Abandono do curso é três vezes maior entre não beneficiados pelo Fies

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Dados divulgados fazem parte do Mapa do Ensino Superior no Brasil 2016.

Em 31/08/2016 14h39
Por Lorraine Vilela Campos

O abandono do curso superior no primeiro ano é três vezes maior entre os não beneficiados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A informação faz parte do Mapa do Ensino Superior no Brasil 2016, o qual foi divulgado na última segunda-feira, 29 de agosto, pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp). 

De acordo com o Mapa, os dados referentes a 2014 mostram evasão de 7,4% entre os usuários do Fies, enquanto o abandono entre os não benefíciados representa 25,9%. Já nas universidade públicas a taxa é de 18,3%.

Motivos

De acordo com o Semesp, o maior abandono dos estudantes que não possuem o financiamento está ligado à menor segurança financeira e incerteza quanto ao curso que está fazendo. Quem é beneficiado pelo Fies geralmente está na graduação que deseja e tem maior compromisso em permanecer matriculado. 

Segundo o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, a menor evasão dos beneficiados pelo Fies é um indicativo da necessidade da criação e manutenção de políticas públicas de acesso ao ensino superior, cujo objetivo seja atender aos jovens que não possuem condições de arcar com os custos integrais de uma graduação. 

Para o MEC, o Fies é importante, mas não é o único meio de evitar o abandono escolar. A nota divulgada pela assessoria de imprensa do órgão ressalta que "a evasão no ensino superior é um problema de alcance mundial e de natureza múltipla, envolvendo desde a dificuldade financeira até questões como qualidade dos cursos, atendimento, expectativa do aluno, repercussão de empregabilidade, entre outros fatores".

Evasão

Entre os cursos, a maior evasão está nas licenciaturas e Engenharias. As licenciaturas apresentam maior abandono por não serem as graduações mais desejadas, enquanto a Engenharia exige do universitário uma base escolar que ele muitas vezes não tem. 

Ociosidade

O número de matrículas efetivadas tem apresentado queda. Segundo o Semesp, 8% das vagas oferecidas em 2015 não foram preenchidas, enquanto o primeiro semestre de 2016 registrou uma ociosidade de 41% das 250 mil oportunidades disponíveis no período. 

Para o representante do Sindicato, entre os motivos da baixa adesão estão a dificuldade de conseguir 100% do financiamento, o que torna o Fies menos atrativo para os jovens da classe C; a prioridade do Ministério da Educação (MEC) para cursos não muito procurados, como as licenciaturas; além das regras adotadas para a concessão do benefício. 

A segunda edição do Fies 2016 contou com 75 mil oportunidades. Após a chamada regular, o MEC abriu as inscrições para o preenchimento das vagas remanescentes. O prazo varia conforme a modalidade em que o estudante esteja incluso. 

Inadimplência

Dados do Semesp mostram um aumento de 7,8% para 8,8% de alunos inadimplentes, entre os anos de 2014 e 2015. Entre os motivos dos atrasos nos pagamentos estão os cortes no Fies e a crise econômica atual. O índice registrado é o maior desde 2010. 

A dificuldade em arcar com os custos das mensalidades acaba impedindo estudantes pré-selecionados no Fies de concluirem suas matrículas, já que a concessão parcial do benefício não evita a inadimplência em alguns casos.