Temas para a redação do Enem 2022

Entre os temas estão os impactos da pandemia na educação, os direitos das crianças, voto e democracia e a Internet 5G
Por Lucas Afonso

É importante estar atento a temáticas contemporâneas que possuem discussões sociais
É importante estar atento a temáticas contemporâneas que possuem discussões sociais
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Uma das grandes expectativas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é o tema da redação. Pensar sobre as possibilidades de asssuntos que podem cair na prova e colocar em prática a produção dos textos é fundamental neste processo de preparação.

O primeiro passo é saber quais temas já foram cobrados na redação do Enem. Com essas informações é possível ter um panorama das temáticas cobradas e de que forma elas são exigidas pelo exame.

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Temas diversos relacionados à cidadania, trabalho, imigração, violência contra a mulher e saúde mental já estiveram presentes na maior avaliação educacional do Brasil. 

Para saber sobre quais os temas que podem cair na redação do Enem 2022, o Brasil Escola conversou com a Fernanda Pessoa, que foi professora de redação de três estudantes nota 1000 no Enem 2021; a Fabiula Nuebern, coordenadora de redação do Poliedro Curso de São José dos Campos; e os professores do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante (SP): Vanessa Botasso, de redação, e Daniel Simões, de Geografia.

Tópicos deste artigo

12 temas para a redação do Enem 2022

1) Impactos da pandemia na educação

Ao analisar os últimos eixos temáticos cobrados na redação do Enem, Fabiula Neubern destacou que a educação pode ser um tema possível para este ano. Nas últimas edições, o exame contou com os seguintes eixos: tecnologia (2018), cultura (2019), saúde (2020) e cidadania (2021).

O mapeamento pelos eixos temáticos é interessante, de acordo com Fabiula, para perceber quais as temáticas gerais que foram cobradas e, assim, destacar as que não são cobradas há algum tempo e são pertinentes.

Entre as abordagens temáticas relacionadas à educação, a professora Fabiula pontuou: os impactos das aulas a distância para professores e estudantes; o desenvolvimento de novas tecnologias para o ensino; a falta de acesso à tecnologia e internet para os estudos; e a importância da escola na socialização. 

O Banco Mundial divulgou um relatório acerca dos impactos negativos da pandemia na educação brasileira. De acordo com a pesquisa, dois a cada três estudantes brasileiros podem não aprender a ler adequadamente um texto simples aos 10 anos. 

Já o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) realizou uma pesquisa entre fevereiro e maio de 2021 com 168.739 escolas das rede pública e privada. O levantamento apresenta dados sobre a atuação das escolas no período pandêmico. 

O estudo do Inep mostra que 43,4% das escolas estaduais disponibilizaram equipamentos para auxiliar os docentes, nas municipais o percentual foi de 19,7%. Os dados indicam a grande quantidade de profissionais da educação que foram afetados com a falta de suporte tecnológico no processo de ensino e aprendizagem durante a suspensão das aulas presenciais. 

2) Violência doméstica contra crianças

Com o isolamento social durante a pandemia de Covid-19 enquanto medida de prevenção ao vírus, o tempo das pessoas em casa aumentou substancialmente. O número de denúncias de maus-tratos contra crianças e adolescentes apresentou crescimento desde o início da pandemia, segundo dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.

Fabiula Nerbern, do Poliedro Curso de São José dos Campos, apontou a violência doméstica contra as crianças como uma das possibilidades de redação este ano.

A vulnerabilidade às situações de violência aumentou diante da suspensão das aulas, o que fez com que as crianças ficassem em casa. Apesar dos números serem alarmentes, é importante destacar que existem casos subnotificados, o que indica que a problemática é maior do que as estatísticas apontam.

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3) Importância do voto no exercício da democracia

No ano de 2022 ocorrem as eleições para presidente, senadores e deputados estaduais e federais. Com isso, o debate acerca da importância do voto enquanto mecanismo que garante o exercício da democracia se amplia.

Entre as abordagens possíveis quanto a essa temática, além do voto como elemento democrático, Fabiula Nerbern mencionou também a participação da juventude nas eleições e aspectos do processo eleitoral em si como, por exemplo, a importância e a função do horário da propaganda eleitoral.

4) Agenda 2030 da ONU

Para a professora de redação Fernanda Pessoa, a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) pode ser um tema da produção textual deste ano.

A  Agenda 2030 constiste em um plano de ações em nível global que possui 17 objetivos relacionados ao desenvolvimento sustentável e 169 metas que visam a erradicação da pobreza e a promoção de dignidade humana. 

O acordo foi estabelecido pelas 163 nações da ONU em 2015. Os objetivos firmados neste plano compreendem as três dimensões sustentáveis: social, ambiental e econômica. 

Fernanda acredita que já está na época de alguma discussão ambiental na redação do Enem por causa da necessidade de controle e aceleração do Brasil em relação à Agenda 2030 da ONU. 

5) Crescimento econômico pós-pandemia

O cenário econômico no mundo foi afetado intensamente com a pandemia de Covid-19. Nesse sentido, os debates sobre os impactos causados durante esse período, bem como os aspectos de crescimento em um momento pós-pandemia, podem ser cobrados na redação do Enem, segundo Fernanda Pessoa. 

Relatório do Banco Mundial apontou que o primeiro ano pandêmico prejudicou a economia de 90% dos países, o maior percentual já registrado em 120 anos. O impacto econômico da pandemia foi maior que o do período das guerras mundiais e das recessões econômicas globais de 1929 e 2007.

6) Trabalhador 4.0

O crescente desenvolvimento de produtos tecnológicos da chamada Indústria 4.0, por consequência, aumenta a demanda por profissionais que estejam capacitados e interessados em trabalhar com esses processos de inovação.

A Indústria 4.0 é um conceito que compreende a automoção e tecnologia da informação. O termo está relacionado aos bens mais modernos de consumo como: Internet das Coisas, inteligência artificial, big data, machine leraning, entre outros.

Nesse sentido, a professora Fernanda Pessoa acredita que os aspectos relacionados à dimensão do trabalho e do trabalhador 4.0 são potenciais para o tema da redação do Enem.

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7) Direitos da infância

Para garantir a proteção e o desenvolvimento das crianças é necessário que esse público seja assegurado por direitos fundamentais. São esses direitos: a saúde, alimentação, educação, segurança, bem-estar, convívio familiar e social e a dignidade.

A professora de Redação do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante, Vanessa Bottasso, argumentou que, em decorrência da degradação da condição socioeconômica populacional e também dos impactos da pandemia, a proteção aos direitos de crianças ganha centralidade no debate público.

8) Valorização do trabalho docente

A docência é uma profissão essencial para o fortalecimento e desenvolvimento da educação de qualquer nação. No Brasil, a realidade de quem trabalha enquanto educador é marcada por dificuldades na valorização de seu trabalho.

Problemas que já eram presentes se intensificaram com a pandemia de Covid-19, de acordo com Vanessa Bottasso. Entre eles estão os baixos salários, cortes de planos de carreira, hipervigilância e responsabilização individual, desvalorização da qualificação profissional, precaridade na estrutura e os conflitos no ambiente escolar. 

9) Juventude, trabalho e projeto de vida

As mudanças do cenário nacional no que diz respeito à economia, ao trabalho e à educação afetam diretamente o projeto de vida da juventude. Nesse sentido, é importante compreender e tecer uma análise crítica sobre a realidade social vigente e relacioná-la com as dimensões que cercam as fases da vida das pessoas, como é o caso da juventude.

Segundo Vanessa, esse tema tem ganhado espaço no debate público devido aos novos dimensionamentos que afetaram a realidade de jovens. Entre as mudanças estão a reforma do ensino médio e a realidade socioeconômica do Brasil. Esses fatos colocam em xeque as escolhas dos estudantes do ensino médio em relação à sua preparação para atuação no meio social, afirmou Vanessa.

Leia também: Como fazer uma redação nota 1000

10) Percepção sobre o bem-estar e felicidade

O cenário pandêmico afetou de maneira significativa a saúde mental das pessoas, e várias pesquisas indicam isso. Um estudo científico divulgado em março de 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que casos de depressão e ansiedade apresentaram um crescimento de 25% em todo o mundo. 

Diante disso, torna-se cada vez mais necessário olhar e discutir sobre bem-estar. A professora Vanessa Bossato pontuou o fato da perceção dos brasileiros em relação ao bem-estar e felicidade ter registrado uma queda. Para a docente, isso está intimamente ligado ao período de maior pessimismo que pode afetar as ações de retomada do desenvolvimento do país. 

11) Insegurança alimentar

Outro impacto da pandemia importante de ser analisado é a fome. A economia brasileira tem sofrido com as altas constantes dos índices de inflação e com isso se alimentar tem sido um desafio para muitos brasileiros.

O problema social da insegurança alimentar é desencadeado e relacionado por vários aspectos como o aumento dos preços dos alimentos que constituem a cesta básica, o desemprego em alta e a desvalorização do poder de consumo, conclui Vanessa Bossatto. 

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12) Internet 5G e seus impactos da sociedade

A tecnologia é um dos eixos temáticos com tendência a cair na redação do Enem 2022, de acordo com o professor de Geografia Daniel Simões do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante.

Daniel citou os impactos na sociedade com a Internet 5G. Para o docente, um aspecto muito abordado é como a maior mobilidade propiciada pelo 5G tende a afetar empresas, que podem espalhar operações no mundo. E também os reflexos no mercado de trabalho, que exigirá trabalhadores cada vez mais qualificados, com perfil polivalente e flexível.

“Questões relacionadas ao crescente poder das empresas de comunicação, das big techs, também são comuns, assim como debates sobre o uso criminoso da internet por grupos extremistas, terroristas e outras formas de contravenção”, explicou Daniel Simões.

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