Teoria de Resposta ao Item (TRI) no Enem

Na correção do Enem, mais importante do que o número de acertos é a quais questões o estudante acertou.
Por Rafael Batista

Metodologia TRI é aplicada depois do sistema ler todos os cartões respostas
Metodologia TRI é aplicada depois do sistema ler todos os cartões respostas
Crédito da Imagem: Basar / Shutterstock
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Calcular a nota do Enem não é tão simples como em boa parte dos vestibulares. Acontece que, no Exame Nacional do Ensino Médio, o que define a pontuação não é a quantidade de acertos, mas quais questões o participante acertou, isso graças à Teoria de Resposta ao Item (TRI).

A TRI não é um método utilizado somente no Enem. Nos Estados Unidos, por exemplo, ela é usada no Scholastic Aptitude Test (SAT), uma prova que se assemelha ao exame brasileiro. Nessa teoria, antes da atribuição de uma nota à prova, é criada uma base de dados a partir dos erros e acertos dos estudantes, levando em consideração três aspectos:

- Capacidade de discriminação, distinguindo os candidatos que têm a proficiência requisitada daqueles que não a tem (se o participante é bom em Matemática e/ou Ciências Humanas etc);
- Grau de dificuldade de cada questão: fácil, médio ou difícil;
- Controle de acerto casual (chute).

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Como funciona a TRI

A partir destas informações, o sistema da TRI fornece um gráfico em que constam as questões com maiores e menores números de acertos, sendo possível classificar qual o nível de dificuldade de cada questão. É possível também ver as áreas consideradas mais fáceis.

Nesse contexto, há uma lógica em que o estudante que acertou apenas as questões mais fáceis obtenha uma nota maior do que aqueles que acertaram apenas as questões mais difíceis. Isso acontece porque a TRI entende que um estudante com acertos apenas nos itens mais difíceis tenha mais chance de ter chutado a resposta do que conseguido resolvê-la a partir de seus próprios conhecimentos. 

Quando a nota de uma prova é calculada pela TRI, se sai melhor o candidato que acerta mais questões fáceis e médias do que difíceis, pois o sistema entende que o participante apresentou um comportamento coerente, ou seja, não “chutou”.

Por isso, na TRI é normal que um candidato que acertou 280 questões, por exemplo, receba uma pontuação inferior ao de um participante que acertou 275, pois o segundo pode ter apresentado um padrão de resposta mais coerente.

Crédito da imagem: Poliedro

Então, é melhor não chutar?

Nada disso! Deixar uma questão em branco vale ainda menos que o sistema entender que você chutou a questão. O acerto casual diminui a pontuação em relação ao acerto coerente, mas, se deixar o item sem resposta, não terá a chance de acertar casualmente a questão.

Nota mínima e máxima

Diferentemente do que se possa imaginar, as notas mínimas e máximas do Enem não serão, necessariamente, zero e mil. Isso só acontece na redação. Nas provas objetivas, essas notas variam a cada edição do Enem, pois dependem justamente do gráfico elaborado pelo sistema da TRI depois da leitura de todos os cartões respostas.

Veja: como é calculada a nota da redação do Enem

No entanto, a média das provas fica próxima dos 500 pontos. Isso significa que quanto mais acima da média o estudante ficar, maior o desempenho obtido em relação aos outros participantes. O mesmo vale para as notas que ficarem abaixo da média.