está fazendo cursinho. Para se dar bem nas provas, estuda o conteúdo teórico pelo Brasil Escola e faz os exercícios e os simulados disponíveis no site. Segundo ela, assistir vídeoaulas também ajuda muito na preparação para o exame educacional.
Além disso, Victória desenvolveu um método particular na rotina de estudos. “Depois de estudar cada matéria, faço anotações e resenhas em um bloco e o tenho à mão para revisar quando for necessário. Passar para o papel o que entendi sobre determinado assunto é minha estratégia para me dar bem no Enem”, explica.
Para focar na redação, a futura estudante de Biologia escreve dois textos por semana. “É necessário treinar, saber argumentar e ser crítico. Na redação do Enem, o segredo também é estar antenado com o que está acontecendo no País. Dar atenção aos assuntos do cotidiano, pois eles costumam ser cobrados”, recomenda.
Por Lorraine Vilela e Silvia Tancredi