Universidades criam disciplinas sobre Golpe de 2016

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Já se passaram dois anos desde que a denúncia foi aceita, mas o impedimento de Dilma Rousseff voltou a ser assunto em 2018.

Muitas manifestações populares pediram o afastamento da Ex-presidente Dilma.
Crédito da Imagem: R. M. Nunes / Shutterstock

Quando o Brasil presenciou os debates políticos durante o processo de impeachment da Ex-Presidente Dilma Rousseff, muitos se questionavam sobre como a situação seria abordada na história, especialmente em sala da aula. Desde que o pedido foi protocolado e aceito pelo presidente da Câmara até a votação final no Plenário do Senado Federal, em agosto de 2016, muitos brasileiros deram sua opinião sobre o processo.

Entenda o processo de impeachment de Dilma Rousseff

Há aqueles que concordam que foram cometidos crimes de responsabilidade, quando a então presidente fez as chamadas “pedaladas fiscais”. Por outro lado, há quem acredite que o impedimento de Dilma Rousseff foi um golpe contra a democracia.

Parte da população chama o movimento de golpe.

Criado o cenário de discussão, que durou oito meses, o Congresso Nacional resolveu afastar Dilma, e Michel Temer assumiu definitivamente o comando do Palácio da Planalto. O tempo de debate do impeachment foi de grandes manifestações, contra e a favor do processo.

Agora é história

A polêmica e os debates sobre este fato parecem não ter fim e, neste começo de 2018, voltou a ser assunto e deve gerar muitas discussões ainda. A Universidade de Brasília (UnB) vai oferecer, já neste primeiro semestre, a disciplina “O golpe de 2016 e o futuro da Democracia no Brasil”. Golpe ou não, tem muita gente interessada no tema, pois a turma está lotada e com lista de espera.

Segundo a Ementa do Curso, que é uma proposta do Professor Luiz Felipe Miguel, além de entender os elementos que permitiram a deposição da presidente Dilma Rousseff, a disciplina deve analisar o “retrocesso nos direitos e restrição às liberdades” do governo Temer. Na relação bibliográfica são propostos livros que tratam do governo João Goulart e a Ditadura Militar de década de 60, entre outros.

É claro que houve uma reação do atual governo, que se posicionou contra a iniciativa da universidade e deve entrar com uma ação no Ministério Público Federal. Mas esta posição do governo parece não ter incomodado as instituições. Além da UnB, outras doze universidades públicas, a maioria delas federais, pretendem abordar o “Golpe de 2016” em disciplinas específicas:

- Universidade de São Paulo (USP); 
- Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); 
- Universidade Estadual da Paraíba (UEPB); 
- Universidade Federal da Bahia (UFBA); 
- Universidade Federal do Amazonas (Ufam); 
- Universidade Federal do Ceará (UFC); 
- Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); 
- Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS); 
- Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); 
- Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); 
- Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); 
- Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

A necessidade do tema

Não pretendo afirmar se foi golpe ou não, mas que esse processo de impedimento precisa ser estudado não há dúvidas. Nós acompanhamos o Governo Dilma e estamos presenciando as mudanças do Governo Temer, mas daqui alguns anos, será preciso contar essa história.

Sem dúvida muitas mudanças no cenário político estão por vir e serão, em sua grande maioria, consequências das medidas tomadas no atual governo. Além disso, o desenrolar do processo eleitoral que acontece ainda em 2018, inclusive com a eleição de um novo presidente, pode ser diretamente afetado por esta situação.