O intercâmbio mudou a minha vida. Ter vivido 18 meses nos Estados Unidos me ensinou tanta coisa e me trouxe tantos benefícios que é difícil de mensurar, seja no âmbito educacional, profissional ou, principalmente, pessoal. Posso dizer, com firmeza, que também mudou a vida dos meus pais e melhorou o nosso relacionamento. No entanto, não há como negar: a separação não foi fácil. É preciso preparar o emocional para passar o período separados – especialmente se vocês forem apegados. Para mim, a pior parte foi a despedida no aeroporto, tendo noção de que os veria apenas um ano depois (e que acabou por se tornar um ano e meio).
Mas, acredite, por mais doloridas que sejam a despedida e a distância, a experiência vale a pena e fortificará a relação entre vocês. Como ex-intercambista, posso dar a minha visão do lado de quem parte. A fim de trazer ambos os pontos de vista, a seguir, você confere as dicas de duas mães de intercambistas: Sônia Benedet, mãe de Michelle Deuschle, que também foi au pair nos Estados Unidos por 18 meses, e depois retornou para o país para morar na Califórnia, onde reside há cinco anos; e Sandra Prando, a minha mãe!
1. O seu suporte fará TODA a diferença
Desde o início, quando comecei a pesquisar sobre o programa, os meus pais apoiaram a minha ideia. Meu pai me acompanhou à agência para assistir às palestras informativas e acertar os detalhes do intercâmbio. Ele me levou até São Paulo para a entrevista de visto no consulado. Ele e minha mãe me ajudaram com todos os detalhes da viagem. Sem o apoio deles, eu não sei se teria conseguido. A opinião dos meus pais sempre foi importante para mim e se eles duvidassem da minha capacidade de morar longe, talvez eu tivesse desistido.
“Apesar de ser uma situação diferente e difícil para os pais, eles devem apoiar essa decisão dos filhos. O começo vai ser bem difícil, mas com o tempo você vai vendo seu filho se virando sozinho em outro país, e isso é gratificante”, conta Sandra. Sei que me ver partir deve ter sido muito mais dolorido para a minha mãe do que ela deixou transparecer, e eu sou muito grata, porque a força dela me ajudou a ter forças também.
“Deixem os filhos terem voos altos, eles precisam aprender novas culturas e vão crescer com essa experiência. Sempre penso que os filhos longe de início é triste, mas é assim que vão aprender, vão ser fortes e, com os próprios erros, vão crescer e levantar”, compartilha Sônia, que viu a Michelle pessoalmente apenas três vezes desde que ela se mudou para os Estados Unidos.
Com certeza, o pior período do meu intercâmbio foram as duas primeiras semanas. Eu levei um tempo para me adaptar à nova rotina, mesmo tendo uma ótima proficiência no inglês. Nas primeiras ligações por Skype com a minha mãe, eu cheguei a chorar e a duvidar da minha escolha. A reação da minha mãe foi não só me confortar, mas me relembrar também de todos os bons motivos que me levaram a optar por um intercâmbio.
“Se seu filho se apavorar nos primeiros dias, conforte-o. Anime-o a persistir, pois o começo é difícil mesmo, por mais que o seu coração diga o contrário. Ele precisa saber que você estará sempre aqui. Logo ele vai se adaptando e você também”, minha mãe aconselha. A adaptação inicial é diferente para cada um, por isso, permitam-se sofrer no começo. É natural! Logo, vocês se acostumam e criam uma nova rotina.
2. Escolher o curso certo dentre a miríade de opções
Os pais, mais do que ninguém, sabem dizer se o filho está preparado para este tipo de experiência. A oferta de programas de intercâmbio é variada: inclui o high school, que permite cursar o ensino médio (colegial) em uma escola estrangeira; cursos de verão de curta duração; cursos de inglês; graduações e pós-graduações; etc.
Um curso de três meses, por exemplo, pode ser suficiente para trazer inúmeros benefícios e conhecimentos e, ao mesmo tempo, vocês não passam tanto tempo separados. Se o seu filho for mais adulto e independente, não terá tantas dificuldades em passar de três a quatro anos no exterior para concluir uma graduação.
Outra decisão importante é pelo tipo de acomodação: para pessoas mais independentes, um dormitório estudantil dentro do campus ou um apartamento compartilhado com outros estudantes talvez seja uma opção adequada; enquanto a homestay pode ser a melhor escolha para quem preferir morar na casa de uma família local.
Cabe a vocês e ao seu filho/filha conversarem francamente e entenderem qual programa é o mais adequado para ele/ela, considerando valor, duração, acomodação, benefícios, preparo emocional, e vários outros fatores.
No nosso caso, o programa de au pair foi o ideal por diferentes razões: era o mais financeiramente acessível; eu moraria na casa de uma família; teria permissão de trabalhar no país, o que, para mim, era essencial para conseguir me bancar; eu poderia me mudar para os EUA após a conclusão da minha graduação no Brasil; e poderia permanecer por, no mínimo, um ano no intercâmbio.
3. A ajuda financeira trará retornos e há formas de conseguir economizar
Se a sua intenção é enviar o seu filho para estudar no exterior, a melhor coisa a se fazer é começar a planejar com antecedência – e isto também significa economizar. Quanto antes começarem, juntos, a guardar dinheiro para este fim específico, menos pesará na hora do investimento.
Muitas vezes, o desejo de morar em outro país desperta cedo no estudante, desde o ensino fundamental. Com anos de preparo, vocês também tem tempo para pesquisar, encontrar formas de economizar e também de aplicar para bolsas de estudo.
Aqui no canal Estude no Exterior, nós damos algumas dicas de como encontrar bolsas de estudo e economizar durante o intercâmbio. (Leia aqui e aqui, por exemplo.) O importante é ter consciência de que este investimento será de enorme valia na vida do seu filho e que ele trará retornos à vida pessoal e profissional dele. Aquela máxima de que “viagem é a única que você compra e que te deixa mais rico” é totalmente verdadeira.
4. Pesquisem e se informem MUITO
Uma coisa que ajudará a se tranquilizar é estar bem informado. Procure saber sobre a escola na qual seu filho estudará; converse com estudantes que já frequentaram a instituição e, se possível, com os pais deles; pesquise sobre a cidade e o bairro onde ele morará; informe-se sobre valores dos produtos de mercado e quais são os estabelecimentos mais próximos da acomodação do seu filho...
Há inúmeras formas de estar informado a fim de sentir-se mais seguro em permitir que o seu filho se vire sozinho. Não se deixem se assustar por histórias malsucedidas – cada um é cada um e só porque alguém não conseguiu não quer dizer que vocês não conseguirão. De fato, vocês podem usar todos os tipos de relato para aprender ainda mais.
Se preferirem, procurem os serviços de uma agência de confiança para receber orientação e acompanhamento durante o processo. Há também vários sites, blogs e canais no Youtube especializados em intercâmbio, que podem (e devem) ser usados como fonte de informação, como é o caso do Hotcourses Brasil.
Tenha todos os contatos e endereços do seu filho no exterior e qualquer outra informação que possa tranquilizá-lo, como o número do consulado do Brasil no país e da polícia local.
5. Encontrem formas de manterem-se em contato com frequência
Graças ao advento da internet, a distância nem pesará tanto! Com o Whatsapp, Facebook, Instagram, Skype e vários outros aplicativos, vocês podem estar em contato o tempo todo sem gastar quase nada. Eu e minha mãe conversávamos por Skype todas as semanas e eu criei o hábito de escrever um email para ela toda manhã. Era a primeira coisa que eu fazia antes de começar o meu dia de trabalho. Às vezes, eu nem tinha nada novo para escrever, mas era apenas uma forma de nos manter próximas.
“Mantenha contato e converse constantemente com seu filho, via redes sociais, Skype, etc. Isso conforta o seu coração e o dele, além de saber como está indo a rotina dele e se está tudo bem. O Skype é uma excelente ferramenta. Marquem um horário fixo para conversar, bater um papo, falar sobre o dia”, aconselha Sandra.
6. Tudo valerá a pena e o seu filho crescerá imensuravelmente com o intercâmbio
A saudade vai doer. Você vai se preocupar. Você vai querer pedir que ele volte logo. Mas a verdade é que todo o esforço valerá a pena e você sentirá um orgulho imenso de saber que ele/ela aprendeu tanta coisa e cresceu imensamente com a experiência.
“No fim, é gratificante saber que seu filho morou fora, se virou sozinho, aproveitou, e voltou falando outra língua. Além de conhecer outra cultura, conhecer lugares lindos e fazer novas amizades para o resto da vida”, diz Sandra.
“Eles vão se sentir cada dia mais fortes e capazes e se tornarão pessoas dignas do sucesso que vão alcançar devido às escolhas corretas que tomaram. Nesse mundo, tudo é muito competitivo, então, quanto maior a bagagem de informações, o sucesso é garantido no futuro”, opina Sônia.
Desde independência e vivência intercultural até fluência em um idioma estrangeiro e um preparo profissional muito maior, as vantagens são infinitas e o seu filho estará pronto para o próximo passo que desejar tomar.
Dica extra:
Por mais feliz que você esteja com o retorno do seu filho/sua filha, é importante saber que ele/ela precisará de um tempo para se readaptar à rotina de antes do intercâmbio. Com a nova bagagem de vida, vai parecer que tudo permaneceu igual enquanto ele mudou completamente. Tenham paciência e não enxerguem a relutância dele como uma afronta pessoal. Essa fase vai passar, apesar de o período variar bastante de pessoa para pessoa. Nós temos um artigo que explica melhor sobre a “depressão pós-intercâmbio” e como lidar com ela.
Autora: Brenda Bellani