Universidades públicas de todo o país estão se manifestando após denúncias de fraudes no sistema de cotas raciais que estão acontecendo desde a semana passada. As denúncias estão ocorrendo principalmente nas redes sociais.
Vários perfis no Twitter foram criados para denunciar fraudes no sistema de cotas raciais de universidades federais e estaduais. Eles divulgam nomes e fotos de pessoas brancas que, supostamente, teriam fornecido declaração falsa para serem aprovados nas vagas reservadas para pretos e pardos.
Um levantamento realizado pelo Brasil Escola encontrou perfis denunciando possíveis fraudes em universidades públicas em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Bahia, Sergipe, Piauí, Rio Grande do Norte, Maranhão, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul e Pará.
As instituições mais citadas foram as do Rio de Janeiro (UFRJ, UFRRJ, UniRio, UFF e UERJ) e a Universidade de Brasília (UnB). A maior parte das denúncias é nos cursos de Medicina.
Nesta segunda-feira, 8 de junho, alguns dos perfis que fizeram as denúncias estavam desativados, mas não sabemos se foi por ação do Twitter ou dos próprios administradores. Os que permanecem ativos excluíram as publicações com nomes e fotos dos possíveis fraudadores, para evitar exposição e processos.
O perfil @fraudadoresMT, por exemplo, publicou um tutorial sobre como fazer a denúncia, que pode ser anônima. A denúncia é encaminhada para a universidade por e-mail e publicada no Twitter sem as informações pessoais do denunciado.
O que diz as universidades
Pelo menos 12 universidades divulgaram comunicados e notas de esclarecimento sobre as denúncias recebidas. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por exemplo, esclareceu que até 2019 a única regra para ingressar como cotista era a autodeclaração, mas que a partir desse ano passou a adotar processos de heteroidentificação, análise socioeconômica e validação da condição de pessoa com deficiência.
A Universidade Federal Fluminense (UFF), uma das mais citadas nas denúncias, afirma que desde 2017 trabalha com comissão de verificação da Autodeclaração Étnico-Raciall. "A Comissão de Heteroidentificação é composta por professores, técnicos-administrativos e estudantes", diz a nota. A UFF pede que as denúncias sejam enviadas pelo sistema da Ouvidoria.
A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) publicou um comunicado parecido com o da UFF, no qual também afirma que adotou a Comissão de Heteroidentificação em 2017 e que recebe e analisa denúncias feitas pela Ouvidoria. A federal do Pará (UFPA) também pediu para os estudantes usarem o canal da Ouvidoria e afirmou que as denúncias recebidas serão "devidamente apuradas".
Também se manifestaram a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e as federais do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), do Maranhão (UFMA), do Rio Grande do Norte (UFRN), de São João del-Rei (UFSJ), do Piauí (UFPI) e de Sergipe (UFS). Todas elas se comprometem a apurar as denúncias.