Brasileiro vence a Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica 2020

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Eduardo de Toledo começou a participar de competições científicas aos 12 anos e já conquistou 16 medalhas.

Em 04/12/2020 07h00
Por Adriano Lesme
Eduardo Toledo foi medalhista de ouro na OLAA 2020
Crédito da Imagem: Arquivo pessoal Eduardo Toledo

O estudante Eduardo Henrique Camargo de Toledo, de 16 anos, ficou em primeiro lugar na classificação geral da edição de 2020 da Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA). O feito garantiu medalha de ouro para o brasileiro natural de Valinhos/SP, mas atualmente morando em Campinas/SP.

A OLLA 2020 seria realizada no Equador, mas ocorreu pela internet devido à pandemia de coronavírus. A competição contou com quatro provas, sendo duas teóricas, uma observacional e uma de foguete amadorismo, as duas últimas simuladas por meio de softwares. A final aconteceu no último domingo, 29 de novembro, e o resultado saiu no começo dessa semana.

Apesar da medalha de ouro individual conquistada por Eduardo, a olimpíada é disputada por equipes. O time brasileiro foi formado por cinco membros escolhidos através da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). “Eu venci, mas gostaria de parabenizar o esforço dos demais competidores brasileiros”, comentou o medalhista de ouro.

Saiba como participar de Olimpíadas Científicas

A preparação para uma olimpíada internacional, como é a OLAA, dura quase um ano. Eduardo conta que participou de um processo seletivo com treinamentos, aulas, listas de exercícios e cerca de 20 provas. Na preparação, teve ajuda do professor de Física do Colégio Oficina do Estudante, Giuliano Perina Spazziani, que também ensina Astronomia.

A disciplina de Astronomia não faz parte da grade do ensino médio, mas alguns conceitos são vistos nas aulas de Física. “Os alunos aprendem desde a origem histórica da Astronomia, passando pelo estudo e reconhecimento de constelações, à origem do Sistema Solar, de galáxias e estrelas, movimentos da Terra, fenômenos astronômicos como eclipses, e os efeitos e consequências que podemos sentir aqui em nosso planeta”, explica Spazziani.

Nas aulas de Astronomia são abordados ainda tópicos relativos às máquinas e equipamentos utilizados para a observação, conhecimento e conquista do espaço, bem como abordagens históricas dessa evolução tecnológica. Segundo o professor, a aplicação desses conhecimentos pode servir para futuras carreiras, como Astronomia, Astrofísica, Física e até profissões ligadas às Engenharias.

Enorme potencial

O professor Giuliano Spazziani revela que percebeu a dedicação de Eduardo desde que o estudante conseguiu a bolsa de 100% no colégio, há dois anos. “É muito fácil de perceber que ele leva muito a sério os estudos e que tem um enorme potencial de desenvolvimento. Tenho certeza que será bem-sucedido em sua jornada”.

A jornada de Eduardo em olimpíadas científicas não começou agora. Atualmente no segundo ano do ensino médio, o estudante participou de sua primeira competição quando estava no sétimo ano do ensino fundamental, a Olimpíada Canguru de Matemática. No oitavo ano, entrou também na Olimpíada de Matemática da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Nesses cinco anos de participação, foram 15 medalhas, agora 16, entre olimpíadas regionais e nacionais de Matemática, Física e Ciências. Essa foi a primeira medalha internacional de Eduardo.

Diferente da maioria dos participantes de olimpíadas de Física e Astronomia, que demonstram desde cedo o interesse pela matemática, Eduardo diz que não foi o seu caso. Ele preferia as Artes e a Filosofia.

“No sexto ano, me apaixonei pela Filosofia dentro das Ciências Exatas: compreender a matemática e a natureza são formas de entender nossa lógica/razão e nossa própria existência”. (Eduardo Henrique de Toledo, medalhista de ouro na OLAA 2020).

O estudante de Valinhos entrou por acaso na Olimpíada Canguru de Matemática e não saiu mais das competições. “Eu entrei para as aulas olímpicas porque elas eram um reforço para as matérias da escola. Não era um objetivo inicial participar das olimpíadas, mas entrei porque não tinha nada a perder” – explica Eduardo.

Torcida do ministro

Antes de participar da OLAA 2020, Eduardo contou com a torcida de uma ilustre personalidade: Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro e atual ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações. Em uma rede social, o ministro citou a participação do estudante na olimpíada e desejou que ele conseguisse um desempenho excepcional. Deu certo!

Crédito: reprodução Facebook

Na próxima terça-feira, 8 de dezembro, Eduardo encontrará pessoalmente com o ministro Marcos Pontes, em Brasília. “Nenhum leitor tem noção de como fico contente e honrado de receber esse convite”, afirmou o medalhista.

Vantagens e futuro

Eduardo revela que o estudo para olimpíadas científicas, por envolver matemática e ciências, auxilia na preparação para vestibulares. Por exemplo, o estudante diz não ter dificuldade com questões mais difíceis, por já estar acostumado a resolvê-las em olimpíadas.

Uma outra vantagem apontada por Eduardo é poder concorrer em vestibulares exclusivos para participantes de olimpíadas científicas, como é o caso da Unicamp, Fuvest e Unesp. “E, quando estiver dentro da universidade, vagas para iniciação científica, por exemplo, também serão mais fáceis devido ao meu currículo acadêmico”.

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Um dos objetivos de Eduardo é o Vestibular do ITA

E não é só na carreira acadêmica que a participação em olimpíadas científicas traz vantagens. O estudante conta que, no âmbito pessoal, o estudo da matemática e das ciências permite uma melhor compreensão do mundo físico, além de ser uma experiência filosófica que ajuda a construir uma percepção da realidade mais complexa e madura do que sem esse conhecimento.

Eduardo ainda está no segundo ano do ensino médio, mas já faz planos para o futuro. Ele quer se formar em um curso relacionado às áreas de Astronomia e/ou Astrofísica, e um objetivo é passar no vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). O medalhista também não descarta estudar no exterior.

Dicas

Para quem quer entrar no universo das olimpíadas científicas, Eduardo aconselha começar pelas provas anteriores. Uma outra dica é participar de aulas específicas para olimpíadas, caso sejam oferecidas pelo colégio. “Você não pode desistir se não conseguir um bom resultado de primeira. Conquistas na primeira vez são a exceção da exceção”, conta o estudante.

Veja todas as dicas dadas pelo medalhista de ouro da OLAA 2020:

  • Resolva exercícios.
  • Faça as provas anteriores.
  • Seja organizado.
  • Controle a ansiedade durante a prova.
  • Lembre-se: não importa o quanto você estude. Haverá questões que você não conseguirá fazer, e tudo bem. Você vai conseguir aprender e inclusive estudar enquanto faz a prova.