O salário de um profissional varia conforme seu tempo de experiência, existência ou não de um piso salarial (mínimo a ser pago para a categoria), regime de contrato e até mesmo a região do país. No Brasil, é comum atribuir ao setor de saúde os maiores salários, mas a realidade é que Medicina detém a maior remuneração e outras profissões como Enfermagem e Fisioterapia não contam com a mesma valorização.
Em contrapartida, existe a crença de que a área de Humanas conta com os menores salários. Em abril de 2019, o Ministério da Educação anunciou a redução de investimentos para os cursos de Filosofia e Sociologia com a justificativa de que os recursos públicos seriam injetados em cursos “com maior retorno para a sociedade”, maneira que o órgão se refere às Engenharias, Enfermagem, Medicina e Medicina Veterinária.
Com a valorização de outras áreas, disciplinas de base como Sociologia e Filosofia são deixadas de lado e não despertam o interesse dos estudantes. No entanto, tais matérias estão presentes na maior parte dos cursos de graduação e são necessárias para a formação intelectual e social dos acadêmicos, já que o ensino superior não é mero reprodutor de conceitos técnicos, mas visa desenvolver diferentes habilidades nos futuros profissionais.
Tópicos deste artigo
- 1 - Mas afinal, quanto ganha um profissional de humanas?
- 2 - E quanto pode ganhar um profissional de Humanas?
- 3 - Motivos para procura
Mas afinal, quanto ganha um profissional de humanas?
Na mira da redução de investimento público estão Ciências Sociais e Filosofia. Os profissionais dos dois cursos costumam se dedicar ao trabalho em sala de aula, formando professores aptos a lecionar nos ensinos médio e superior. A média salarial de um professor de Sociologia é de R$ 2.092,69, enquanto o valor médio pago a um profissional de Filosofia é de R$ 1.777,25.
A área de humanas é bem ampla e contempla diversos cursos. Confira abaixo a média salarial de algumas profissões:
- Professor de História: R$ 1.664
- Jornalista: R$ 2.041
- Psicólogo: R$ 2.327
- Administrador: R$ 2.581
- Professor de Direito: R$ 3.165
- Advogado: R$ 2.900
Os valores citados são uma média obtida a partir da análise de diferentes vagas de emprego ofertadas no Brasil, balanço feito pela Catho. Algumas particularidades podem alterar o valor pago ao profissional de cada área. Confira abaixo alguns exemplos:
Psicologia: a média brasileira do bacharel em Psicologia é de R$ 2.327, mas um psicólogo clínico ganha cerca de R$ 2.113, enquanto um psicólogo organizacional (que seleciona funcionários para empresas) tem um ganho médio de R$ 2.175 e, por sua vez, um psicólogo de trânsito fatura cerca de 2.440.
Jornalismo: o piso salarial do jornalista muda de estado para estado e, em alguns casos, de acordo com a mídia ou quantidade de habitantes do município.
- Em Goiás, um jornalista recebe R$ 2.300 pela carga-horária de 30 horas semanais, independente da mídia;
- Em São Paulo, jornais e revistas da capital pagam R$ 3.162, rádio e TV da capital tem remuneração de R$ 2.528, veículos de audiovisual de cidade com até 80 mil habitantes pagam 1.643,38 e, abaixo de 80 mil habitantes, 1.581,97;
- No Paraná, todos os veículos pagam R$ 3.452,49 como piso salarial.
Administração: por ser um curso com vasto mercado de trabalho, é comum que as vagas para bacharéis em Administração não sejam nomeadas com o cargo de administrador, mas sim em outras funções. No setor privado, a média salarial do administrador (sem levar em conta outras denominações) é de R$ 2.580, enquanto na esfera pública os valores podem ser inferiores ou superiores, já que a graduação é recorrente em concursos públicos para cursos superiores, preenchendo vagas de analistas (em diferentes setores).
Direito: é comum que as pessoas atribuam ao Direito o exercício da advocacia, mas o advogado é apenas um dos profissionais oriundos deste curso e seu salário muda de acordo com sua especialidade e valor da causa, com média de R$ 2.900. Grande parte dos graduados em Direito foca nos estudos para concursos públicos, já que a magistratura, por exemplo, conta com altos salários mais benefícios como auxílio para moradia e livros.
E quanto pode ganhar um profissional de Humanas?
Assim como nas demais áreas, os profissionais de Humanas também podem ter bons salários. O que determina se uma profissão será bem remunerada são fatores como o cenário econômico, a demanda pela atividade em questão, especialização e experiência na área de atuação.
A magistratura, por exemplo, é o sonho de muitos bacharéis em Direito não só pelas características da profissão em si, mas também pelos altos salários e a estabilidade da carreira. Um juiz em entrância inicial ganha, no mínimo, R$ 27,5 mil, fora os auxílios. O valor pago aos magistrados não pode ultrapassar os R$ 33,7 mil por conta do teto constitucional dos Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Quem deseja ser juiz precisa estudar bastante para passar em um concurso público. Além disso, é necessário ter o mínimo de três anos de atividade jurídica (atividade forense), tais como advocacia, consultoria jurídica, assessorias, função de conciliador, mediador e aprovação em pós-graduação reconhecida pelas escolas superiores de magistratura ou pelo MEC.
Outra oportunidade para os profissionais do Direito é a carreira de Promotor. A promotoria é uma carreira que faz parte do quadro do Ministério Público com salário inicial de mais de R$ 26 mil.
Há o senso comum de que o professor é um profissional mal remunerado, por isso as licenciaturas têm perdido parte da procura. No entanto, professores de instituições de ensino superior federais ganham, em média, R$ 13 mil (podendo ultrapassar os R$ 16 mil, dependendo do título e carga horária). Já o salário para os professores de faculdades particulares varia de R$ 2,6 mil a 10 mil.
O salário médio de um profissional formado em Filosofia é menor que R$ 1,8 mil, mas há filósofos que se tornam conhecidos por suas palestras, trabalhos acadêmicos e livros, indo além das salas de aula, o que aumenta muito a remuneração. O aumento salarial também está presente no funcionalismo público, por exemplo, em que profissionais de Ciências Sociais podem expandir sua atividade como pesquisadores e analistas.
Para se destacar no mercado e conseguir uma boa colocação é importante estudar, buscar se atualizar sempre que possível, encontrar especializações que se encaixem nas suas expectativas e no seu bolso e, acima de tudo, gostar da sua profissão.
Motivos para procura
Alguns cursos superiores são mais tradicionais no Brasil e essa cultura vem de alguns séculos. Inicialmente, Direito e Medicina eram as profissões procuradas pelas famílias mais ricas, o que tornou tais graduações procuradas também por quem procurava ascensão social.
Com o passar dos anos, as Engenharias também entraram para o grupo das profissões mais procuradas. A demanda por engenheiros, médicos e profissionais do Direito impulsionaram a criação de faculdades com essas graduações em terras brasileiras, já que antes era preciso ir à Europa para se formar em tais áreas.
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A realidade mudou ao longo dos séculos, a oferta do curso de Direito cresceu bastante e o acesso à graduação foi facilitado, o que gerou uma saturação de profissionais no mercado de trabalho e, consequentemente, redução dos salários e falta de emprego.
Os cursos de Engenharia tiveram seu boom no fim da década de 1990 e entre 2006 e 2014, mas o setor já começa a desacelerar. Com isso, apenas Medicina se mantém com alta procura e concorrência grande por uma vaga nas universidades, continuando com os altos salários.