Dia do Jornalista: conheça as áreas de atuação do jornalismo e os desafios da profissão
Jornalistas de diferentes regiões brasileiras compartilham suas trajetórias na formação e atuação profissional no jornalismo
O Dia do Jornalista é comemorado neste domingo, 7 de abril. O profissional do jornalismo é responsável por compartilhar informações e pode trabalhar em diferentes tipos de mídias, seja na televisão, na internet, no rádio ou nas redes sociais.
O processo de produção jornalística é caracterizado pela apuração, verificação de informações, entrevistas, edição e apresentação do conteúdo.
Para saber mais sobre o jornalismo, como é o curso superior, a realidade profissional e os bastidores da profissão, o Brasil Escola conversou com jornalistas de diferentes regiões brasileiras que compartilham suas experiências e trajetórias.
Saiba mais: Jornalismo - Curso, mercado de trabalho e a carreira do jornalista
Áreas de atuação do jornalismo
O jornalismo conta com diferentes áreas de trabalho, tais como: jornalismo digital, telejornalismo, radiojornalismo, redes sociais e assessoria de imprensa e comunicação. Conheça a seguir diferentes trajetórias e histórias de profissionais que atuam em áreas distintas da profissão.
Mariani Ribeiro
A curiosidade, o interesse pela leitura e afinidade com as disciplinas da área de Ciências Humanas levaram a goiana Mariani Ribeiro (49), natural de Morrinhos (GO), a cursar jornalismo na Universidade Federal de Goiás (UFG).
Mariani conta que ao longo da formação se dividiu entre a sala de aula e os estágios. Saiu do ensino superior já empregada, como repórter da TV Anhaguera, em Anápolis (GO). Depois da televisão, foi a vez de atuar no radiojornalismo, onde trabalhou como repórter, âncora e coordenadora de jornalismo. Além disso, foi editora geral do Goiás Net e da versão online do O Popular.
A goiana também já ocupou as salas de aula como professora universitária. No campo do ensino, Mariani enaltece as trocas com as e os estudantes como essenciais em seu trabalho. Nesse período, afirma que aprendeu muito com a juventudade a pensar coisas novas no campo profissional.
Atualmente, Mariani Ribeiro trabalha na Assessoria de Comunicação do Ministério Público de Goiás (MP-GO) como sub-chefe do setor. Ela que também se formou no curso de Direito, relata que utiliza muito seu conhecimento na área jurídica em seu atual cargo. Ao longo de seu percurso no jornalismo, percebeu que é importante se movimentar dentro da carreira.
"O jornalista é questionado, desafiado o tempo todo. As fake news estão aí para nos mostrar que temos que sim que fazer cada vez melhor o jornalismo, deixando claro, que nós somos, a notícia, somos fundamentais. A notícia bem apurada, bem levantada, ela é imprescindível."
Mariani Ribeiro
A profissional evidencia enquanto desafio para os jornalistas a relação com a Inteligência Artificial (IA). Nesse sentido, Ribeiro acredita que a IA deve ser uma ferramenta com o qual os jornalistas devem aprender a utilizar a favor da prática profissional. "O jornalismo é muito mais que um texto produzido por uma ferramenta", destaca.
Lucas Leal
Na região Sul, em Florianópolis (SC), Lucas Leal (27) foi uma criança interessada pela comunicação, que assistia a novelas, ouvia rádio, gostava de ouvir e contar histórias. Esse apresso aos eixos que formam a comunicação o direcionou ao curso de jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Sua formação contou com muitas atividades práticas. O jovem catarinense acredita que o jornalismo é muito dinâmico, que na profissão, aprende-se, fazendo. Além das atividades extracurriculares, as disciplinas de Antropologia, Serviço Social, Ciências Sociais, História e Sociologias foram importantes para o processo da gradução, segundo Leal.
Na graduação teve oportunidade de realizar intercâmbio na Argentina por sete meses. Na faculdade e no mercado de trabalho, Lucas já atuou nas diferentes áreas do jornalismo: televisão, impresso, rádio, digital e assessoria.
"Além de informar, o jornalista tem uma função primordial de aproximar as pessoas da realidade, de trazer fatos, de documentar o presente e formar opinião pública."
Lucas Leal
Lucas compreende o jornalismo como um meio que apresenta um retrato das pessoas do dia a dia, que contribui às pessoas a se situarem no mundo, dentro se seus contextos. A profissão, de acordo com Leal, ajuda a traduzir muitas informações, por conta da lingugaem mais acessível. O jornalismo "conta histórias e retrata a realidade".
Atualmente, Lucas trabalha como apresentador de telejornal. Ele conta um pouco de sua rotina no vídeo abaixo:
Daniela Versiane
De Arinos, interior de Minas Gerais, Daniela Versiane decidiu desde muito nova seguir a profissão como jornalista. Ela acredita que a rádio foi uma grande influência em sua trajetória, uma vez que seu pai ouvia muito e foi um veículo que sempre chamou sua atenção.
Na graduação, realizada em Goiânia na UFG, Versiane trilhou um caminho intenso e de muito aprendizado no radiojornalismo. O grande diferencial de seu curso foi a Rádio Universitária, laboratório do curso da instituição. Por lá, ela acessou ao longo dos anos a prática do dia a dia e vivenciou a rotina de apuração e transmissão de notícias no formato ao vivo. Por isso, considera a prática jornalística no rádio essencial para sua formação.
Hoje em dia, Daniela Versiane é apresentadora e produtora do CBN Goiânia, programa jornalístico que vai ao ar pela manhã diariamente. Além da ancoragem, ela atua no processo de produção que envolve a organização das entradas dos materiais que vão ao ar no programa.
"A primeira coisa que o jornalista tem que saber, é saber ouvir, para depois saber questionar, saber o que tirar da resposta, e depois transmitir para quem o acompanha."
Daniela Versiane
Para ela, o bom jornalista é aquele que consegue realizar uma entrevista de trinta minutos e captar um ponto que chame a atenção em uma manchete, que saiba contextualizar o conteúdo, que tenha embasamento para este trabalho de contextualização.
É importante, segundo Versiane, que o jornalista passe a infomação de forma que o ouvinte, leitor ou telespectador compreenda. Em meio às fake news e a circulação de informações na internet, o jornalista não pode perder o poder da apuração, do questionamento, de ir atrás das fontes para checar o que está sendo noticiado, enfatiza.
Na rotina da redação, a jornalista afirma que o trabalho é exaustivo diante da pressão pela divulgação das notícias a tempo hábil e pelo fato de sua voz estar sendo ouvida por milhares de pessoas.
Daniela ressalta a responsabilidade que o jornalista possui ao compartilhar uma informação. Nesse sentido, salienta que muitos formam opinião a partir do conteúdo jornalístico e o quão isso revela o impacto da notícia e do trabalho do jornalismo.
Anna Clelma
Ao contrário de muitos, que já sabiam desde novos o que desejavam fazer profissionalmente, para Anna Clelma (26), o processo foi diferente. Não sabia que o jornalismo poderia ser sua profissão, até que em sua adolescência, diante de uma repercussão negativa de uma reportagem em relação às ações que os estudantes de sua escola realizavam em prol de uma reforma no ambiente escolar, Clelma começou a se interessar pela profissão na tentativa de construir algo diferente desta narrativa.
De Araguaína (TO) foi morar em Goiânia (GO) para cursar Jornalismo na UFG. Na gradução, participou de projetos de extensão, laboratórios práticos de jornalismo e fez estágio por dois anos na TV UFG.
Clelma é produtora e repórter da TV UFG e contribui para a divulgação científica da universidade pública ao cobrir pautas sobre o desenvolvimento de iniciativas científicas na instituição.
Em seu relato, ela cita a gravação de programa de rádio na faculdade que abordava a região norte do país e uma reportagem que realizou em uma comunidade quilombola como atividades que fizeram diferença em sua formação. Para além da universidade, Anna pôde exercitar os conhecimentos na localidade que vivia, atuando em uma rádio comunitária de sua cidade.
"O jornalismo é muito importante para a nossa formação. Quando temos acesso à informação de qualidade, temos acesso a tudo. Acesso a uma vida de mais qualidade, aos nossos direitos, serviços públicos e privados, à cidadania plena, à cobrar, a entender quais são os nossos deveres."
Anna Clelma
Ao falar dos desafios em sua atuação profissional, ela afirma que "notícia boa não viraliza" ao se referir ao jornalismo científico, campo com o qual trabalha atualmente. Ela percebe que as notícias sobre as descobertas científicas não possuem tanto engajamento quanto as demais. Por isso, acredita ser urgente pensar, debater e desenvolver políticas públicas voltadas ao meio digital que fortaleçam a importância desse tipo de informação.
Marcos Melo
"O jornalismo sempre foi um sonho de criança e se materializou como um sonho profissional". O jovem paraense Marcos Melo (25) relata que quando criança, além de assistir ao telejornal do horário do almoço, ficava acordado até tarde da noite para assistir programas jornalísticos com seu pai.
Os grandes nomes do telejornalismo brasileiro como Sandra Annenberg e Ana Paula Padrão inspiraram Melo a fazer Jornalismo na Universidade Federal do Pará (UFPA). Ele destaca que fazer o curso em uma universidade como a UFPA foi um processo transformador, que mudou sua visão de mundo. Nesse sentido, enfatiza que o estudo de "como a comunicação atravessa a nossa vida social, política e cultural, como ela alcança as pessoas e ajuda a construir a narrativa da sociedade" contribuiu em seu desenvolvimento como pessoa.
Na graduação, suas áreas de maior interesse foram o jornalismo cultural, assessoria de comunicação e a produção de conteúdo digital. A participação em centro acadêmico, em projetos de pesquisa e extensão universitária fizeram parte dos anos de estudo às margens do Rio Guamá, onde se localiza a UFPA em Belém (PA).
Profissionalmente, Marcos trabalha com Comunicação e Marketing, na produção e planejamento de conteúdo. Em sua rotina lida com profissionais de diferentes áreas da comunicação como a Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e o próprio Marketing.
O jornalista paraense cita a realidade de pessoas que vivem em algumas localidades da região Norte, onde o rádio, por exemplo, é a única fonte de informação das comunidades. Com isso, ele salienta a importância que o jornalismo tem com o compromisso social para a manutenção da sociedade, no entendimento sobre política, políticas públicas e do acesso à cidadania.
Entre os desafios da profissão, Melo pontua que é o diálogo com o excesso de informação que a internet possibilita, fenônomo conhecido por infodemia, que costuma confundir as pessoas devido a quantidade de informações. O papel do jornalismo é então de trabalhar com a apuração e verificação de informações dentro deste contexto.
Bárbara Damasceno
Foi anotando pedido de música em uma rádio no interior paulista de Parapuã (SP), aos 14 anos, que Bárbara Damasceno se apaixonou por comunicação. Decidiu então cursar Jornalismo na cidade vizinha de Tupã.
Após dois anos, mudou-se para São Paulo, onde concluiu o curso superior. Damasceno conta que sempre foi muito ativa na faculdade, onde atuou em laboratório de rádio, entre as atividades práticas que desenvolveu na formação.
Ainda no curso, entrou para a TV Band como estagiária. Por lá, passou pelo departamento de Rádio Escuta, que contava com a realização de apuração e checagem das informações na televisão. A jovem também atuou com a área de coordenação de link de entradas ao vivo do programa jornalístico Brasil Urgente, comandando pelo Datena.
Na emissora paulista, Bárbara continuou como contratada após a conclusão do curso. Por lá, atuou como chefe de reportagem do Jornal da Band e atualmente é repórter do programa diário Melhor da Noite.
"O jornalismo verdadeiro, imparcial, bem checado, é fundamental para a sociedade. As pessoas precisam ter acesso às informações de credibilidade".
Bárbara Damasceno
A profissional enfatiza que seu maior desafio é não ter rotina, por estar cada hora em um lugar diferente. Nos últimos dias, ela exemplifica que esteve embarcada em uma plataforma de petróleo, viajou para Santa Catarina para conhecer a melhor maçã do mundo e gravou com uma fisiculturista de 62 anos no Rio de Janeiro.
Ayrana Lopes
Ayrana Lopes (26) foge da curva das histórias ouvidas nesta matéria. Sempre quis fazer Medicina, porém seu interesse pela área se baseava mais nas possibilidades de vivências que a profissão poderia lhe proporcionar, como trabalhos em regiões distantes e de difícil acesso, e não necessariamente na Medicina em si.
Natural de Feira de Santana (BA), a jovem baiana conta que após ler um livro sobre jornalismo passou a considerar a possibilidade de fazer este curso.
Após comprender que seguiria no campo da comunicação, fez a graduação em jornalismo na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Sempre proativa e interessada nas mais diversas atividades da universidade, Ayrana participou de um coletivo chamado Conversa & Pauta, que se baseava em conteúdos jornalísticos transmitidos via stories de forma diária.
Com interesse na comunicação em rádio e TV, Ayrana atuou em um projeto que promovia a música independente em Sergipe. Antes da formação, já teve experiência em campanha política, no trabalho com redes sociais.
A jovem baiana trabalha na Embratur como social media e estrategista de conteúdo. Entre suas funções está a realização de entrevistas e roteirização de vídeos. Para Ayrana, a era digial é uma oportunidade para o jornalista, "as redes sociais mudam o tempo todo e isso é um desafio."
Luiz Araújo
Natural de Goiânia (GO), Luiz Araújo (26) consumia muito jornal quando criança e sempre teve muita admiração pelo jornalismo.
O curso superior realizado na UFG foi marcado por diversas atividades extracurriculares que auxiliaram e ampliaram o processo de formação do jovem goiano. Entre elas, a participação por dois anos e meio no centro acadêmico, viagens a congressos e encontros estudantis e a realização de projetos de extensão.
Uma das atividades pontuadas por Luiz foi a gravação de um videodocumentário no maior complexo prisional do estado de Goiás, localizado em Aparecida de Goiânia. Após a conclusão da graduação, participou do programa de trainee de economia do jornal Estadão. O processo de treinamento para recém-formados em jornalismo capacitam os profissionais para as diferentes editorias de economia.
Em jornais locais, Luiz trabalhou com hard news, expressão que remete à produção e publicação de notícias com agilidade, como também na produção de matérias mais aprofundadas e especiais, com as quais inclusive foi premiado.
"Jornalismo é a possibilidade de estar aberto ao contraditório, de acompanhar as articulações do poder."
Luiz Araújo
Atualmente, em Brasília (DF), Luiz Phillipe atua no Broadcast, serviço de tempo real do Estadão. Por lá ele realiza a cobertura de infra-estrutura, na área de portos, aeroportos, rodovia e saneamento que afetam a economia das cidades e a nível nacional.
Curso de jornalismo
O curso de jornalismo é ofertado tanto por universidades públicas quanto por instituições particulares de ensino superior. A graduação de nível bacharelado possui duração de quatro anos.
Os estudantes de jornalismo cursam disciplinas teóricas e práticas que envolvem a produção jornalística para diferentes tipos de veículos de comunicação: rádio, televisão, internet, redes sociais. Além disso, há matérias que relacionam conteúdos como Língua Portuguesa, Sociologia, Antropologia e Cultura Brasileira.
Os laboratórios e estágios são atividades que envolvem trabalho prático e permitem aos estudantes vivenciarem a rotina de redações de jornalismo. Além disso, é possível realizar pesquisas por meio dos projetos de iniciação científica ou mesmo desenvolver trabalhos práticos com a comunidade a partir de projetos de extensão universitária.
Uma das alternativas para cursar jornalismo de forma gratuita na educação superior pública é por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com as notas do Enem, os estudantes podem se inscrever em universidades de todo o país no Sistema de Seleção Unificada (SiSU).
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7 de abril - Dia do Jornalista
O Dia do Jornalista é celebrada em 7 de abril e objetiva homenagear os profissionais que trabalham com a informação. A data foi criada em 1931 pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) como forma de prestar homensagem ao jornalista e médico Giovanni Battista Líbero Badaró, que foi assassinado por inimigos políticos em 1930.
A ABI foi criada em 7 de abril de 1908 para garantir a representação do jornalismo e assegurar os direitos e legitimação da profissão. De lá pra cá, a instituição se dedicou à valorização da liberdade de imprensa no país.