As 5 competências avaliadas na redação do Enem

As 5 competências avaliadas na redação do Enem são os critérios que a banca examinadora observa durante a correção das provas de redação. Cada uma é pontuada de 0 a 200.

5 competências específicas são avaliadas na redação do Enem
Crédito da Imagem: Shutterstock.com

As 5 competências avaliadas na redação do Enem são:

  1. Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

  2. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

  3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

  4. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

  5. Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

A seguir, abordaremos cada uma delas com mais detalhes.

Leia mais: Como não desrespeitar os direitos humanos na redação do Enem?

Competência 1 da redação do Enem

Domínio da norma-padrão da língua portuguesa

Aqui entram em cena os conhecimentos de que você dispõe das regras gramaticais, levando em consideração critérios como:

  • ortografia;

  • pontuação;

  • acentuação;

  • concordância;

  • regência;

  • semântica.

→ Principais erros na competência 1

Ao longo dos anos do exame, foi possível estabelecer um padrão de erros dos candidatos. Abordaremos quatro deles a seguir.

  • Crase

Com medo de contrariar a norma-padrão, observa-se o uso da crase mais do que é preciso, sendo assim, é necessário maior acuidade no uso do sinal grave, lembrando que ele não é usado antes de verbos ou de substantivos masculinos.

Além disso, há exceções para o uso em palavras femininas que não aceitam esse acento, como os pronomes e formas de tratamento “ela”, “essa”, “vossa senhoria”, entre outros.

  • Concordância verbal

Muitas vezes, procurando dar fluidez ou algum tom de elaboração à sintaxe, a(o) candidata(o) inverte a origem direta da frase, o que pode comprometer a concordância verbal. Nesse caso, como o sujeito sai de sua posição original, aumenta-se a tendência de ele ser ignorado na escolha da próxima conjugação verbal.

Exemplo:

Muitas ações são necessárias para a solução do problema. (certo)

Para a solução do problema, é necessário muitas ações. (errado)

Além disso, quando a frase é muito extensa, o risco de errar a concordância, pois “esquece-se” do sujeito no decorrer da construção sintática. Nesse sentido, por exemplo, um sujeito na terceira pessoa plural pode começar sendo procedido por verbo conjugado de acordo, mas, em determinado ponto posterior da frase, ser acompanhado de um algum verbo no singular.

Exemplo:

Os agentes políticos não podem se esquecer de que toda decisão comunitária deve passar por um estudo social, caso contrário, não poderá exercer adequadamente a função de respaldo à população.

  • Regência verbal

Como alguns verbos aceitam mais de uma regência, a(o) candidata(o) pode se confundir na hora de estabelecer a regência do verbo que está sendo usado com determinado sentido.

Os entes públicos assistem a sociedade brasileira em seus principais problemas.

Nesse exemplo, o verbo “assistir” tem sentido de “auxílio”, “ajuda”.

Os entes públicos assistem à sociedade brasileira em seus principais problemas apenas.

Já no último caso, o verbo “assistir” tem o sentido de “presenciar”. Perceba então que, dependendo da regência usada, o sentido do que se quer dizer muda radicalmente.

  • Ortografia

É bom que se lembre das mudanças operadas pelo Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Assim, recomenda-se a revisão destes aspectos da língua: maiúsculas; trema; acentuação; hífen; grafia.

Se você quiser conhecer outros erros comuns na competência 1, leia nosso texto.

Competência 2 da redação do Enem

Compreensão da proposta de redação

Antes de começar a organizar suas ideias, é essencial que você compreenda integralmente o que requer a proposta sugerida, ou seja, o tema a ser trabalhado. Dessa forma, leia-a prestando bastante atenção, pois, com base nela, a(o) candidata(o) terá condições de elencar, de organizar todos os aspectos que deseja abordar, condizentes, é claro, com o assunto em discussão.

Além disso, o exame cobra que se tenha domínio do tipo textual dissertativo-argumentativo a fim de se tirar nota máxima nessa competência.

→ O que é o tipo textual dissertativo-argumentativo?

O texto dissertativo-argumentativo é um tipo textual que aborda assuntos socialmente importantes. No caso do Enem, os temas apresentados na prova de redação contextualizam as principais temáticas sociais no cenário brasileiro.

A dissertação tem uma estrutura básica de quatro parágrafos, sendo o primeiro para a introdução, o segundo e o terceiro, para o desenvolvimento, e o último, para concluir o raciocínio sobre aquele tema. A seguir, um resumo de como é e o que fazer em cada parágrafo.

  • Introdução na redação do Enem

A introdução de um texto nos diz do que o texto tratará. Funciona como um resumo, mas com a característica de chamar a atenção do leitor, envolvendo-o, apresentando o tema de modo a trazer o leitor para a sua discussão. É importante, como em todo resumo, saber ser objetivo na apresentação do tema e, principalmente, da sua tese.

No Enem, cobra-se a apresentação de uma tese na introdução, ou seja, de um problema percebido por aquela(e) que escreve e cujo ponto de vista será defendido nos próximos parágrafos.

  • Argumentação na redação do Enem

Geralmente, deixa-se dois parágrafos para o desenvolvimento. Considerando-se a quantidade de linhas, chega-se a um senso comum de que dois parágrafos são suficientes para apresentar dois argumentos, o suficiente para possivelmente alcançar-se uma boa nota na prova, o que, é claro, depende de mais fatores, como a abordagem feita do tema.

É importante, nesse momento, o uso com pertinência da bagagem sociocultural que a(o) candidata(o) traz consigo. Assim, não apenas “estampe” uma referência no texto, mas faça o link coerente entre ela, o tema abordado e a sua opinião, o que formará um argumento.

  • Conclusão na redação do Enem

Na conclusão, faz-se um apanhado do que foi discutido no desenvolvimento, numa espécie de resumo de encerramento. No Enem, cobra-se, ainda, uma proposta de intervenção na conclusão.

A proposta de intervenção é de suma importância para a redação do exame, e precisa ser estruturada em elementos como agentes, ações, meios e efeitos. Aqui, mais uma vez, o conjunto de referências socioculturais do candidato faz diferença, pois se trata de uma capacidade criativa bem como de uma visão atualizada sobre o mundo.

Leia mais: Exemplos de redação nota 1000 no Enem 2023

Competência 3 da redação do Enem

Seleção e organização das informações

O principal ponto a ser discutido diz respeito ao fato de que suas opiniões é que estarão em jogo, mas não aquelas que você, por si só, acredita serem válidas, pois, assim sendo, elas não merecerão os devidos créditos por parte da banca examinadora.

Assim, é muito importante que sua argumentação se baseie em fatos concretos, sólidos, que realmente apresentem fundamento. Tudo que disser precisa estar arraigado em algo verdadeiramente comprovado, por isso, nada melhor do que se apoiar em:

  • dados estatísticos;

  • alusões;

  • comparações e contrastes;

  • relações de causa e consequência;

  • enumeração;

  • citação de testemunho.

Aqui, mais uma vez, tem-se a importância de um repertório sociocultural consistente a fim de que sua opinião se sustente.

→ Afinal, como se faz um repertório sociocultural?

Lendo. Leia tudo o que for interessante ou relacionado às sociedades humanas. Leia livros, revistas, filmes, seriados, jornais, anúncios publicitários, obras de arte (como esculturas, pinturas e fotografia), entre tantas outras manifestações socioculturais. Leia o cotidiano tanto nos seus detalhes quanto no seu quadro geral. Em resumo, relacione-se com as coisas e os eventos ao seu redor via observação e análise. Familiarize-se com o que está acontecendo na sua casa, no seu bairro, na sua cidade, no seu país e no mundo.

Para tanto, o hábito de leitura é necessário, e isso pode ser desafiador, mas não se preocupe, tenha paciência consigo e monte uma estratégia. Por exemplo, que tal, todo dia, 15 minutos de leitura? À medida que você for ganhando constância, você aumentará a quantidade de tempo ou de páginas. Com a prática, você ganhará fôlego de leitura para desenvolver, cada vez mais, essa habilidade tão importante para qualquer pessoa.

Veja aqui trechos de redações nota 1000 em que o repertório cultural foi usado muito bem.

Competência 4 da redação do Enem

Demonstração de conhecimento da língua necessário para argumentação do texto

Como você sabe, nós, usuários do sistema linguístico, estamos submetidos a um padrão tido como convencional, comum a todos — a chamada norma-padrão da língua. Assim, como se trata de um texto dissertativo-argumentativo, suas ideias precisam, além de ser sólidas, estar bem articuladas, organizadas por meio de parágrafos bem construídos. Sobretudo o encadeamento entre introdução, desenvolvimento e conclusão precisa ser garantido.

Para isso, deve-se estudar os conceitos de coesão (referencial e sequencial) e de coerência (sintática, semântica, temática, pragmática, estilística e genérica).

→ Videoaula com 5 dicas para evitar textos sem coesão e coerência

Competência 5 da redação do Enem

Elaboração de uma proposta de solução para os problemas abordados, respeitando os direitos humanos

Ao abordar sobre todos os aspectos que você considerou relevantes à proposta, certamente deverá ter levantado alguns voltados para uma problemática, para um fato passível de ser solucionado, resolvido.

Nesse sentido, ao concluir seu texto, uma das melhores formas de arrematar, fechar as ideias, é apresentar uma solução para tudo aquilo que foi amplamente discutido. Como deve ter argumentado da melhor forma possível, certamente não encontrará nenhuma dificuldade para fazer isso.

Apesar de o desrespeito aos direitos humanos não mais zerar a redação, continua perdendo pontos. Portanto, analise se sua proposta não incita ódio, preconceito ou crime. Caso queira se aprofundar na estrutura da proposta de intervenção, leia nosso texto.  

Assista às nossas videoaulas

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