Ensino remoto e Covid-19: as maiores dificuldades dos estudantes na pandemia

Falta de sinal de internet adequado e, principalmente, equipamentos como tablets, computadores e smartphones são as maiores dificuldades de estudantes durante o ensino remoto.
Em 22/09/2021 11h20 , atualizado em 22/09/2021 13h06 Por Érica Caetano

Estudantes sofreram com o ensino remoto na pandemia principalmente por não terem equipamentos adequados
Estudantes sofreram com o ensino remoto na pandemia principalmente por não terem equipamentos adequados
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Quando a pandemia de Covid-19 chegou ao Brasil, no início do ano passado, ainda era muito pouco falado e usado o que chamados de ensino remoto.

Com a suspensão das aulas presenciais, todos os estudantes foram obrigados a ingressar nesta forma de ensino, que utiliza a internet como meio para transmissão de conteúdos dos professores para os alunos.

Contudo, além da própria dificuldade com um sinal de internet de qualidade ou, até mesmo, ter um sinal de internet, outra dificuldade encontrada foi no que diz respeito aos equipamentos necessários para a transmissão dessas aulas e conteúdos, como computadores, smartphones e tablets.

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Pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (cetic.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil, e divulgada no final de agosto mostra que cerca de 83% das escolas enfrentaram esse obstáculo. O estudo analisou a situação e realizou entrevistas com pessoas de 3.678 escolas.

Como já esperado, o problema da falta de aparelhos para acompanhar as aulas foi maior em escolas públicas estaduais e municipais, que chegaram a registrar índices de 95% e 93%, respectivamente. Já nas escolas particulares, o percentual foi de 58%.

Nas áreas rurais a dificuldade pela falta de aparelhos foi mais frequente, com 92% do que nas urbanas, que computou 83%.

Outras dificuldades

Além da falta de aparelhos adequados para que os estudantes conseguissem acompanhar as aulas, outro índice foi notado na pesquisa.

Foram listados como problemas enfrentados o apoio aos alunos em casa por pais e responsáveis (93%); o aumento da carga de trabalho dos professores, que tiveram que se desdobrar e muitas vezes trabalharam três vezes mais que o normal, com 73%.

Fora esses itens, também foram apontados o atendimento a alunos que vivem em áreas isoladas (70%) e a dificuldade de atividades para alunos em alfabetização e nos primeiros anos do ensino fundamental (69%) foram sinalizados na pesquisa.

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Os participantes da pesquisa também levantaram o que acharam desafiador no que diz respeito aos atendimento de alunos em vulnerabilidade social, como sem acesso à alimentação em casa (65%), a falta de conhecimentos dos professores para usar as tecnologias digitais (61%) e problemas para ofertar as aulas a alunos com deficiência (59%).  

Entre as escolas ouvidas, 87% relataram utilizar alguma forma de tecnologia para a realização de atividades na pandemia. Esse recurso foi utilizado por todas as unidades particulares, por 94% das unidades na rede estadual e por 69% na rede municipal.

Formas de amenizar

Como forma de amenizar os prejuízos e viabilizar a continuidade do estudo desses estudantes, medidas foram adotadas pelas escolas para tentar continuar os estudos em formato remoto durante a pandemia. 

Dentre elas, destacaram-se:

  • distribuição de materiais pedagógicos a pais;
  • criação de grupos em redes sociais e a gravação e disponibilização de aulas em vídeo;
  • foram empregados pelas instituições métodos, como realização de aulas por videoconferência, parcerias com líderes comunitários para envio de materiais e famílias, envio de atividades e materiais por e-mail e uso de plataformas virtuais de educação.

Redes sociais como aliada

Muitas vezes vista como vilã no rendimento dos estudos de estudantes, o uso de grupos de redes sociais para comunicação entre alunos, professores e escolas foi relatado por 91% escolas, em 98% na área urbana e 79% na rural, em 97% nas capitais e em 88% no interior, e em 96% na rede particular e em 88% na municipal.

A criação e manutenção de perfis foi informada em 64% das escolas, sendo em 82% na área urbana e em 29% na rural, em 87% na capital e em 60% no interior, em 93% na rede particular e em 47% na municipal e em 89% nas unidades de grande porte (mais de mil alunos) e em 36% daquelas com até 50 alunos.

O uso de plataformas virtuais de aprendizagem aumentou consideravelmente em 2020, com a pandemia. O estudo apontou como as vulnerabilidades e desigualdades se cruzam, tanto aquelas de caráter social e de renda quanto as de acesso às tecnologias digitais.

Um olhar mais atento

A pandemia nos mostrou  que, na verdade, todos os estudantes bem como os professores, escolas e instituições ligadas a educação sofreram com essa nova forma de ensino. Contudo, os números da pesquisa nos aponta disparidades.

É preciso olhar com mais atenção e pensar em medidas para os segmentos e localidades com mais dificuldade de acesso, como as áreas rurais, as pequenas escolas e a rede municipal. 

No mês de julho, em audiência pública  na Câmara dos Deputados, o Ministro da Educação Milton Ribeiro disse que o ministério investirá ao menos R$ 320 milhões em ações de conectividade estabelecidas pela Lei 14.180/2021, que instituiu a Política de Inovação Educação Conectada.

Resta torcer e aguardar para que estudantes não sejam ainda mais prejudicados por todo o transtorno que a pandemia já os causaram no que diz respeito ao ensino.