Brasil Colônia no Enem
Com certa frequência, caem temas relacionados com o período do Brasil Colônia no Enem. É preciso estar atento ao modo como as questões são construídas.
O período da história do Brasil denominado de “Brasil Colônia” tem uma extensão temporal de trezentos e oito anos – contando a partir do ano do descobrimento, 1500, até o ano da chegada da Família Real Portuguesa, em 1808 (ocasião em que o Brasil deixou de ser colônia e tornou-se parte do Reino Unido português). Por ser um período muito extenso, muitos temas podem ser explorados no Enem.
Inicialmente, devemos assinalar que o Enem costuma elaborar as questões de História (que estão dispostas no grupo de “Ciências Humanas e suas Tecnologias”) a partir de diretrizes discutidas nos chamados Parâmetros Curriculares Nacionais. Tais diretrizes (ou orientações didáticas) procuram abordar questões como autonomia, diversidade, interação, cooperação, cidadania, direitos das minorias etc. Portanto, questões que envolvam temas relacionados com o Brasil Colônia, como exploração do pau-brasil, instituição dos Governos-gerais, montagem do sistema econômico açucareiro, as missões jesuíticas, as bandeiras e a corrida do ouro, a escravidão (indígena e negra), etc., sempre estarão de algum modo relacionadas com alguma diretriz.
Vejamos, por exemplo, uma questão sobre a relação entre os índios e os jesuítas do Enem de 2014:
Questão 15 do ENEM de 2014, extraída do caderno 1, cor azul
O texto de Jorge Caldeira, que abre a questão, apresenta a tensão que existia entre colonos portugueses – que objetivavam a exploração da terra e a descoberta de riquezas naturais – e os jesuítas, que buscavam expandir a fé católica no “Novo Mundo”. No centro da contenda entre esses dois grupos, estava a figura do índio – que, inicialmente, era apresado pelos bandeirantes e servia como mão de obra escrava para os colonos portugueses. Os jesuítas, por outro lado, procuravam entender o modo de vida dos nativos, seus costumes, sua forma de organização social etc. É certo que o objetivo maior era convertê-los à fé católica, mas havia um esforço de compreensão, e foi esse esforço que levou os religiosos a aprender a língua tupi e a formular a “língua geral”, uma língua intermediária. Mais detalhes sobre esse tema podem ser vistos neste link: Jesuítas x Bandeirantes.
Perceba que a questão pede para o candidato identificar a forma de mediação entre os jesuítas e os indígenas – que, como já assinalamos, foi o conhecimento da língua. O que o Enem espera do candidato é que ele seja capaz de perceber como elementos culturais, como a língua, podem ser um fator de sociabilidade, isto é, de abrandamento das diferenças e da violência entre grupos de indivíduos distintos.