Perda no ativismo social: 10 anos da morte de Zilda Arns

Médica pediatra e sanitarista, criadora da Pastoral da Criança, morreu em um terremoto no Haiti janeiro de 2010. 
Em 13/01/2020 11h50 , atualizado em 13/01/2020 12h22 Por Lorraine Vilela Campos

Crédito da Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
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Há 10 anos, o Brasil perdeu uma de suas principais figuras do ativismo social: Zilda Arns. A médica pediatra e sanitarista, criadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, morreu em um terremoto no Haiti em 12 de janeiro de 2010

Saiba mais sobre o Terremoto no Haiti

Zilda Arns dedicou sua vida para levar às populações mais pobres atendimento médico e assistência em diferentes áreas. Como legado, a Pastoral da Criança conta com mais de de 26 mil pessoas atendidas no Brasil e em dez países localizados na África, Ásia, América Latina e Caribe. O acompanhamento de famílias carentes em locais de maior vunerabilidade é responsável pela redução da mortalidade infantil com medidas simples.  

Pastoral da Criança

Zilda Arns criou a Pastoral da Criança com o apoio do cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo, em 1983, na cidade de Florestópolis (PR). A iniciativa teve como objetivo o acesso de famílias de baixa renda (em especial mães e crianças) à saúde pública, levando o atendimento médico até as comunidades. 

Veja também: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

No Brasil da década de 1980, a Pastoral se empenhou para reduzir ao máximo a desnutrição e mortalidade infantil pelas condições precárias da população. A demanda por assistência sanitária, educacional e promoção da cidadania fizeram com o que o projeto desenvolvesse também ações como acompanhamento de gestantes, incentivo ao aleitamento materno, acesso à vacinação, orientação sobre higiene. 

Ativismo na Saúde Pública 

A consolidação da Pastoral fez com que Zilda se empenhasse cada vez mais na busca pela assistência às populações de baixa renda. A médica cobrava de políticos, empresários, da Igreja e até mesmo da comunidade ações em pról dos que estavam à margem da sociedade. 

Veja: O que é mortalidade infantil?

Zilda também trabalhou para derrubar mitos, sendo uma de suas ações mais importantes a campanha sobre a importância da vacinação para saúde pública. 

Pastoral do Idoso

Com o reflexo da importância da Pastoral da Criança, a CNBB incubiu à Zilda, em 2004, a criação e coordenação da Pastoral da Pessoa Idosa. Em seus quase 16 anos de existência, promove a inclusão social; a dignidade; a valorização; desenvolvimento cognitivo, cultural e físico e formação continuada de idosos. A principal luta do projeto é a implementação real do Estatuto do Idoso. 

Além disso, a Pastoral da Pessoa Idosa contribui com iniciativas de educação para cuidadores de idosos e apoia programas de cuidados paliativos. 

Reconhecimento

Em 2002, Zilda foi reconhecida com o prêmio Heroína das Américas, premiação promovida pela Organização Pan-Americana de Saúde. Já em 2006, a médica ganhou o Prêmio Rei Juan Carlos de direitos humanos. 

Zilda Arns foi indicada três vezes ao Prêmio Nobel da Paz, mas não foi laureada em nenhuma delas. 

Veja também: O que é o Prêmio Nobel?

A médica dá nome ao prêmio Zilda Arns pela Defesa e Promoção dos Direitos da Pessoa Idosa. A premiação foi criada em 2017 pela Câmara dos Deputados para reconhecer pessoas e instituições que atuem na defesa dos direitos dos idosos. 

Morte

Zilda estava em Porto Príncipe, capital do Haiti, para a Conferência Nacional dos Religiosos do Caribe e iria se encontrar com Organização Não Governamentais para definir o início da atuação da Pastoral na região. Em 12 de janeiro de 2010, um terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o país, causando milhares de mortes. 

Dez anos depois, o Haiti conta com mais de 5 mil crianças de 0 a seis anos assistidas pela Pastoral da Criança, principal legado de Zilda Arns.