Engenharia Nuclear
Geração de energia e uso da radioatividade estão entre as funções do engenheiro nuclear
A Engenharia Nuclear é a área da engenharia que trabalha com a geração de energia nuclear e a aplicação da radioatividade com segurança e eficiência em diferentes setores, com desenvolvimento de tecnologias nucleares e pesquisas científicas voltadas para o ramo.
No Brasil, a Engenharia Nuclear é relativamente recente. A demanda por profissionais qualificados foi impulsionada pela construção das usinas Angra I e II, no Rio de Janeiro; pelo Plano Nacional de Desenvolvimento Nuclear, que prevê a criação de mais cinco usinas nucleares até 2050; Programa Nuclear da Marinha; e pelo Programa de Construção do Submarino Brasileiro à Propulsão Nuclear.
Acidentes radioativos e nucleares
O engenheiro nuclear é fundamental na segurança durante o processo de produção de energia nuclear, no armazenamento e descarte de detritos de usinas, na utilização da radiação e na maneira correta de descartar materiais e produtos que contenham elementos radioativos.
No Brasil, o acidente com o Césio-137 levantou a discussão sobre o descarte correto e seguro de aparelhos hospitalares. A tragédia aconteceu em 1987, em Goiânia, após uma peça de um aparelho de raio-X ser abandonado em uma antiga clínica e encontrado por catadores da região. O material foi desmontado e um homem entrou em contato com o pó do césio-137, sendo contaminado e também contaminando outras pessoas de seu convívio.
Um ano antes, em 1986, o mundo viveu o maior acidente nuclear da história, conhecido como o Acidente de Chernobyl, na Ucrânia. A explosão de um reator fez o material radioativo se espalhar por vários países da Europa. Essa explosão foi causada por falha humana, o que ilustra a responsabilidade que engenheiros nucleares assumem.
O curso
O curso de Engenharia Nuclear é um bacharelado com cinco anos de duração, os quais são divididos em 10 semestres/períodos. Atualmente, a graduação é oferecida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pioneira no ensino deste curso, e pela Universidade de São Paulo (USP), que passou a oferecer a graduação em 2021.
O Instituto Militar de Engenharia (IME) e as universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e Pernambuco (UFPE) possuem pós-graduações na área.
O curso de graduação em Engenharia Nuclear se divide em ciclo básico e ciclo específico. O básico dura os dois primeiros anos da graduação, com a abordagem das disciplinas comuns às demais engenharias: Matemática, Física, Cálculo, Fenômenos de Transporte, Mecânica dos Sólidos, Eletricidade Aplicada, Economia, Estatística e Humanidades.
No ciclo básico, o curso de Engenharia Nuclear lembra o de Engenharia de Materiais. Os estudantes precisam ter uma boa base de Química, Física e Cálculos para se aprofundar no conhecimento específico da Engenharia Nuclear.
Após o ciclo básico das engenharias, o curso direciona seus estudos para as disciplinas específicas de Engenharia Nuclear a partir do terceiro ano. As matérias da área profissionalizante incluem disciplinas como:
- Física de Reatores;
- Radioproteção básica;
- Ciclo do Combustível Nuclear;
- Métodos Matemáticos da Engenharia Nuclear;
- Física Nuclear Aplicada;
- Sistemas Centrais Nucleares;
- Impacto Ambiental das Instalações Nucleares;
- Engenharia de Reatores.
Mercado de trabalho
O mercado de trabalho para o engenheiro nuclear tem crescido no Brasil, assim como a demanda por profissionais qualificados, o que traz um cenário promissor para a Engenharia Nuclear. Os salários podem variar de acordo com o local de trabalho e tempo de experiência e, de acordo com a agência Catho, a média salarial é de R$ 7.840.
O engenheiro nuclear pode trabalhar em locais como:
- Indústrias (farmacêutica, alimentícia);
- Usinas nucleares;
- Empresas responsáveis por geração de energia;
- Agricultura (agroindústria);
- Hospitais e empresas voltadas para Medicina Nuclear;
- Empresas que gerenciam a segurança de materiais radioativos;
- Universidades e centros de pesquisa;
- Agências espaciais;
- Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica).
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Área de Atuação
Apesar de ser comumente relacionada à geração de energia nuclear e à área bélica (armas e bombas), a Engenharia Nuclear está presente em setores como indústria (alimentícia, farmacêutica), na agricultura, na medicina e na biomedicina. A evolução tecnológica permitiu ao engenheiro nuclear trabalhar com maior segurança e deu maior aplicabilidade da radiação para diferentes fins.
- Medicamentos: uma aposta recente é a área de radiofármacos, medicamentos que usam isótopos radioativos. Tais remédios chegam para tratar doenças que ainda não têm medicação específica ou para oferecer opções mais acessíveis para tratamentos de alto custo.
- Processo de produção de combustíveis nucleares: por meio de fissão ou fusão nuclear é possível obter combustíveis para máquinas térmicas que geram eletricidade.
- Indústria alimentícia: trabalho no processo de conservação de alimentos e bebidas.
- Construção de aceleradores de partículas para pesquisas: engenheiros nucleares podem trabalhar em aceleradores de partículas, fundamentais para o desenvolvimento de novas tecnologias para Física, Astronomia, Medicina e outras áreas.
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- Operação e gerenciamento de reatores ou instalações que usam fontes radioativas.
- Controle de qualidade e gestão de segurança de materiais radioativos.
- Medicina nuclear: exames de imagem, por exemplo, utilizam equipamentos que foram produzidos por um reator nuclear.
- Conservação de obras de arte e artigos de museu: é possível utilizar a radioatividade para limpar livros antigos sem danificá-los, substituindo o trabalho manual. No Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), por exemplo, livros são colocados em câmaras radioativas e recebem radioativos isótopos para serem conservados.