Escolas e cursinhos preparatórios para vestibulares e Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) têm demonstrado preocupação com a propagação das notícias falsas, também chamadas de fake news (termo em inglês). O temor é que os estudantes acessem essas informações falsas e cometam erros durante as provas.
Um estudo conduzido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, revelou que a chance de uma informação falsa ser repassada é 70% maior que a de notícias verdadeiras. O sensacionalismo e a manifestação de sentimentos como medo, rejeição e surpresa acabam atraindo o público para o conteúdo mentiroso.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, manifestou preocupação com as notícias falsas que divulgam dados incorretos e pesquisas nunca feitas pelo instituto. Dados econômicos e sociais coletados pelo IBGE são comuns nas provas de vestibulares e Enem.
Reação dos colégios
Em Campinas (SP), o Colégio e Curso Oficina do Estudante organizou aulas específicas para tratar de fake news. Segundo o Professor Antunes Rafael, coordenador pedagógico do Oficina, a iniciativa partiu dos professores de geografia, filosofia e atualidades.
A intenção das aulas específicas é incentivar uma leitura crítica dos meios de comunicação e das redes sociais, evitando que os estudantes se informem por notícias falsas. “As provas de ciências humanas do Enem costumam trazer assuntos que são bem atuais, por isso, a importância de estar bem informado e saber das implicações das fake news para a sociedade como um todo”, explica o professor.
A estudante do terceiro ano do ensino médio Estela Romero, que está se preparando para as provas do Enem, contou que já foi surpreendida por notícias falsas, especialmente nas redes sociais. “É comum receber notícias com manchetes chamativas e acabar se interessando, afinal, em ano de preparação para o vestibular, é importante estar bem informado”, pontua a estudante.
Estela relata também que, com as explicações dos professores do cursinho, hoje busca checar as informações em fontes seguras. “A orientação é questionar sempre as informações e buscar outros dados em sites conhecidos e confiáveis”, considera.
A disseminação de informações falsas pode ser extremamente nociva para toda a sociedade. Recentemente, a difusão de boatos sobre a vacinação contra o sarampo tem provocado medo e uma evasão de pessoas que deveriam se vacinar.
O Professor Antunes Rafael esclarece que é necessário filtrar as informações, independente do veículo que publicou, antes de compartilhar. Em todos os casos, é essencial estar munido dos fatos e não apenas de uma publicação que foi compartilhada por muitas pessoas.
“Uma informação que foi propagada por milhares ou milhões de pessoas não corresponde, necessariamente, à verdade” (Professor Antunes Rafael)
E no Enem?
Além das provas de Humanas no Enem, estar bem informado sobre atualidades é essencial para que o participante faça uma boa prova de Redação. De acordo com a Professora de Redação Fabíula Neubern, do Poliedro, existe o risco de o estudante levar uma informação falsa para seu texto e ser prejudicado com um argumento inconsistente.
Apesar de ter contato com uma coletânea para embasar seu texto, é importante que o estudante leve para redação fundamentos de sua visão de mundo. “Uma das áreas avaliadas pelo corretor é a capacidade de trazer para a redação aquilo que ele aprendeu na vida escolar nas outras áreas, articulando o seu conhecimento de mundo”, esclarece a professora.
Assim, se o estudante não busca fontes seguras para se informar, há um grande risco de ser prejudicado, seja respondendo questões de humanidades, seja construindo argumentos na prova de redação. A Professora Fabíula aponta ainda que estar preso aos textos motivadores do exame deixa o estudante numa zona muito superficial do tema, atrapalhando o seu desempenho na prova.
A dica, portanto é, duvidar das informações, das mais óbvias até as mais esdrúxulas, buscando mais detalhes ou outra visão dos fatos em veículos diferentes. Dessa forma, além de ter certeza do que é fato e do que é fake, o estudante vai ter embasamento para construir seus próprios argumentos.