Desde que o resultado do Enem 2021 foi divulgado, na noite da última quarta-feira (9), estudantes contestam nas redes sociais suas notas, principalmente em relação à redação. Alguns deles estão sendo bloqueados pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, depois de enviar mensagem pelo Twitter.
Os estudantes estão usando as hashtags #REVISAINEP e #REVISAENEM para pressionar o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a dar uma resposta sobre as notas. Por enquanto, Inep e Ministério da Educação (MEC) não se pronunciaram sobre os pedidos.
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) divulgaram uma nota informando que estão recebendo centenas de reclamações quanto às notas do Enem 2021, e que avaliam com seus advogados a melhor forma de pedir explicações ao Inep.
A nota da UBES e UNE também diz que não é a primeira vez que pedem uma posição do governo com relação à transparência na correção da prova. No ano passado, as entidades entraram com uma ação na justiça pelo espelho da prova da redação.
Bloqueada pelo ministro
A pernambucana Amanda Freitas, de 18 anos, foi uma das estudantes bloqueadas no Twitter do ministro da Educação após enviar uma mensagem solicitando revisão da nota. Segundo a estudante de Jaboatão dos Guararapes, sua nota da redação diminuiu em 200 pontos em relação ao Enem 2020, mesmo com boas notas no cursinho.
“Em 2020 tirei 620 na redação, uma nota baixa. Então, comecei a estudar muito, entrei em cursinho de redação e, em alguns meses, comecei a tira notas acima de 900. Fiz o Enem 2021 superconfiante, com um tema que eu tinha conhecimento. No entanto, quando olhei o resultado tive uma surpresa: minha nota havia diminuído 200 pontos, ou seja, tirei 420.”
Amanda também enviou e-mail para o Inep e o MEC, mas não obteve resposta. “Me sinto extremamente triste, desrespeitada e censurada. Eu espero que o ministro possa reavaliar as suas decisões de se manter neutro diante da injustiça e da incoerência em relação aos estudantes brasileiros. Esses, assim como eu, que sonham apenas em ingressar na universidade de forma justa e integra”, desabafa a jovem.
O Brasil Escola também enviou e-mails para o Inep e o MEC, mas até o momento não fomos respondidos. Caso respondam, esta notícia será atualizada.
No final de 2020, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) entenderam que figuras públicas que utilizam suas redes sociais para "divulgar atos de exercício do cargo" não podem bloquear usuários. Milton Ribeiro utiliza constantemente seu perfil no Twitter para informar ações do MEC e Inep, até mesmo antes da divulgação nos perfis oficiais.