Enem 2021: demissão em massa no Inep gera incerteza sobre o exame

Ubes solicitou reunião com o Inep e o MEC para tratar sobre a segurança das provas.

Em 08/11/2021 17h23 , atualizado em 09/11/2021 09h11
Por Adriano Lesme
Servidores pressionam pela saída de Dalilo Dupas (foto), presidente do Inep
Crédito da Imagem: MEC

Ao menos 30 servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) pediram demissão hoje, 8 de novembro, e na última semana. A saída dos profissionais ocorre a menos de duas semanas do Enem 2021, marcado para os dias 21 e 28 de novembro.

Segundo apuração do UOL, 27 servidores atuavam diretamente com o Enem e 22 deles são coordenadores. Na semana passada, Eduardo Carvalho Sousa, coordenador de Exames para Certificação, e Hélio Júnio Rocha Morais, coordenador da Logística de Aplicação do Enem, já haviam pedido demissão.

Os servidores alegam que o presidente do Inep, Danilo Dupas, não tem tomado decisões técnicas. Além disso, de acordo com apuração do UOL, pesam contra o presidente supostos casos de assédio moral. 

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A Associação dos Servidores do Inep (Assinep) afirmou, em comunicado, que a postura da alta gestão do Inep levou a essa situação e pede uma atuação urgente do Ministério da Educação (MEC) e do Governo Federal para “reduzir os custos para a sociedade”.

Dalilo Dupas é o quinto presidente do Inep no Governo Bolsonaro. Ainda em maio, poucas semanas após assumir a presidência do Inep, Dupas criticou a gestão anterior, cancelou o Novo Saeb e, consequentemente, o Enem Seriado.

Preocupação

Com a crise no Inep se instalando a poucos dias do Enem, cresce a preocupação com a aplicação das provas. Na última sexta-feira, 5, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) solicitou uma reunião com o presidente do Inep e com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, para obter mais explicações sobre a segurança na realização do Enem 2021, após pedido de demissão do coordenador de Logística.

A presidente da Ubes, Rozana Barroso, afirmou que é direito dos estudantes ter informações que os acalmem e que garantam a realização do Enem sem qualquer problema de segurança.

“Estamos preocupados sobre a aplicação do Enem em meio a essas demissões, com um governo que tem se mostrado negligente com a educação”. (Rozana Barroso, presidente da UBES)

Muitos dos servidores que pediram demissão atuam diretamente na organização do Enem. Alguns iriam, por exemplo, monitorar possíveis problemas nos locais de provas. Os coordenadores também têm a função de acompanhar, orientar e fiscalizar o consórcio que aplica o exame, formado pela FGV e Cesgranrio.

ATUALIZAÇÃO: na noite desta segunda-feira, o Inep divulgou uma nota informando que o cronograma Enem não será efetado pelas demissões.

O Ministério da Educação (MEC) informa que o cronograma de execução do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 está mantido e não será afetado pelos pedidos de exoneração de servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

As provas do exame já se encontram com a empresa aplicadora e o Inep está monitorando a situação para garantir a normalidade de sua execução.

Cabe esclarecer que os servidores colocaram à disposição os cargos em comissão ou funções comissionadas das quais são titulares, mas que continuam à disposição para exercer as atribuições dos cargos até o momento da publicação do ato no Diário Oficial da União (DOU).

Enem 2021

Mais de 3 milhões de estudantes são esperados para as provas do Enem 2021, nos dias 21 e 28 de novembro. É o menor número de participantes desde a edição de 2005.

No primeiro dia, os estudantes farão uma redação e responderão 45 questões de Linguagens e Códigos e 45 de Ciências Humanas. No segundo, serão mais 45 de Ciências da Natureza e 45 de Matemática.