Vagas de Medicina em universidades públicas crescem menos que 2% nos últimos cinco anos, aponta pesquisa

Pesquisa da Associação Médica Brasileira (AMB), mostra, por outro lado, crescimento maior que 20% das vagas ofertadas pela iniciativa privada
Em 23/06/2023 12h10 , atualizado em 23/06/2023 12h19 Por Lucas Afonso

Estudantes de medicina com livros
Levantamento foi realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB).
Crédito da Imagem: Shutterstock
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O número de vagas de Medicina em universidades públicas teve um crescimento menor que 2% nos últimos cinco anos, aponta levantamento da Associação Médica Brasileira (AMB).

A oferta anual de vagas nas instituições de ensino superior públicas aumentou de 9.542 para 9.725. Já nas instituições particulares o salto foi bem maior. O aumento registrado foi de 22,76%, de 26.132 vagas para 32.080. 

Os dados apontam que a formação médica no Brasil está representada em 76,73% pela iniciativa privada. 

O acesso à profissão de Medicina é limitado diante da baixa oferta em espaços de formação públicos e pelas altas mensalidades cobradas pelas faculdades privadas. De acordo com a AMB, a mensalidade média de Medicina atualmente é de R$9.040,00.

O curso de Medicina é um dos mais desafiadores para ser implantado e administrado, segundo Rodrigo Bouyer, avaliador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e sócio-diretor da Brand U Consultoria Educacional da Young.

"A necessidade de infraestrutura física laboratorial, clínica e hospitalar, além da necessidade de utilização de cenários de práticas ligadas ao SUS impõe a necessidade de grandes volumes de investimentos não apenas para a sua construção, mas também para a sua manutenção, já que as práticas clínicas hospitalares são extremamente caras, mesmo se realizadas em aparelhos do SUS".

Rodrigo Bouyer 

Desafios para a Medicina no Brasil

Rodrigo Bouyer aponta que uma das alternativas para a melhora da qualidade da saúde pública no Brasil seria o governo custear a formação dos profissionais e definir regras para que os formandos atuassem por um tempo no Sistema Único de Sáude (SUS) em áreas onde não há profissionais.

Entretanto, a interiorização dos cursos de Medicina, segundo Bouyer, gera um desafio ainda maior, o de ampliar e construir estruturas locais para o SUS para atender essa formação, bem como o de garantir médicos com mestrado e doutorado para lecionar nessas localidades.

Diante desse contexto, o especilista aponta que a iniciativa privada tem se sobressaído quanto à interiorização da formação em Medicina em relação ao Estado, já que o poder público enfrenta orçamentos cada vez mais limitados. 

" Ainda assim, a população em geral acaba por ser beneficiada, seja do ponto de vista de reforma, ampliação e/ou construção de unidades ambulatoriais e hospitalares que operam pelo SUS, seja pela interiorização da mão de obra de médicos que, de outra forma, não estava sendo possível"

Rodrigo Bouyer

Vídeo sobre a carreira de Medicina

Confira no vídeo abaixo mais detalhes sobre a profissão de Medicina: