Competência 1 da redação do Enem e os erros mais comuns
Erros relacionados ao uso da crase, concordância, regência, colocação pronominal e pontuação estão entre os mais encontrados na redação do Enem
Não é novidade a ninguém que as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sempre geram muita ansiedade aos seus participantes, tendo aquela parte em que os candidatos ficam mais receosos. Trata-se da temida redação do Enem, que é, na maioria das vezes, o motivo de pânico entre os estudantes.
Dentre as causas para o medo da redação podemos apontar o tema, já que este é sempre uma surpresa e revelado no momento das provas, como também as regras e critérios de correção que, apesar de serem bastante específicos, claros e criteriosos, muitos estudantes não se atentam a eles.
Para avaliar estes itens, o Exame conta com cinco competências em sua Matriz de Referência. O candidato do Enem deverá abordar e/ou aplicar as mesmas em seu texto. Abordaremos aqui o que determina a competência de número 1.
A competência 1 estabelece que é necessário demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita. Nesta competência, faz-se necessário a aplicação de alguns itens linguísticos da maneira correta, como o uso da crase, concordância, regência, colocação pronominal e pontuação. E são nestes que os candidatos cometem os maiores deslizes e erros em seus textos
Saiba mais sobre as competências avaliadas na redação do Enem!
Pensando em auxiliar na preparação, o professor de Redação do QG do Enem, Raphael Torres, parceiro do Brasil Escola, listou alguns dos erros mais cometidos pelos candidatos nesses itens. Confira:
1. Crase
No caso do uso (ou não) da crase, o que mais tem chamado a atenção é a utilização de forma incorreta. Com receio de contrariar o que a norma exige, o candidato utiliza mais do que o necessário pelas regras.
Usar o acento grave em contextos nos quais, na verdade, seu uso é condenado, principalmente diante de verbos ou palavras femininas que, apesar do gênero, não aceitam o acento grave anteposto, como, por exemplo, “ela” estão entre os erros mais comuns.
Ex:A mulher contemporânea exige que se proporcione à ela (crase desnecessária) o mínimo de condições para o exercício de seu trabalho com dignidade e respeito.
Quero uma pizza à moda italiana (Certo)
Fui à farmácia comprar meu remédio (Certo)
2. Concordância
Neste quesito, de acordo com o professor, não têm sido tão grandes os problemas observados em correção. Entretanto, no que se refere à concordância verbal, os desvios aumentam.
O fato de o candidato optar pela inversão da ordem direta de certas orações explica muitos dos desvios gramaticais cometidos em redação, já que, como o sujeito sai de sua posição original, aumenta a tendência de ser ignorado na escolha da conjugação verbal.
Ex. São necessárias mudanças urgentes. (Certo)
É necessário mudanças urgentes. (Errado)
3. Regência
Alguns verbos, por contarem com mais de uma regência, confundem os candidatos quanto ao uso, chegando a comprometer, dessa forma, mais do que a gramática, mas também a coerência do texto.
Ex. Assisto ao jogo com meu pai. (Sentido de ver, mais tradicional no contexto da frase em questão)
Assisto o jogo com meu pai. (Sentido de ajudar, normalmente involuntário no contexto da frase em questão, porém não necessariamente equivocado, gerando provável incoerência).
4. Colocação Pronominal
O professor Raphael explica que a norma gramatical deriva de um uso do Português prioritariamente europeu num primeiro momento e, mesmo com a evolução das regras e da constante adaptação ao contexto linguístico, algumas imposições permanecem, como o uso dos pronomes oblíquos predominantemente posteriores ao verbo em Portugal (ênclise) e principalmente anteriores no Brasil (próclise).
Talvez isto possa explicar a expressiva quantidade de próclises em inícios de frase ou posteriores a pontuações de pausa, estruturas condenadas gramaticalmente.
Ex. Produzem-se novos caminhos de resolução diariamente. (Certo)
Se produzem novos caminhos de resolução diariamente. (Errado)
5. Pontuação
Com a evolução do texto escrito, sinais de pontuação que um dia já foram marcas respiratórias, hoje se tornaram organizadores de períodos e parágrafos. Porém, muitos candidatos ainda optam por fazer de vírgulas e outros sinais elementos marcadores de ênfases e pausas, comprometendo seriamente bases gramaticais.
Ex. Setores da iniciativa privada fortalecem a economia quando em
parceria com o Estado. (Certo)
Setores da iniciativa privada, fortalecem a economia quando em parceria
com o Estado. (Errado)
Vale lembrar que o Enem considera uma boa redação aquela que demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro. Desvios gramaticais ou de convenções da escrita são aceitos somente como excepcionalidade e quando não caracterizam reincidência.
Por isso, é preciso ficar atento e tomar muito cuidado ao escrever, já que o Enem não permite que o candidato tire zero na redação. O texto é decisivo e muito importante. Cuidados devem ser tomados para que ele não seja zerado.
E, além de cuidar da ortografia e gramática, é preciso caprichar na caligrafia da redação do Enem. De nada adianta um texto bem escrito se a letra não for legível. Bons estudos e boa sorte!