O tema da redação do Enem 2017, Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil, foi uma escolha acertada na visão de colégios e cursinhos pré-vestibulares. A prova foi aplicada ontem, 5 de novembro, junto com as questões de Linguagens e Códigos e Ciências Humanas.
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De acordo com o Colégio Oficina do Estudante o tema foi relevante para todos aqueles que pensam coletivamente e no bem-estar de todos. “Em época de tanta intolerância e com a decisão judicial que proíbe o Enem de anular textos que desrespeitem os direitos humanos, a escolha do tema foi importante para uma sociedade que se preocupa com a garantia do direito de todos”, comentou o colégio de Campinas/SP.
O Colégio MOPI, do Rio de Janeiro, também aprovou a escolha: “O tema é muito bom, pois foge ao que muitos previam e também porque abraça um assunto que foca em minorias”. A professora de língua portuguesa e redação do colégio, Tatiana Nunes de Lima Cama, também destacou a opção do Inep por um tema específico, no caso voltado para os surdos, em vez de abordar todos os portadores de necessidades especiais, o que não é comum nos temas de redação.
Tema difícil
Nas redes sociais, a maioria dos estudantes também elogiou a escolha do tema, mas o consideraram difícil. Entre as reclamações, eles destacam que o assunto é pouco debatido em sala de aula e que somente quem tinha conhecimento específico sobre o tema faria uma boa redação.
O que deveria ter na redação
O Brasil Escola ouviu alguns professores de redação, que comentaram como o participante deveria abordar o tema para conseguir uma boa nota. Veja o que falaram os especialistas:
- O estudante poderia ter se atentado à palavra “desafio". O substantivo se refere a algo que “precisa ser conquistado”, a algo que “ainda não se tem, mas que se almeja”; a palavra remete a algo que “é difícil de ser conseguido”.
- O aluno poderia ter imaginado nos seguintes questionamentos: “Por que a formação de surdos no sistema educacional brasileiro ainda não é uma realidade?”, ou “Qual a situação atual da inclusão de surdos no sistema de educação do país?”, ou ainda “Quais as razões que explicam a não inclusão efetiva de surdos nas instituições educacionais do país?
- A lamentável verificação de que, no Brasil, a teoria não se torna realidade prática é um desses entraves que poderia ser utilizado no trabalho argumentativo da dissertação.
- No Brasil, não há preparo de profissionais especializados para o processo de ensino-aprendizagem das pessoas com necessidades especiais de audição.
- O estudante deveria usar os dados da coletânea (a Lei, o gráfico, imagem e o histórico) para justificar sua proposta.
- Na primeira coletênea, havia detalhes do Capítulo IV da Lei que poderiam ser utilizados na elaboração da proposta de intervenção social.
- Os números do gráfico poderiam orientar o candidato na delineação de um panorama quanto à questão abordada pela prova.
- A imagem poderia ter ajudado o participante a entrar em contato com o fato de que é preciso combater a exclusão dos surdos também após o período de formação educacional.
- O estudante poderia aproveitar o último trecho da coletênea, um “histórico” relativo ao direito à educação dos surdos no Brasil.
- O aluno atento poderia seguir pelo viés de educação e inclusão, obviamente sem perder o foco do tema, que são os surdos.