Em outubro de 2014, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) instituiu um acréscimo de 10% na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para os alunos que concluíram o ensino fundamental e cursaram todo o ensino médio em escolas do Agreste ou da Zona da Mata de Pernambuco e que concorreriam às vagas do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) ou do Centro Acadêmico de Vitória (CAV).
A aprovação da bonificação regional em mais uma instituição de ensino superior da Região Nordeste (o bônus já é adotado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN) motivou outros estudantes de Pernambuco, Bahia e Piauí, principalmente do sertão, a cobrar da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) a adoção de uma política de interiorização de ensino.
A proposta, que tem parecer favorável da Reitoria e já está sendo discutida pela instituição, visa beneficiar, especialmente, candidatos ao curso de Medicina, um dos mais concorridos da universidade. Conforme dados divulgados pela Secretaria de Registro e Controle Acadêmico (Srca) da Univasf, 60% dos estudantes do curso, ministrado no campus de Paulo Afonso, não são da Região Nordeste.
O bônus também é adotado por instituições da Região Norte, como a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) e a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Na primeira universidade, a medida já apresentou resultados positivos. No primeiro semestre de 2014, 97% dos candidatos aprovados pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU) foram alunos da Região Norte, sendo que 95% estudavam no Pará.
Ainda assim, o sistema de bônus divide opiniões. Com a adesão ao SiSU, a disputa por vagas em instituições públicas de ensino superior ficou mais acirrada. Diante disso, uns defendem que a política de bonificação pode reduzir a dificuldade de acesso dos candidatos locais nos cursos mais procurados, principalmente, e minimizar as desigualdades entre as diversas regiões brasileiras, concedendo condições iguais para todos os estudantes. O fortalecimento do desenvolvimento local também é outra justificativa para defender a medida.
Por outro lado, existem pessoas que preferem fazer uma reflexão mais aprofundada e questionar a qualidade do ensino público no país. Outros acreditam que o estudante aprovado nessas condições não conseguirá dar continuidade à sua formação acadêmica e competir com profissionais de outros estados no mercado de trabalho e, ainda, que o panorama de disputa não será tão diferente, já que na região também existem candidatos favorecidos economicamente que tiveram condições de participar de um cursinho pré-vestibular, por exemplo.
E você, leitor? O que acha sobre esta questão? Para você, a adoção do bônus regional é sinônimo de inclusão ou protecionismo?