Conseguir a nota máxima na redação do Enem 2017 foi um feito para poucos: apenas 53 do total de 4,7 milhões de participantes. Entre eles, 12 são do estado do Ceará e, entre os cearenses, oito fizeram o mesmo cursinho específico de redação.
O professor Diego Pereira, graduado em Letras, é o responsável pelo preparatório de Fortaleza que ajudou os oito jovens a trilharem o caminho rumo à pontuação 1000 na redação do Enem 2017.
“Ter oito alunos com nota 1.000 na redação do Enem 2017 nos deixa realizados. É a nossa premiação de que a metodologia que usamos está no caminho certo. Acreditamos que todo aluno precisa de incentivo, de treino, de confiar no potencial que ele tem”, comemora Diego.
Tema
O Enem 2017, no primeiro dia de provas, pediu aos participantes uma redação com o tema "Desafios para Formação Educacional de Surdos no Brasil”. A especificidade do tema pegou alguns estudantes de surpresa, que não pouparam críticas nas redes sociais, mas essa opinião não foi compartilhada com os estudantes da específica.
O Brasil Escola conversou com três alunos que fizeram o curso de redação e a opinião deles foi unânime: terem cursado o preparatório fez toda diferença para se dar bem em uma das provas mais importantes do Enem.
Ao longo do curso, realizado no ano passado, os jovens fizeram, no mínimo, uma redação por semana. Vários temas foram trabalhados, mas houve um que, de acordo com eles, ofereceu forte embasamento para mandar tão bem na prova. Em uma das aulas, os estudantes tiveram que dissertar sobre educação inclusiva para pessoas com deficiência no Brasil.
Leonardo Vasconcelos, 18 anos, comenta que o tema da redação do Enem 2017 exigiu que o participante pensasse um pouco mais. No entanto, afirmou que tinha um repertório pronto, ideias para desenvolver, e os textos da coletânea somente ofereceram números e dados para lhe subsidiar.
Quando vi o assunto no momento da prova fiquei tranquilo porque lembrei do texto que tínhamos produzido no curso sobre pessoas com deficiência. (Leonardo Vasconcelos, nota 1000 na redação do Enem 2017)
Proposta de intervenção
A redação do Enem tem características específicas. Ao dissertar sobre o tema exposto, os participantes não só têm que discutir o problema, mas também fazer uma proposta de intervenção, apontando possíveis melhorias e soluções.
Maria Juliana Bezerra, de 18 anos, também estudante da específica de redação, conta que desenvolveu o tema apontando soluções como construir mais escolas para surdos em municípios distantes dos grandes centros. “Também achei importante propor a criação de cursos de libras para professores da rede pública e realizar debates constantes na sociedade para promover o respeito aos surdos”, defende ela.
Garantir a capacitação de professores também foi uma das soluções apontadas por Maria Fernanda de Miranda, de 18 anos, e aluna do curso de redação de Fortaleza. Outras melhorias elencadas pela jovem foram o poder publico destinar mais verbas para o Instituto Nacional de Educação de Surdos, criar material adaptado para essa parcela de população, realizar campanhas informativas mostrando à sociedade os direitos dos surdos e, ainda, aumentar o debate para construir uma conduta voltada à inclusão.
Como adivinhar o tema
O professor da redação Diego explica que é importante que, primeiramente, o estudante que vai fazer as provas conheça o edital, a banca e a cartilha do participante da redação do Enem. “Entendemos que essa prova não se trata de uma redação de escrita livre; ao contrário, o estudante deve atender as expectativas que a organização do exame tem em relação ao texto”, acredita ele.
Costuma ser difícil acertar o tema da redação do Enem. Mas, segundo Diego, a técnica usada por ele no curso é de fazer um mapeamento do todos os grupos sociais já contemplados nas provas de redação do exame educacional, como imigrantes, mulheres, internautas, crianças, etc.
“Em seguida, filtramos a parcela da população que ainda não foi trabalhada pela organização da prova, como, por exemplo, pessoas com deficiência, idosos, indígenas, homoafetivos, entre outros. Por fim, pensamos em problemas nacionais que atingem os referidos grupos sociais”, analisa ele.
Treinar e escrever bastante é fundamental, mas Diego ressalta a importância de dar atenção à Língua Portuguesa. “Aplicar as regras gramaticais e ter coesão e coerência também fazem toda a diferença no texto”, alerta.
Dicas para se preparar bem para a redação do Enem
• Conheça bem a banca que vai aplicar as provas;
• Leia e entenda o edital e a cartilha do participante;
• Entenda as exigências e particularidades da redação;
• Fique atento às notícias e temas da atualidade;
• Produza, pelo menos, um texto por semana. De preferência dois, às vésperas da prova;
• Veja quais temas já foram abordados em provas anteriores, os quais não devem cair novamente;
• Mapeie os grupos sociais que ainda não foram trabalhados nas provas. Em seguida, analise problemas que podem envolver essa parcela da população;
• Dê bastante atenção ao português.
Depois do Enem
Atualmente, o Exame Nacional do Ensino Médio é porta de entrada para a maioria das universidades brasileiras. Um dos programas mais procurados entre os estudantes é o Sistema de Seleção Unificada (SiSU), que oferece vagas em instituições públicas de ensino.
O prazo de inscrições do SiSU 2018/1 começa no próximo dia 23. E os alunos redação nota 1.000 já vão usar as notas do Enem para tentar a vaga no curso que desejam.
Leonardo e Maria Juliana ambicionam cursar Medicina na Universidade Federal do Ceará (UFC). Já Maria Fernanda vai usar as notas para tentar uma oportunidade no curso de Direito na mesma instituição.
O Brasil Escola não conseguiu contato com os outros cinco estudantes nota 1000 na redação do Enem que fizeram o curso do professor Diego. São eles: Ana Beatriz Coelho, Daniel Aquino; Débora Maia; Lorena de Macedo; Ivna de Oliveira.