Saúde Coletiva

Atender às necessidades do SUS e contribuir para a melhoria do Sistema é uma das finalidades do curso de Saúde Coletiva.
Por Wanja Borges

Mais do que prescrever remédios e procedimentos, os profissionais da saúde coletiva acompanham as necessidades da comunidade
Mais do que prescrever remédios e procedimentos, os profissionais da saúde coletiva acompanham as necessidades da comunidade
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No início da década de 1970, grupos de médicos e outros profissionais preocupados com a saúde pública se uniram para lutar por mudanças e transformações que proporcionariam melhorias na qualidade de vida da população. O movimento, intitulado de Reforma Sanitária, resultou na criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, pela Constituição Federal Brasileira.

O SUS foi instituído com o objetivo de garantir acesso integral, universal e igualitário à população brasileira, do simples atendimento ambulatorial aos transplantes de órgãos. Entretanto, com o atual cenário da saúde pública brasileira, o modelo carrega falhas que podem comprometer sua proposta. É aí que entra a graduação em Saúde Coletiva.

Com uma visão interdisciplinar e multiprofissional, o curso surgiu para formar profissionais que contribuirão para a construção e melhoria do SUS, consolidação da Reforma Sanitária Brasileira e transformação das práticas em saúde através de novo modelo de organização, voltado para a superação das práticas curativistas, centradas na assistência hospitalar e individualista. 

Para melhor compreensão, a Saúde Coletiva tem sido dividida em três dimensões: planejamento de gestão de políticas; epidemiologia social e clássica; e ciências sociais humanas de forma global. Mais do que observar, diagnosticar e tratar doenças, o bacharel em Saúde Coletiva ou Sanitarista atua na promoção, proteção e recuperação da saúde das comunidades com visão crítica do processo saúde e doença. 

Os profissionais nesta área também são capacitados para planejar e administrar atividades sanitárias e de saúde pública coletiva; pesquisar e monitorar notificações de risco sanitário; zelar pelo bom cumprimento da legislação sanitária no país; identificar riscos à saúde pública coletiva e ao meio ambiente, dentre outros.

Saúde Pública X Saúde Coletiva

Apesar da semelhança no nome, as duas áreas possuem diferenças determinantes. Saúde Pública é um conjunto de ações e serviços que segue normas e diretrizes técnicas com políticas públicas voltadas para a população. Ela é voltada para a prevenção e combate às patologias ou outros cenários que comprometam a saúde da sociedade.

Já a Saúde Coletiva trabalha com uma visão mais crítica à saúde pública institucionalizada. Ela compreende, de forma interdisciplinar, os determinantes do processo saúde-doença, tratando o adoecimento do ser humano e compreendendo a doença e/ou saúde no contexto da sociedade brasileira, com base, inclusive, em questões epidemiológicas, socioeconômicas, ambientais, demográficas e culturais. 

Mercado de Trabalho

O bacharel em Saúde Coletiva ou sanitarista pode atuar na chefia, supervisão e administração dos setores de vigilância sanitária tanto de instituições públicas quanto privadas. Ele também pode prestar serviços de consultoria e assessoramento; supervisionar ou executar programas de formação, aperfeiçoamento e especialização; ministrar seminários e cursos; realizar perícias e emitir laudos técnicos; dentre outras atividades na área sanitária. 

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Na esfera pública, há oportunidades nas secretarias estaduais e municipais de saúde, hospitais, centros e programas de saúde e em órgãos nacionais como o Ministério da Saúde, por exemplo. Já na esfera privada, planos de saúde, hospitais e indústria farmacêutica são algumas das opções. Também existem vagas no terceiro setor, seja em Organizações Não-Governamentais ou em Sindicatos e Associações. 

Regulamentação

A profissão de sanitarista e técnico sanitarista ainda não é regulamentada, contudo, o Projeto de Lei 205/2014 tramita no Senado com o objetivo de reverter essa situação e valorizar a especialização e conhecimento técnico na área do sanitarismo. Além de dispor sobre a regulamentação, a matéria trata, ainda, sobre o exercício da profissão e as atribuições dos profissionais. Contudo, mesmo após sua aprovação, a categoria profissional deve ser inserida na Resolução nº 287 de 8 de outubro de 1988, do Conselho Nacional de Saúde.

O Curso

Anteriormente, o ensino da Saúde Coletiva era trabalhado de forma limitada, apenas por meio de disciplinas inseridas em diferentes cursos da área de saúde (Medicina, Enfermagem, Nutrição, etc.), ou no âmbito da pós-graduação. Estima-se que os primeiros cursos de graduação foram instituídos em meados de 2008 com uma abordagem mais completa e prática. 

De forma geral, as disciplinas específicas da área de saúde são maioria nas grades curriculares dos cursos de Saúde Coletiva. Bioestatística, ecologia, epidemiologia, políticas públicas e sistemas de saúde, promoção e educação da saúde, vigilância à saúde são algumas delas. Por outro lado, os estudantes também contam com aulas sobre planejamento, gestão, economia, administração, legislação, ciências sociais e comunicação, dentre outras. 

Em algumas instituições, o curso é oferecido como Gestão em Saúde Coletiva, Gestão de Saúde, Gestão de Serviços de Saúde, Gestão em Sistemas e Serviços de Saúde, Análise de Políticas e Sistemas de Saúde, dentre outros.

Duração Média

Mínimo: 8 semestres (4 anos)
Máximo: 12 semestres (6 anos)

Remuneração Média

Até o momento, não foi estipulado um teto salarial para a profissão, contudo, sanitaristas que atuam no setor público ganham em média de R$ 3,5 mil a R$ 6 mil. Também existem oportunidades com salários de até R$ 10 mil. 

Instituições

Região Centro-Oeste
Distrito Federal: UnB
Mato Grosso: UFMT

Região Nordeste
Bahia: UFBA, UNIFESSPA
Pernambuco: UFPE, UPE
Rio Grande do Norte: UFRN

Região Norte
Acre: UFAC
Amazonas: UEA
Roraima: UFRR

Região Sudeste
Minas Gerais: UFMG
Rio de Janeiro: UFRJ
São Paulo: USP

Região Sul
Rio Grande do Sul: UFRGS
Paraná: Unila, UFPR