É um belo dia de outono, mas um inverno tenebroso invade a minha alma. O juiz acaba de pronunciar o veredito que decreta o meu fracasso absoluto como mãe. Meu filho único, de apenas 21 anos, acaba de ser condenado por homicídio e sentenciado a 32 anos de prisão. Como fui falhar tanto? Como não pude antecipar ou mesmo prevenir esta tragédia? Eu, advogada de sucesso na comarca de Campinas, conhecida e respeitada entre os meus colegas...
Minha mente busca febrilmente entender os eventos que culminaram com esta tragédia. Vejo meu marido, executivo de carreira numa empresa multinacional, em constantes viagens ao exterior, sempre passando rapidamente por nós, pela nossa casa. Nossa mansão num condomínio de alto padrão, carros do ano, as mais novas parafernálias tecnológicas, diversos criados, e meu filho. Meu filhinho querido, a quem fizemos o possível para provê-lo de todo conforto imaginável, arrogante em sua beleza e inteligência (primeiro lugar na faculdade de direito).
No mês passado, voltando da balada, ele e seus dois amigos abalroaram um Golzinho. O motorista, um analista da IBM saindo do seu turno, criou-me o maior problema porque conquistou a simpatia de um guarda à paisana e ambos forçaram meu filho para a delegacia para que realizasse um teste de bafômetro. Corri, (não, voei) para a delegacia e exigi os direitos do meu filho. Por sorte o delegado era um velho conhecido e tudo se resolveu rapidinho. Meu filho foi liberado e o analista nos deixou em paz, rapaz estressado.
No final de semana seguinte, meu filho tinha bebido um pouco mais que o habitual e lamentavelmente estava desacompanhado. Sua coordenação estava meio impactada e colidiu com um Palio. O motorista, homem alto e forte, ficou nervoso e quis tirar satisfação. Meu filho entrou em pânico e atirou. O tiro matou instantaneamente o filho do motorista, um menino de cinco anos. O resto da história, todos sabem. A prisão, as manchetes nos noticiários, o julgamento com uma pena acentuada porque o crime foi praticado contra pessoa menor de catorze anos e agora, o encarceramento definitivo, a morte em vida por 32 anos.
Sim, meu mundo ruiu e o mais lamentável é que eu só tenho a mim mesma para culpar por este pesadelo. Será que se eu tivesse negado algumas coisas para o meu filho, educando-o a ter domínio próprio e respeito ao próximo, teria sido diferente? Como seria se eu o tivesse ensinado a ser um cidadão responsável em vez de encobrir todos os seus deslizes? Teria solução a violência no trânsito se todos os brasileiros assumissem a sua responsabilidade como cidadãos e se a questão da impunidade fosse definitivamente resolvida?
Comentários do corretor
COMENTÁRIO
Parabéns pelo texto. Procure apenas fazer uma análise mais crítica da problemática. Você está no caminho certo. Leia sempre!
Competências avaliadas
Item | Nota | |
Conteúdo | Avalia se o texto corresponde às expectativas geradas pela proposta do tema. Assim como no vestibular, aqui a redação que fugir ao tema proposto será anulada | 1.5 |
Estrutura do texto | Avalia se o usuário consegue fazer uma boa utilização dos parágrafos e dos demais recursos de construção de texto | 2 |
Estrutura de ideias | Avalia se o usuário consegue organizar seu pensamento de forma a defender seu ponto de vista e permitir ao leitor a compreensão de seu texto | 2 |
Vocabulário | Avalia se o usuário consegue evitar a repetição de palavras durante o texto e compreendê-las, utilizando-as corretamente no que tange ao seu significado | 2 |
Gramática e ortografia | Avalia se o usuário escreve de acordo com as normas ortográficas vigentes no país. | 2 |
NOTA FINAL: | 9.5 |
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