Aos 64 anos, enfermeiro passa no vestibular de Medicina
Francisco sente-se pronto para iniciar esta nova etapa da sua vida
Fazer prova de vestibular no dia do aniversário foi um acontecimento importante para Francisco Almir Freitas Brito, de Fortaleza (CE). O presente foi a aprovação, aos 64 anos, para Medicina, no Instituto de Educação Médica (Idomed), no município de Quixadá.
Receber a notícia da aprovação foi a maior alegria do mundo para o cearense, que é natural de Paramoti, no interior do Ceará. “Estava de férias com a minha esposa em Caxias do Sul (RS) quando vi o e-mail com o resultado”, relembra.
Graduado em Enfermagem há 32 anos pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), Francisco foi enfermeiro público municipal, estadual e federal. Ele se aposentou do Hospital Universitário da Universidade Federal do Ceará (UFC) em 2018.
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Mesmo atuando como enfermeiro ainda, no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), ele quer ajudar cada vez mais as pessoas.
Segundo o cearense, ser enfermeiro é ter uma missão na vida. Profundo admirador da carreira de Enfermagem, ele sentiu que tinha chegado no seu topo profissional. Então, resolveu tentar o vestibular para o curso de Medicina.
“Resolvi na minha aposentadoria que eu não deveria parar, pois tenho muita disposição. Senti que tinha que fazer algo mais porque, depois que me aposentei, não estava conseguindo mais ajudar as pessoas com mais frequência. Por esse motivo, quis estudar Medicina."
O sonho de cursar Medicina, de acordo com o enfermeiro, não é só dele, mas, também da esposa, dos três filhos e dos amigos que estão presentes no seu dia a dia.
O cearense se sente pronto e motivado para dar início a essa nova etapa da sua vida, que sempre foi feita de muitos desafios. “As aulas começam em agosto. Já estou com casa alugada e matrícula feita na universidade. Pronto para começar”, comemora.
Preparação para vestibular de Medicina
A preparação de Francisco para o vestibular do curso de Medicina durou quatro anos. Ele participou de vários vestibulares e fez o Enem para tentar passar em uma universidade pública. Conseguiu passar em algumas instituições particulares, mas nenhuma no Ceará, o que impossibilitou sua matrícula.
Conversando com a esposa, o cearense detectou que, embora estudasse muito tempo (das 15h às 22h), o seu método do estudo estava errado e tinha pouca produtividade.
“Percebi que a melhor maneira de me preparar para o vestibular do curso de Medicina era focar em uma única faculdade e fazer as provas e redações de vestibulares anteriores”, comenta o enfermeiro.
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Além disso, Francisco estudou por meio de cursinhos, professores particulares e videoaulas. Inclusive, assistiu a várias aulas do Canal do Brasil Escola no YouTube.
Como o vestibular que o cearense queria passar era pela internet, ele treinou escrever várias redações digitando. O resultado foi que, com a redação valendo 40 pontos, ele obteve 36, o que equivale a 90% do valor da prova.
O objetivo foi atingido: passar para o curso de Medicina na cidade de Quixadá, no Ceará. “Escolhi esse local pois consegui transferir meu emprego para esse município, unindo assim o útil ao agradável”, analisa.
Nunca é tarde
Conforme Francisco Almir Freitas Brito, nunca é tarde para correr atrás dos sonhos. Para as pessoas de sua faixa etária que acham que está tarde para fazer algo ou mesmo quem tem 40 ou 50 anos e se acha velho, o enfermeiro reforça que o corpo pode não estar bem, mas a cabeça sim precisa estar em forma.
“Quanto mais uma pessoa de idade estuda, trabalha, se torna ativa, melhor é a cabeça dela. Mais a pessoa tem capacidade de raciocinar, de dirigir sua vida, se cuidar, de treinar”, acredita Francisco.
O cearense analisa que uma coisa é querer algo; outra, é realmente lutar para conseguir aquilo que deseja. Ele ressalta a máxima: se você não faz por você, quem faz por você?
“Eu trabalhei e estudei ao mesmo tempo e ainda durante a pandemia do coronavírus. Não considero que tive despesas com os estudos, e sim fiz um investimento”, acredita.
Francisco deve terminar o curso de graduação de Medicina aos 70 anos. A princípio, ele planeja atuar como clínico geral durante 10 anos. "Se tiver saúde, quero continuar ajudando as pessoas".