Conflitos entre Israel e palestinos em 2021
Estopim do conflito foram as ações de despejo no bairro Sheikh Jarrah e a violência da polícia israelense contra muçulmanos durante o Ramadã.
Em maio de 2021, a rivalidade histórica entre israelenses e palestinos foi acentuada com uma série de conflitos na Faixa de Gaza, território que pertence ao estado da Palestina. Até o momento, cerca de 150 pessoas morreram, sendo a grande maioria palestinos.
O território que compreende a Faixa de Gaza, Cisjordânia e a sagrada cidade de Jerusalém é marcada por conflitos históricos e intermináveis. Além da disputa religiosa entre judeus e muçulmanos, a região tem importância econômica, política e militar para grandes potências, como Estados Unidos e Rússia.
A complexidade do assunto demanda do estudante muita leitura e análise crítica dos fatos. Para te ajudar no estudo para o vestibular e Enem, vamos destacar os pontos mais importantes deste conflito.
Como começou o conflito?
Como dissemos, o conflito entre israelenses e palestinos na região não é de agora. No entanto, considerando apenas o conflito de abril e maio de 2021, tudo começou com ações de despejo de famílias palestinas no bairro de Sheikh Jarrah, que fica em Jerusalém Oriental, com uso da força da polícia de Israel.
Depois da Primeira Guerra Árabe-Israelense, em 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) dividiu Jerusalém em duas partes: a ocidental ficou com o recém-criado estado de Israel; e a oriental com os árabes. Portanto, de acordo com a ONU, Sheikh Jarrah é um bairro pertencente ao estado da Palestina.
Apesar da divisão, muitos judeus ocuparam bairros palestinos ao longo dos anos, assim como existem regiões predominantemente muçulmanas em Israel. Muitos convivem pacificamente, mas as ações de despejo quase sempre terminam em protestos e violência. Foi o que aconteceu em Sheikh Jarrah.
Sheikh Jarrah tem uma grande importância para os palestinos, é como um símbolo de luta pelo reconhecimento do estado da Palestina. Ao mesmo tempo, Israel considera o bairro como um ponto estratégico para a ocupação integral de Jerusalém.
A presença da polícia de Israel em bairros como Sheikh Jarrah e Al-Aqsa continuou durante o Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos. Vários vídeos circularam na internet mostrando a polícia israelense usando spray de pimenta contra muçulmanos palestinos e atirando granadas em mesquitas.
O Hamas, grupo extremista islâmico que controla a Faixa de Gaza, emitiu um ultimato a Israel para retirar suas forças de Al-Aqsa e Sheikh Jarrah, o que não aconteceu. Foi, então, que o Hamas começou a atacar Israel.
Por que acontecem ações de despejo em territórios palestinos?
A divisão de Jerusalém em duas partes não é reconhecida por Israel, que reivindica toda a cidade como sendo sua capital. Inclusive, existem leis israelenses que permitem o confisco de propriedades de palestinos. É por meio dessas leis que acontecem as ações de despejo.
A Lei de Propriedade Ausente permite que Israel confisque propriedade de palestinos que abandonaram ou fugiram de suas casas durante a guerra. Já a Lei de Assuntos Jurídicos e Administrativos permite que judeus que moravam em Jerusalém Oriental antes da divisão de 1948 reivindiquem suas propriedades.
O inverso não acontece, ou seja, palestinos que moravam em Jerusalém Ocidental antes de 1948 não podem reivindicar suas propriedades.
Consequências do conflito
Estima-se que o Hamas tenha lançado mais de 1.000 mísseis e morteiros em Israel, a maioria contra Tel Aviv, segunda maior cidade do país. O sistema antimísseis de Israel, chamado de Domo de Ferro (veja vídeo abaixo), conseguiu interceptar quase todos os foguetes, mas pelo menos dois caíram na cidade, matando duas mulheres e deixando dezenas de feridos.
Por outro lado, o Hamas não conseguiu interceptar a ofensiva militar de Israel, que destruiu alguns prédios residenciais, incluindo um escritório do Hamas, segundo o exército israelense. No último final de semana, Israel destruiu um prédio que abrigava residências e os escritórios da americana Associated Press, maior agência de notícias do mundo, e da emissora Al Jazeera, do Catar.
Até o momento, cerca de 150 palestinos morreram nos bombardeios de Israel, sendo 40 crianças, e mais de 1.000 ficaram feridos. Do lado israelense, 10 mortos e mais de 560 feridos.
A ONU, a União Europeia (UE), o Reino Unido e os Estados Unidos pediram o fim do novo conflito entre Israel e o Hamas. Entretanto, nada foi feito de concreto. Entidades que defendem os direitos humanos alertam que os palestinos não têm condições de se defender de Israel, que possui um poder bélico muito superior ao Hamas.
O Hamas é um grupo terrorista?
O Hamas é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia, Canadá, Japão e Israel. Ele foi fundado em 1987 por um grupo de muçulmanos médicos e pós-graduados para lutar pela formação de um estado islâmico na região (não confundir com o grupo terrorista Estado Islâmico).
O grupo funciona como uma entidade filantrópica, política e militar na Faixa de Gaza. Alguns países, como Austrália e Canadá, consideram apenas o braço armado do Hamas como uma organização terrorista, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam. Por meio da sua atuação militar, o Hamas já cometeu vários atentados contra Israel, matando centenas de pessoas.
O Hamas não reconhece o estado de Israel e, atualmente, considera a luta armada o principal meio de estabelecer um estado palestino islâmico.
O que devo estudar?
Há muito do que ler e aprender sobre o conflito entre palestinos e judeus. Primeiro, é preciso compreender que nem todo israelense é judeu, assim como nem todo palestino é muçulmano ou islâmico. O judaísmo e o islamismo são religiões.
Entenda a diferença entre árabes e muçulmanos
Dito isso, você pode começar estudando pela formação do estado de Israel, passando pelo fim do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial e o nazifascismo na Segunda Guerra Mundial.
Depois, estude as guerras árabe-israelenses que iniciaram a partir da criação do estado de Israel. A Primeira Guerra Árabe-Israelense foi entre 1948 e 1949, seguida pela Guerra de Suez (1956), Guerra dos Seis Dias (1967) e Guerra de Yom Kippur (1973).
Também é importante estudar a Questão Palestina, os conflitos na Faixa de Gaza a partir da década de 90 e os acordos firmados entre israelenses e palestinos, como o Acordo de Oslo e o Acordo Gaza-Jericó.
Por fim, e não menos importante, estude os processos de formação dos movimentos de libertação da Palestina, em especial o Fatah e o Hamas.