Seis pessoas foram denunciadas ontem, 26 de novembro, por fraude no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pelo Ministério Público Federal (MPF) em Cáceres, Mato Grosso. Elas são suspeitas de fraudar as provas do Enem 2014.
Segundo o MPF, os suspeitos utilizaram indevidamente "conteúdo sigiloso" nas provas aplicadas nas escolas 13 de Maio e Maria Gregoria Ortiz Cardoso, no município de Porto Esperidião (MT). Um dos denunciados afirmou ter recebido uma proposta para obter vantagem nas provas, caso optasse por fazer o Enem nessa cidade. O valor cobrado pela susposta quadrilha variava entre R$ 100 mil e R$ 180 mil.
Por meio de diligências para averiguar a veracidade dos endereços informados pelos denunciados na inscrição do Enem, o MPF constatou que alguns dos denunciados vieram de outros estados para fazer as provas, como Minas Gerais e São Paulo, e todos os seis eram desconhecidos nos respectivos locais.
"Fraudes dessa natureza causam danos a outros candidatos que foram preteridos em razão de atitudes que subtraem vagas ofertadas, e maculam ainda a credibilidade do sistema de seleção pública." (MPF-MT)
Como descobriram a fraude
O MPF chegou aos suspeitos após constatar que os seis obtiveram a mesma nota (930,2) na prova de Matemática e suas Tecnologias, sendo que, num total de 6.195.527 estudantes inscritos no Enem 2014, apenas 24 tiraram a mesma nota. O desempenho também foi igual na prova de Linguages e Códigos e, em Ciências Humanas, dois tiveram a mesma nota.
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A análise do desempenho dos suspeitos também mostrou que, das 180 questões do Enem, 139 foram respondidas igualmente pelos denunciados (similaridade de 77,22%). Além disso, 163 questões foram respondidas igualmente por cinco dos seis denunciados (similaridade de 90,5%) e, considerando apenas o segundo dia de provas, 89 das 90 questões tiveram a mesma resposta entre todos os seis denunciados.
TRI
A própria metodologia usada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) para avaliar as provas do Enem auxilia no combate a fraudes. O exame é avalido pela Teoria de Resposta ao Item (TRI), que considera a consistência das respostas e não somente a quantidade de acertos. Isso significa que, para participantes obterem a mesma nota em uma prova objetiva do Enem, eles terão que acertar e errar praticamente as mesmas questões. De modo igual, estudantes que acertam a mesma quantidade de questões podem ter notas diferentes.
Entenda a Teoria de Resposta ao Item (TRI)
O MPF pediu a condenação dos denunciados por fraude em processo seletivo para ingresso no ensino superior. Os nomes dos denunciados foram repassados à Justiça Federal.
*Com informações da Assessoria de Comunicação do MPF