Colégios públicos usam empreendedorismo para preparar estudantes para mercado de trabalho

Parceria de ONG com a Secretaria de Educação do Rio de Janeiro vai até 2026 e atenderá 80 escolas.

Em 08/06/2021 11h38 , atualizado em 08/06/2021 21h01
Por Lorraine Vilela Campos
Bernardinho em palestra com estudantes [1]
Crédito da Imagem: Adriano Ishibashi

Para preparar estudantes da rede pública para o mercado de trabalho, a Junior Achievement RJ, ONG de educação empreendedora para jovens, firmou uma parceria com a Secretaria de Educação do Rio de Janeiro para a realização do projeto Trilha Empreendedora. A iniciativa beneficiará alunos de 80 escolas estaduais até 2026. 

O objetivo é diminuir o abandono escolar proporcionando ao estudante o contato com profissionais atuantes em diferentes áreas, aproximando-os do mercado de trabalho e formando possíveis redes de contatos. Os alunos passam a trabalhar seus aspectos socioemocionais e suas habilidades, o que torna o Trilha Empreendedora uma ferramenta também de descobertas pessoais. 

Como é o projeto?

O Trilha Empreendedora é realizado ao longo dos três anos do ensino médio. Seu conteúdo é dividido em oito programas:

  • As Vantagens de Permanecer na Escola; 
  • Ética; 
  • Economia Pessoal; 
  • Empresa em Ação; 
  • Meu Dinheiro, Meu Negócio; 
  • Habilidades para o Sucesso; 
  • Gestão de Projetos; 
  • Carreiras de alto crescimento no futuro.

De forma voluntária, os profissionais das diferentes empresas parceiras se dividem para trabalhar os conteúdos dos programas. As aulas são parte obrigatória da grade curricular das 80 escolas que firmaram a parceria com o projeto. 

Além das aulas, existem as mentorias com os profissionais parceiros e palestras sobre as temáticas dos programas. O projeto começou de forma presencial, mas a pandemia fez com que as atividades fossem adaptadas ao ambiente virtual. São realizados os encontros on-line ao vivo e o conteúdo fica disponível para acesso no aplicativo Aplique-se, ferramenta da Secretaria de Educação.

Atividades com mentores estão sendo realizadas pela internet na pandemia

Porta para o mercado de trabalho

A parceria com a Secretaria de Educação em 2021, mas o projeto já era aplicado desde 2017 em algumas escolas, de forma pontual. Com isso, mais de 10 mil estudantes já passaram pelo Trilha Empreendedora. 

Mesmo com um cenário de queda de empregos pela pandemia, 14 ex-alunos do projeto foram contratados com aprendizes por parceiros do Trilha em 2020. Além disso, existem os estudantes que se candidataram para outras empresas e foram efetivados.

Laís Cristina de França, de 19 anos, de Duque de Caxias, é uma ex-aluna que conseguiu um emprego em 2020, após o projeto. "As palestras do Trilha Empreendedora foram um marco para o meu crescimento profissional. Tive a oportunidade de ver sobre os métodos e skills (habilidades) mais importantes usados atualmente, aproveitei bastante e absorvi o máximo que pude durante as etapas", ressalta.

Laís é ex-aluna do projeto e foi contratada há 8 meses

Troca de experiências

Com o empreendedorismo na grade curricular das escolas estaduais do Rio de Janeiro, os estudantes têm contato com realidades que muitas vezes não teriam acesso, já que o perfil dos alunos da rede pública é composto por diferentes camadas sociais e vivências culturais. 

Os programas buscam levar voluntários que possam contar suas histórias de sucesso com o empreendedorismo e dar dicas aos estudantes, motivando-os a continuarem os estudos e buscarem o melhor de si. Em 2019, o Trilha recebeu personalidades e grandes empresários como o ex-técnico da seleção brasileira de vôlei, Bernardinho, e a responsável pela realização do Rock in Rio, Roberta Medina.  

Ana Clara Queiroz, de 16 anos, de Niterói, já está no terceiro ano do Trilha e vê no projeto uma forma de aprender na prática, em contato com quem é da área. Ela diz que as interações com os profissionais são divertidas e é possível aproveitar que estão presentes para fazer perguntas. 

"Acho que a parte mais memorável de fazer parte disso tudo é perceber que todas as inseguranças que temos nessa idade sobre o nosso futuro, todos eles passaram por isso e chegaram onde chegaram apesar de tudo, isso dá uma sensação de conforto muito grande", Ana Clara Queiroz, 16 anos, estudante.

Ana Clara (esq.) e Sarah (dir.) são estudantes do projeto

Já para Sarah Lopes Peres, de 16 anos, de São Pedro da Aldeia, o momento no projeto é de descobertas, por estar ainda no começo. "A trilha está me ajudando muito no meu autoconhecimento e estou gostando, pois estou descobrindo coisas novas sobre mim. Também estou descobrindo novas profissões e como elas funcionam na prática", afirma. Segundo a adolescente, a forma com o conteúdo é aplicado lhe dá motivação para estudar e para ir atrás dos seus sonhos. 

[1] Crédito da foto: Adriano Ishibashi