Setembro foi um mês agitado no Brasil e no mundo. A morte de uma criança no Rio de Janeiro vítima de bala perdida, discurso agressivo do presidente na ONU, discussão mundial sobre o clima e acidente em petrolífera são exemplos de notícias que saíram em setembro.
Para chegar aos vestibulares e Enem atualizado, resumimos essas e outras notícias. Você pode fica por dentro de todos os assuntos clicando nos links que direcionam para portais de notícias como UOL, Folha, Agência Brasil, BBC e outros.
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A morte de Ágatha
Em 20 de setembro, Ágatha Félix, de 8 anos, foi baleada enquanto estava dentro de uma Kombi no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. A menina chegou a ser socorrida com vida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada do dia seguinte. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) concluiu que o tiro foi dado nas costas e a morte foi causada por lacerações no fígado, no rim direito e em vasos do abdômen.
A Polícia Militar alegou ter reagido a um ataque de traficantes, o que resultou em troca de tiros. Já a versão da família e pessoas que estavam no local é de que policiais dispararam na direção de uma moto que passava perto da Kombi em que estava Ágatha, não havendo confronto no momento do crime.
Foram apreendidos duas pistolas e cinco fuzis (sendo que três foram usados por policiais no dia da morte de Ágatha). Segundo o Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), foi encontrado um fragmento de projétil no corpo da vítima, o qual é compatível com fuzil, mas o laudo afirma que não é possível determinar o calibre e de onde saiu o tiro que matou a criança.
A previsão é de que a reconstituição do crime seja realizada em 1º de outubro. Ágatha foi a quinta criança assassinada em tiroteios no Rio de Janeiro neste ano.
=> Manifestações
Moradores do Complexo do Alemão passaram a protestar contra a política de segurança pública adotada pelo governo estadual após a morte de Ágatha. Os manifestantes alegam que o governador Wilson Witzel incentiva os policiais a entrarem atirando nas favelas, sem se preocupar com a população local.
A morte da pequena Ágatha chamou a atenção para a quantidade de mortes por policiais em conflitos no Rio de Janeiro. Um estudo do Ministério Público (MP-RJ) identificou que o aumento da letalidade das operações da Polícia não resultou na queda dos crimes e, por isso, o crescimento das mortes será investigado pelo órgão.
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Incêndio na Chapada dos Veadeiros
Há mais de uma semana, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, vem sofrendo com um incêndio devastador. De acordo com a Rede Contra o Fogo (voluntários que atuam no local), cerca de 3 mil hectares foram incendiados dentro do parque, enquanto 3,5 mil hectares no entorno foram atingidos.
Desde o dia 27 de setembro, quase 100 bombeiros, brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além de voluntários da Rede Contra Fogo estão trabalhando na Chapada dos Veadeiros e entorno para conter as chamadas. Aviões-tanque, helicópteros, veículos e drones auxiliam as atividades no local.
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é considerado Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco. A reserva abriga espécies animais e vegetais únicas, além de centenas de nascentes e os chamados cursos d'água.
=> Risco para maior comunidade quilombola do Brasil
O incêndio colocou em risco a maior comunidade quilombola do país, área habitada pelo povo Kalunga, principalmente na região de Cavalcante (GO). Felizmente, as chuvas recentes e o trabalho das equipes diminuíram os focos de queimadas no local.
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Uso medicinal da cannabis
A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) acatou em 26 de setembro a sugestão administrativa SUG 6/2016 sobre o uso medicinal da cannabis e do cânhamo industrial, proposta que tramitará pelo Senado.
Inicialmente, Rede Brasileira de Redução de Danos e Direitos Humanos (Reduc) havia sugerido uma espécie de marco regulatório para o uso medicinal das substâncias, documento que tinha 133 artigos. O relator, senador Alessandro Vieira (Cidadania/CE) deu voto favorável para a sugestão, mas apresentou uma redação menor da documentação, transformando o conteúdo em 6 artigos que detalham os produtos, os processos e os serviços relacionados à maconha medicinal e ao cânhamo industrial, sendo um deles subordinando a produção, a distribuição, o transporte e a comercialização à Vigilância Sanitária.
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Mundo
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74ª Assembleia Geral da ONU
O presidente Jair Bolsonaro foi o primeiro líder a discursar na 74ª Assembleia Geral da ONU, conforme tradição em que o representante do Brasil sempre abre os discursos.
=> Discurso de Bolsonaro
A fala do presidente foi considerada agressiva e abordou diferentes temas. Bolsonaro começou seu discurso falando do Socialismo, com a afirmação de que o Brasil "ressurge depois de estar à beira do socialismo", completando como a seguinte opinião sobre como estava o país quando ele assumiu a presidência: "situação de corrupção generalizada, grave recessão econômica, altas taxas de criminalidade e de ataques ininterruptos aos valores familiares e religiosos que formam nossas tradições". O presidente também fez críticas ao programa Mais Médicos, à Cuba e à Venezuela.
Sobre Economia, Bolsonaro defendeu a abertura econômica - "Não pode haver liberdade política sem que haja também liberdade econômica. E vice-versa". A respeito da criminalidade no Brasil, o presidente ignorou a morte de Ághata ao falar dos quase 70 mil homicídios anuais no país e, em uma certa teoria da conspiração, usou a seguinte afirmação sobre os presidentes anteriores (os quais chama de socialistas): "desviaram centenas de bilhões de dólares comprando parte da mídia e do parlamento". Bolsonaro também enalteceu a figura de Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e ex-juiz Federal.
Bolsonaro trouxe um discurso carregado de opiniões pessoais ao falar de ideologia. "A ideologia invadiu a própria alma humana para dela expulsar Deus e a dignidade com que Ele nos revestiu", destacou em sua fala. Abordou, ainda, o ataque que sofreu em sua campanha e atribuiu a facada aos "sistemas ideológicos" do "militante de esquerda", se referindo ao seu agressor.
Um ponto muito importante abordado na Assembleia Geral da ONU foi a Amazônia. O bioma vem sofrendo com incêndios e chamada a atenção do mundo para a forma com o governo brasileiro lida com a preservação do meio-ambiente. Bolsonaro chamou de sensacionalistas as críticas feitas pela mídia internacional. "Problemas, qualquer país os têm. Contudo, os ataques sensacionalistas que sofremos por grande parte da mídia internacional devido aos focos de incêndio na Amazônia despertaram nosso sentimento patriótico", discursou Jair. Além disso, o presidente rejeitou o título de patrimônio da humanidade e pulmão do mundo atribuídos à Amazônia.
Veja também: Desmatamento e queimadas na Amazônia
Conforme abordou a BBC, especialistas consideram o discurso de Bolsonaro voltado para sua base e não para os anseios dos países e ativistas. O posicionamento do presidente teria abrido brechas para mais críticas e retaliações ao Brasil pela forma como o Governo trata a atual situação da Amazônia.
=> O discurso de Greta Thunberg
Uma adolescente sueca de 16 anos atraiu olhares do mundo todo em 23 de setembro. Greta Thunberg é uma ativista ambiental que discursou na Cúpula do Clima da ONU, em Nova York. A jovem discursou para líderes de 60 nações que estavam no encontro convocado pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em meio a pressão de jovens que pedem a diminuição das emissões de gases que causam efeito estufa. Anteriormente, no dia 20 de setembro, a adolescente conseguiu mobilizar milhares de jovens no ato que ficou conhecido como greve global pelo clima.
"Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias". (Greta Thunberg)
Veja também: O que são Fake News?
O discurso de Greta foi compartilhado por pessoas do mundo todo, atraiu atenção de jovens que se identificaram com sua posição e mexeu com a visão sobre a situação climática do planeta. No entanto, seu ativismo fez com que a jovem sueca fosse alvo de ataques e propagação de fake news, como foi o caso do filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que usou uma montagem em uma foto para repercutir negativamente o ativismo da adolescente.
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Drones incendeiam refinarias
Duas refinarias da empresa de petróleo Aramcom, na Arábia Saudita, foram incendiadas em 14 setembro, conforme divulgado pelo Ministério do Interior saudita. O ataque foi reinvindicado pelo grupo rebelde conhecido como houthis (conjunto que combate a invasão saudita ao Iêmen) e partiu de drones. Como consequência, o preço do barril de pretróleo disparou.
Mais de 90 mil pessoas foram mortas desde 2015 por conta dos embates entre sauditas e houthis. A coalizão é responsável por deixar de milhares de pessoas em crise humanitária.