Em 3 anos de Governo, cai o quarto ministro do MEC
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Milton Ribeiro foi exonerado do cargo na última segunda-feira (28). Há denúncias de corrupção.
Milton Ribeiro pediu exoneração do cargo de titular do Ministério da Educação (MEC) na última segunda-feira, 28 de março. Este é o quarto ministro do Governo Bolsonaro a cair da pasta em 3 anos e 3 meses.
O então ministro foi exonerado do cargo uma semana após o jornal Folha de São Paulo divulgar uma gravação na qual Ribeiro afirmava que liberaria verbas do ministério para municípios indicados por dois pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
A reportagem do jornal A Folha de São Paulo apontou que os dois pastores estariam determinando para onde iriam as referidas verbas. A matéria mostrou ainda que esses recursos, na verdade, seriam destinados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Em poucos dias, a distribuição de verbas do MEC ganhou repercussão, aparecendo na mídia. O caso, apontado como corrupção, culminou na exoneração de Ribeiro.
Gestão de Ribeiro
Pastor e advogado, com doutorado em Educação, Milton Ribeiro assumiu a pasta em julho de 2022 e, durante sua gestão, as duas últimas edições do Enem foram realizadas.. Relembre alguns pontos da gestão:
- O Enem 2020 ficou marcado como a edição com mais ausentes da história do exame. Ao todo, houve 55% de abstenção. Na época, Ribeiro afirmou que o número alto de ausentes era culpa da imprensa. "Trabalho de mídia contrário ao Enem muito grande. Isso é fato. De uma maneira até meio injusta...Não foi o mesmo trabalho de mídia feito contra o exame da Fuvest, em São Paulo", disse o ex-ministro.
- O Enem 2021 terminou com a menor participação em mais de uma década. Em entrevista coletiva na ocasião, Milton Ribeiro culpou professores da rede pública pela queda no número de participantes dessas escolas. Segundo o ministro, "o MEC não refutou esforços para o retorno às aulas presenciais", mas os professores eram contra.
- O ex-ministro ficará lembrado por defender a implantação de pautas de “bons costumes” tão defendidas pelo Governo Bolsonaro.
- Ribeiro também será recordado por ter reforçado equivocadamente que estudantes com deficiência "atrapalham" a aprendizagem dos demais alunos das escolas regulares.
- Outra lembrança da gestão de Milton Ribeiro no MEC é ele ter dito que homossexuais seriam frutos de famílias desajustadas.
- No final de 2020, Ribeiro confundiu o SiSU com o ProUni, causando confusão entre os estudantes.
- No início de fevereiro, depois que o resultado do Enem 2021 foi divulgado, estudantes contestam nas redes sociais suas notas, principalmente em relação à redação. Alguns deles foram bloqueados por Ribeiro depois de enviar mensagem pelo Twitter.
- Em uma das suas últimas coletivas de imprensa, no último dia 17 de março, Ribeiro anunciou o Novo Enem.
Ministro interino
Na manhã de ontem, 30 de março, foi anunciado que Victor Godoy Veiga, braço direito do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, foi escolhido para chefiar a pasta interinamente.
Rotatividade no MEC e as consequências
A mudança de ministros no MEC prejudica a área de educação, já tão escassa de investimentos, especialmente na alfabetização das crianças. O Censo Escolar 2021 revelou, por exemplo, números preocupantes na educação infantil.
Um dos dados do Censo apontou que 653.499 crianças de até 5 anos saíram da escola entre os anos 2019 e 2021. O número representa queda de 7,3% na quantidade de matrículas.
Outra preocupação em relação ao recursos do MEC é justamente neste momento em que as aulas estão voltando ser ministradas no formato presencial depois de mais de 2 anos de pandemia do coronavírus.
A desorganização das gestões do Ministério da Educação são consequências da falta de preocupação com a educação brasileira e, consequentemente, com o futuro do país.