Veja as análises dos livros do Vestibular 2022 da Fuvest
Provas cobram do estudante a leitura de obras de diferentes gêneros literários
Todos os anos, a Fuvest traz uma lista de obras literárias obrigatórias que os candidatos devem ler para as provas de ingresso na Universidade de São Paulo (USP). Normalmente, a organização faz uma relação para um triênio, modificando alguns livros de um vestibular para o outro.
Se você vai fazer o Vestibular 2022 da Fuvest, acompanhe as sinopses e análises dos livros definidos para as provas. Fique por dentro das obras literárias do maior vestibular do Brasil e chegue preparado (a) nas provas!
Terra Sonâmbula - Mia Couto
Em Terra Sonâmbula, Mia Couto lança mão do realismo mágico, da prosa poética e da arte narrativa africana tradicional para apresentar ao público a devastação causada pela Guerra Civil e a situação de Moçambique pós-independência. É na união do real com o místico que os personagens da obra se unem na jornada escrita pelo autor.
Terra Sonâmbula mescla realidade (a existência de uma guerra anticolonial de dez anos e, posteriormente, conflitos internos após a independência moçambicana) com fantasia para que o leitor entenda a luta pela sobrevivência da população local, os sonhos e necessidades de cada um dos personagens e a forma como a guerra afetou (e ainda afeta) o cenário apresentado na obra.
Mensagem - Fernando Pessoa
O livro Mensagem reúne poemas escritos por Fernando Pessoa de 1913 a 1934, sendo sua única obra publicada ainda em vida. O poeta leva o leitor por uma jornada pela história de Portugal, misturando dados com partes místicas, visitando o passado de sua nação, revisitando fatos marcantes para os portugueses e ainda prevê um futuro glorioso para o país.
Mensagem é divido em três partes: Brasão (análise da formação da nação portuguesa, foca nas gerações da Família Real e nos militares); Mar Português (ênfase nas conquistas marítimas do País, exaltando os navegadores) e, por fim, Encoberto (projeção do futuro feita, momento em que pessoa usa o misticismo e esoterismo para justificar o seu ponto de vista).
Alguma Poesia - Carlos Drummond de Andrade
Em Alguma Poesia, Carlos Drummond de Andrade aborda temas do cotidiano, reflete sobre a existência humana e fala sobre a decepção com as coisas do mundo. Utilizando a ironia, o sarcamos e o lirismo, o autor usa a si mesmo para tratar a temática proposta em sua obra, classificando como "poema-piada".
O livro Alguma Poesia é formado por 49 poemas de Carlos Drummond de Andrade. A obra foi publicada entre a primeira e a segunda fase do Modernismo.
Quincas Borba - Machado de Assis
O livro faz parte da Trilogia de Machado de Assis que introduziu o realismo na literatura brasileira (Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro). Ambientada na sociedade do fim do século XIX, a obra traz a história de Rubião, um professor do interior que recebe uma herança de seu amigo, Quincas Borba.
Rubião, na condição de novo rico, parte para o Rio de Janeiro e se vê em uma realidade totalmente diferente, deixando-o deslumbrado e, posteriormente, cada vez mais ambicioso. Em sua nova morada, o personagem principal faz amizade com o casal Cristiano e Sofia Palha e, a partir daí, vê como o amor, amizade e sedução podem ser usados como forma de ascensão social.
Poemas Escolhidos (Gregório de Matos)
Em Poemas Escolhidos, o estudante encontra a reunião de obras de Gregório de Matos. O livro é dividido em três eixos temáticos:
- Poesia de Circunstância (I – satírica e II – encomiástica)
- Poesia Amorosa (I – lírica e II – erótico-irônica)
- Poesia Religiosa
Com críticas recorrentes à Igreja, Gregório de Matos ganhou o apelido de Boca do Inferno. O autor é um dos principais representantes do Barroco no Brasil.
Romanceiro da Inconfidência - Cecília Meireles
Romanceiro da Inconfidência é uma coletânea de poemas e, diferente do comum para o gênero, Cecília Meireles trouxe em forma poética uma fato histórico (a Inconfidência Mineira), trabalho que foi fruto de 10 anos de pesquisa em fontes históricas sobre o assunto.
Em relação às formas escolhidas por Cecília Meireles, ela incorporou aos seus poemas muito do formato romanceiro, presente no poema medieval, para ilustrar o século XVIII, além de utilizar recursos do Arcadismo, estilo contemporâneo à Inconfidência Mineira, mas que dá margem para problematizar problemas sociais (como os da época), dá um tom bucólico e permite a visualização dos cenários, como é descrito ao falar de Vila Rica/MG.
Angústia - Graciliano Ramos
Angústia traz a história de Luís da Silva, funcionário público de 35 anos, solitário, infeliz e que se encontrar em um momento de modernização do país (década de 1930). O personagem se vê em conflito entre a herança colonial recente e o que surge no momento em que encontra o Brasil no qual vive.
Como sugere o nome, a obra trata dos conflitos do personagem principal com si mesmo e com o mundo. Pessimismo e do negativismo, características que consomem Luís da Silva no livro, são sentimentos frequentes na narrativa de Graciliano Ramos. Quando Angústia foi lançado, o autor ainda estava preso pela polícia de Getúlio Vargas, sem processo formal, o que tornou ainda mais importante para o estudo de seu contexto histórico.
Campo Geral - Guimarães Rosa
Campo Geral é uma obra de Guimarães Rosa que acompanha a vida de Miguilim, um menino que faz parte de uma família da zona rural. O sítio é o mundo do protagonista e, a partir das pessoas, animais e objetos presentes no local, ele começa estabelece sentimentos, papeis sociais e regras. Conforme cresce, o autor apresenta as descobertas de seu "herói" e a forma como ele reage ao "mundo dos homens".
A escrita de Guimarães Rosa pode ser considerada complicada para muitos estudantes, por isso, é importante atenção aos detalhes da obra. Campo Geral traz muito de sua narrativa sob o ponto de vista de Miguilim, em uma ótica infantil, mas também conta com momentos em que o autor traz a visão mais ampla e próxima ao real.
Nove Noites - Bernardo Carvalho
Em Nove Noites, Bernardo de Carvalho mistura realidade e ficção para abordar os motivos que levaram ao suicídio de Buell Quain, antropólogo norte-americano que se matou em 1939, aos 27 anos, ao tentar se reinserir na sociedade após um período em uma aldeia indígena no Brasil.
A trama parte da descoberta feita pelo narrador do livro sobre a morte do promissor antropólogo. Obcecado em encontrar uma explicação para o suicídio, ele vai atrás de cartas de Buell Quain e de um testamento, alimentando a sua busca por respostas. No entanto, os motivos pela insistência da procura do personagem que narra Nove Noites só é apresentada ao final do romance.
Bernardo Carvalho fez uma pesquisa intensa para poder escrever Nove Noites, tendo contato com a tribo Krahô, no estado do Tocantins, e indo aos Estados Unidos para saber mais sobre Buell Quain.