Estudar Medicina em países com processos seletivos mais justos
Argentina, República Checa e Espanha são opções para brasileiros que querem estudar Medicina no exterior.
A Medicina é uma das áreas de estudo mais concorridas pelo mundo inteiro. Além disso, também é uma das que exige mais anos de estudo para poder começar a exercer a profissão. Nada disso impede que milhares de estudantes escolham a medicina como sua paixão e dediquem-se arduamente para se tornarem médicos – começando pelo difícil processo de seleção.
No Brasil, o número de médicos cresceu 23% nos últimos sete anos, de acordo com o censo médico. As provas seletivas são as mais competitivas do país e o panorama não é muito diferente nos Estados Unidos e na Europa, onde encontram-se as principais Escolas de Medicina do mundo.
Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, a medicina é considerada uma área de pós-graduação. Isto significa que, a fim de começar a estudar para se tornar um médico, qualquer estudante precisa, primeiramente, concluir uma graduação de no mínimo três anos em qualquer outra área que contenha algumas disciplinas específicas relacionadas à saúde na grade curricular.
Por isso, para quem escolhe a medicina como meta de vida e pretende dar início aos estudos no exterior, trouxemos a seguir, três opções de países com cursos de alta qualidade, mas processos seletivos que podem ser considerados mais justos por diferentes fatores.
1. Argentina
A Argentina tornou-se um destino bastante procurado pelos estudantes da América Latina nos últimos anos para a área de medicina. Os hermanos têm algumas das melhores escolas médicas do continente, como a Universidade de Buenos Aires (UBA), a Universidade Nacional de Rosário e o Instituto Universitário do Hospital Italiano.
No caso das duas universidades, por serem públicas, elas são gratuitas. Na UBA, existe algo chamado Ciclo Básico Comum (CBC). Trata-se do primeiro ciclo de estudos universitários para todos os cursos de graduação. O estudante conclui em um ano seis disciplinas relacionadas ao curso desejado. Depois, se aprovado nestas matérias iniciais, ele pode se matricular na universidade. Isso vale para todas as áreas de estudo da UBA, inclusive a de medicina.
Segundo o site oficial da instituição, “o CBC tem um sentido orientador para que os alunos possam comprometer-se realmente com um curso específico despois de um ano de vida universitária, tendo assim oportunidade de conhecer o campo de estudo e aplicação de várias especialidades, bem como as possibilidades de trabalho reais para os graduados”.
Mesmo no Instituto Universitário do Hospital Italiano, uma instituição paga, você investirá muito menos do que em uma universidade brasileira – uma média de aproximadamente R$ 2.700 mensais – e a seleção é feita por meio de um processo chamado de Nivelamento e Orientação, com curso online e participação em três testes presenciais de nível biológico, indivíduo e família, e comunidade.
Saiba mais sobre o Ciclo Básico Comum na Argentina
2. República Tcheca
A República Tcheca costuma ser um destino de estudo comum para portugueses que não conseguem uma média suficiente para ser admitido em medicina em seu país. Mas engana-se quem acredita que o curso em uma universidade tcheca não é tão rígido quanto em Portugal, ou em qualquer outro país.
No entanto, estudar medicina na República Tcheca é, de fato, um tantinho diferente do resto do mundo. Ao se formar no ensino médio, os estudantes se matriculam em um programa de cinco a seis anos de duração que resulta em um mestrado. Após a conclusão deste diploma de mestrado, eles têm a opção de continuar os estudos em um doutorado (PhD) ou se matricular em um programa de treinamento especializado – mas, para isso, será necessário ter proficiência na língua tcheca, enquanto o mestrado e o doutorado podem ser cursados em inglês.
A Universidade Carolina de Praga (Charles University) é uma das mais antigas instituições de ensino superior do mundo, fundada em 1348. Ela tem cinco faculdades de medicina – três em Praga, uma em Pilsen e uma em Hradec Kralove. São instituições independentes com instalações médicas próprias e todas oferecem cursos ministrados em inglês.
O processo seletivo costuma incluir uma prova de múltipla-escolha de biologia, química e matemática. Os candidatos que atingem média suficiente passam por uma entrevista oral para que os avaliadores conheçam suas motivações e personalidades. Portanto, trata-se de uma seleção mais holística e, consequentemente, mais justa do que depender apenas de um vestibular.
A má notícia é que a Charles University exige dos candidatos internacionais um diploma de bacharelado em uma universidade reconhecida; ou um Bacharelado Internacional com boas notas em disciplinas de biologia, química ou física; ou três A-Levels; ou um programa de pre-med oficial de um ano para admissão em medicina.
Saiba mais sobre a Charles University na República Tcheca
3. Espanha
Na Espanha, o seu rendimento escolar pode definir a sua admissão em um curso de medicina. Isto porque as universidades públicas espanholas consideram a soma de duas notas para a seleção de estudantes: a nota no teste de admissão, chamado Selectividad, que é bem similar ao vestibular brasileiro; e a média atingida durante o ensino médio. Quanto mais concorrido o curso, maior será a média de corte.
Por isso, os estudantes que pretendem cursar medicina têm a chance de começar a se preparar cedo, caprichando no desempenho escolar ao longo do ensino médio, porque isso será decisivo para o processo seletivo na Espanha.
Já as universidades particulares conferem pesos diferentes às duas notas. Tanto instituições públicas quanto particulares são pagas, estas últimas cobrando substancialmente mais – cerca de 25 – dos estudantes. O curso de medicina dura seis anos gerais na Espanha e mais alguns anos de especialização.