Unesp cria Comissão de Avaliação para evitar fraudes no sistema de cotas

Por enquanto, a instituição vai averiguar somente as autodeclarações de quem foi denunciado.
Em 10/07/2017 15h30 , atualizado em 10/07/2017 15h33 Por Lorraine Vilela Campos

Crédito da Imagem: unesp
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A Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) anunciou nesta segunda-feira, 10 de julho, a criação de uma Comissão para evitar fraudes no preenchimento das vagas reservadas para cotistas pretos e pardos. 

Leia também: Fraudes expõem falhas no sistema de cotas raciais

Por enquanto, a Unesp fará a verificação das autodeclarações somente de estudantes que foram denunciados por supostas fraudes para assumir as vagas reservadas aos cotistas raciais. Os indígenas não passarão pela análise da Comissão porque a veracidade das informações dadas por eles é comprovada pela Fundação Nacional do Índio (Funai). 

Em comunicado publicado no site da Unesp, a instituição afirma que foram recebidas diversas denúncias e que foram encontrados "fortes indícios de fraude". A universidade não expõe números, mas informa que trata-se de algo que ocorre em diversos campi e cursos. 

A Unesp realizará entrevistas com os estudantes que forem convocados e levará em consideração o fenótipo (cor da pele, dos olhos, cabelo e traços) e aspectos subjetivos, como o caso da vivência que a pessoa tem com o grupo com o qual se identifica. 

O estudante terá direito à ampla defesa e poderá se justificar, apresentando inclusive documentos. A averiguação  obedecerá os critérios estabelecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para casos de autodeclaração

Criação da Comissão

A Comissão de Avaliação das autodeclarações foi criada no fim de 2016, com o objetivo de averiguar as possíveis fraudes do sistema de cotas. Entre janeiro e junho de 2017, a Unesp recolheu as denúncias e analisadas para a elaboração da proposta da equipe permanente que realizará as entrevistas pessoalmente. 

Cada unidade universitária da Unesp designará um integrante do Núcleo Negro Unesp para Pesquisa e Extensão (NUPE), professores indicados pela Congregação ou Conselho Diretor, um servidor da Seção Técnica de Graduação e um assistente social da instituição, além do apoio da Assessoria Jurídica. 

O estudante que não for considerado preto ou pardo pela Comissão será desligado da Unesp. Em caso de próximos vestibulares, sua matrícula não será permitida. 

USP e Unicamp

A Universidade de São Paulo (USP) divulgou na última semana a adoção progressiva às cotas em seu vestibular no Sistema de Seleção Unificada (SiSU), além do aumento da oferta pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A meta é chegar a 50% das vagas reservadas aos cotistas até 2021, começando em 37% por unidade acadêmica agora em 2018. 

A USP não realizará a verificação da autodeclaração de seus estudantes e vestibulandos. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que utilizará as cotas em 2019, não fará a avaliação das informações prestadas por pretos e pardos. 


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