Entenda a triste realidade do Haiti

O país economicamente mais pobre das Américas sofre com desastres naturais e é praticamente governado por milícias, inclusive teve o presidente assassinado recentemente.

Haiti sofre com pobreza extrema e sem grandes perspectivas de melhora
Crédito da Imagem: Sandra Foyt / Shutterstock

O Haiti é o país economicamente mais pobre das Américas. Possui problemas socioeconômicos semelhantes aos de algumas nações africanas, como o de acesso a serviços de saneamento a apenas uma pequena parcela dos domicílios, a população em sua grande parcela sofre com a desnutrição, possui baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e quase metade dos habitantes são analfabetos.

Além disso, o país sofre com desastres naturais, como terremotos e furacões, e é praticamente governado por milícias, inclusive teve o presidente assassinado recentemente.

De acordo com dados do Banco Mundial, o país viveu uma recessão de 1,9% em 2019. No ano passado (2020) isso se agravou, chegando a 3,8% em decorrência da pandemia de Covid-19.  

História do Haiti

O Haiti faz fronteira terrestre com a República Dominicana (a leste), estando localizado na porção oeste da ilha de Hispaniola, no mar do Caribe, na América Central. O país ocupa um território com cerca de 27.750 Km², área equivalente ao estado de Alagoas.

Antes da chegada dos espanhois, o território era habitado por nativos (índios). Estes foram escravizados e, depois, dizimados pelos europeus. Com o extermínio dos índios, africanos foram trazidos para serem escravizados.

Em 1697, com o declínio do império espanhol, o Haiti passou a ser controlado pela França. Em quase 100 anos, a economia da região se baseava praticamente no trabalho dos escravos negros, que eram a grande maioria da população: 500 mil contra 32 mil brancos. Essa superioridade foi fundamental para a Revolução.

O Haiti fica localizado na América Central e faz divisa com a República Dominicana

Política

A abolição da escravidão ocorreu em 1794, e, em 1° de janeiro de 1804, o país obteve sua independência, sendo a primeira República Negra das Américas e o primeiro país latino-americano a conquistar a independência.

Contudo, logo depois o país passou por uma série de governantes ditadores e golpes militares, atuando com repressão e muita violência aos opositores. 

As primeiras eleições democráticas no país aconteceram em 1990. Desde então, o Haiti teve 14 presidentes, mas apenas três deles completaram o mandato de cinco anos. 

Em fevereiro de 2004, o Haiti passou a ter intervenção de forças militares da Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de tentar pacificar o país que estava à beira da guerra civil, sendo o Brasil o país responsável pelo processo de pacificação no território. A Minustah, missão que deveria durar meses, estendeu-se até 2017.  

Foi decidido pelo término da missão em 13 de abril de 2017, num processo gradual de remoção até o esvaziamento das tropas militares, que foi encerrado em 15 de outubro do mesmo ano.

Após 13 anos, as tropas da ONU conseguiram evitar conflitos de grandes proporções, mas a missão não conseguiu acabar com as grandes divisões políticas, que foram agravadas pelo quadro grave de miséria.

Presidente assassinado e milícias

O então presidente do Haiti, Jovenel Moïse, foi torturado e morto a tiros em sua casa, em Porto Príncipe, na madrugada de 07 de julho. Até o momento, as investigações apontaram, pelo menos, 26 detidos e dez foragidos, com envolvimento de cidadãos dos Estados Unidos, Colômbia, Equador e Venezuela. 

As autoridades prenderam o médico haitiano-americano Christian Emmanuel Sanon, de 63 anos, que mora na Flórida. Ele é acusado de ter contratado mercenários para derrubar e substituir o presidente Moïse, que já havia alertado em entrevista sobre a existência de um plano para acabar com sua vida.

A morte de Moïse agravou ainda mais a crise institucional em que o Haiti está vivendo. A oposição haitiana alega que o mandato de Moïse deveria ter terminado no dia 07 de fevereiro, cinco anos após a renúncia de seu antecessor, Michel Martelly. Mas, como a saída deste último foi adiada por um ano, Moïse insistia que deveria permanecer no poder até 2022 porque só tomou posse em fevereiro de 2017. 

O governo de Moise prendeu 23 pessoas que, segundo ele, haviam tentado dar um golpe de Estado e colocar um ministro da Suprema Corte do país na presidência. O Haiti deveria ter realizado as eleições parlamentares em outubro de 2019, mas a falta de acordo as atrasou e Moïse passou a governar por decreto.

Já a Constituição haitiana estabelece que, na ausência do presidente, é o presidente do Supremo Tribunal Federal que deve assumir temporariamente o comando do país. Porém, o juiz René Sylvestre morreu de Covid-19 recentemente.

Enquanto isso, gangues tentam controlar as regiões mais populosas da cidade de Porto Príncipe com violência.

Desastres naturais

Em janeiro de 2010, o Haiti foi atingido por um terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter, ocasionando na morte de mais de 120 mil pessoas. Na época, o país recebeu dinheiro para se reconstruir, mas os serviços públicos continuaram sendo deficientes e precários.

Recentemente, novas tragédias naturais assolaram o país. Terremotos de magnitude 7,2, 4,9 e 5,9 atingiram, respectivamente, o Haiti. Além deles, o ciclone tropical Grace também passou pela região deixando milhares de mortos e cenários devastadores.

O governo informou que mais de duas mil pessoas morreram, 12 mil ficaram feridas e mais de 30 desaparecidas. O ocorrido deixou no limite os hospitais, já sem muita estrutura, e os danos bloquearam estradas por onde são transportados suprimentos vitais para as vítimas.

Crise humanitária 

A economia nacional do Haiti é pouco desenvolvida e se baseia em atividades primárias. O principal produto de exportação é o açúcar, o país também cultiva manga, banana, milho, entre outros. Esse segmento da economia emprega a maioria dos haitianos.

Como se não bastassem todas essas dificuldades e tragédias, nos últimos meses o Haiti enfrenta também uma crescente crise humanitária, com escassez de alimentos e aumento nas taxas de violência.

O Haiti vem passando por uma crescente crise humanitária /
Crédito foto: Serhii Mykhalchuk / Shutterstock

O PIB per capita do país é de US$ 1,6 mil por ano, o equivalente a R$ 8,5 mil. Em torno de 60% da população vive com menos de US$ 2 por dia, o equivalente a pouco mais de R$ 10.

Covid-19

A campanha de vacinação de Covid-19 nem começou no Haiti, o que preocupa a Organização Mundial da Saúde (OMS), já que no ano passado o país não enfrentou grandes problemas com a Covid-19, mas em 2021 o coronavírus passou a se espalhar de forma mais agressiva no país.

A testagem também não é eficaz, pois faltam testes e os números de infectados bem como de mortos pela doença que são divulgados não são confiáveis.

O que pode cair em vestibulares e Enem sobre o Haiti?

É importante entender e acompanhar os desdobramentos sobre as questões relacionadas ao Haiti, já que o tema e assuntos relacionados podem ser cobrados nos vestibulares e no Enem.

Fique atento aos seguintes temas:

 

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