Exposições em museus, redes sociais e polêmicas

Nas últimas semanas, parte da população tem reclamado, pela internet, sobre teor da expressões culturais e artísticas
Em 05/10/2017 16h15 , atualizado em 06/10/2017 14h34 Por Silvia Tancredi

Pessoas estão questionando a inexistência de idade mínima em museus
Pessoas estão questionando a inexistência de idade mínima em museus
Crédito da Imagem: Museu
Imprimir
Texto:
A+
A-
PUBLICIDADE

Exposições retratadas em museus brasileiros têm ganhado repercussão na mídia nas últimas semanas por serem consideradas polêmicas por parte da população. A maioria das opiniões foi expressada nas redes sociais. 

Um dos casos que ganhou destaque na imprensa foi a performance “La bête”, de Wagner Schwartz, realizada no final de setembro, na abertura do “35º Panorama de Arte Brasileira”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Nesse caso, o artista estava nu e o público podia tocá-lo para interagir com ele. 

Na oportunidade, uma criança, acompanhada da mãe, tocou os pés e as mãos do artista. Um vídeo com essa cena circulou pelas redes sociais, gerando acusações de pedofilia. Conforme declaração do MAM, publicada em reportagem na Carta Capital,  a sala onde a performance ocorreu "estava devidamente sinalizada sobre o teor da apresentação, incluindo a nudez artística" e o trabalho "não tem conteúdo erótico". 

Outro caso é a exposição “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, que contava com 270 obras sobre gênero e diferença. Ela foi cancelada no final de setembro, em Porto Alegre (RS), após um mês de exibição, por repercussão negativa. O trabalho foi considerado ofensivo por algumas pessoas, por tocar em temas como blasfêmia religiosa, pornografia e zoofilia.

Por conter tais características, a exibição da mostra foi vetada pelo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, no dia 1º de outubro. Ela seria realizada no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR). O político, que também é um líder evangélico, afirmou que a mostra só seria apresentada se fosse no “fundo do mar”

Como resultado do cancelamento da exposição, 73 instituições culturais do Brasil se reuniram para assinar carta pública defendendo a liberdade artística e de expressão. Confira abaixo um trecho:

"Limitar e impedir artistas, curadores e instituições é uma clara política de retrocesso face ao processo histórico que implantou um estado democrático de direito no Brasil."

Palco de inúmeras expressões artísticas e culturais, o museu é considerado o espaço adequado para receber exposições e exibições das mais variadas temáticas. Vale destacar que as opiniões dos espectadores não precisam ser só positivas, mas, é importante respeitar tanto a cultura como a arte ali representadas.

Saiba como é a visita a museus

Contudo, hoje, especialmente nas redes sociais, algumas pessoas se veem no direito de expressar opiniões exageradas, preconceituosas e até desrespeituosas sobre qualquer tema. No caso dos museus, até quem não entende de arte sentiu-se no direito de dar o seu palpite. 

Vale refletir que os museus e as demais instituições culturais brasileiras têm especialistas que organizam as exposições. Desse modo, antes de serem expostos, os trabalhos passaram por análises e interpretações prévias. Ou seja, tanto os artistas quanto as instituições se responsabilizam por lançar tais manifestações culturais e artísticas. 

A preocupação que fica é pensar que, se toda exposição que gerar burburinho e comentários maldosos nas redes sociais for cancelada, onde fica a liberdade artística e de expressão? Vale pensar sobre isso.

E você, estudante, tem alguma opinião sobre o assunto? 

Fontes: Folha de São Paulo, O Globo e Carta Capital.