Por suspeita de fraude em cotas, UFMG abre processo contra 34 estudantes
Outros 17 estudantes conseguiram comprovar ser negro ou pardo por meio de análise fenotípica.
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) anunciou que abrirá processo administrativo disciplinar contra 34 estudantes suspeitos de fraudar o sistema de cotas raciais. Todos eles foram aprovados no Vestibular 2017, cujo ingresso foi pelas notas do Enem 2016.
A decisão foi tomada após parecer favorável do relatório da Comissão de Sindicância Investigatória, instituída pela Reitoria da UFMG em julho do ano passado para apurar denúncias de fraudes no sistema de cotas raciais.
A Comissão analisou a situação de 61 estudantes que foram denunciados por suposta irregularidade no sistema de cotas. Além dos 34 discentes que serão processados, 10 cancelaram a matrícula durante a sindicância e 17 comprovaram ser negro, pardo ou indígena por meio da análise fenotípica - cor da pele, tipo de cabelos, formato dos lábios, entre outras características.
Cotista loiro e de olho claro
Entre os estudantes que cancelaram a matrícula está Vinicius Loures, loiro dos olhos claros e que ingressou no curso de Medicina como negro. Ele foi um dos casos apontados como possível fraude, em reportagem da Folha de São Paulo em setembro do ano passado. Vinicius assumiu a fraude em entrevista ao jornal O Tempo.
Mudanças
A partir desse ano, quando o calouro preencher a autodeclaração para ingressar nas cotas raciais, ele deverá sinalizar as características que o tornam preto, pardo ou indígena. De acordo com a UFMG, “essa medida visa a incentivar a reflexão crítica sobre o pertencimento étnico e as políticas de inclusão para o ensino superior”.
A universidade também passou a checar os documentos comprobatórios de estudantes ingressantes na modalidade de vaga para candidatos com renda familiar bruta per capita igual ou inferior a 1,5 salário mínimo, que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas brasileiras.
Fraudes
Em junho de 2016, o Brasil Escola fez reportagem especial mostrando falhas no sistema de cotas racial e que, por causa de crescimento no número de denúncias, universidades criaram comissões para avaliar a auto-declaração da raça. Veja mais detalhes.