Greve dos caminhoneiros: vai melhorar quando?

Os impactos da greve afetaram diversos setores da economia, que vão demorar para se recuperar.
Em 05/06/2018 11h56 , atualizado em 11/06/2018 07h52 Por Rafael Batista

Crédito da Imagem: Shutterstock
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Após mais de uma semana em greve, os caminhoneiros liberaram as rodovias brasileiras, mas os reflexos desta paralisação ainda serão sentidos por algum tempo. A alta no preço dos combustíveis e de outras mercadorias deve durar até que a reposição esteja totalmente normalizada.

O que mais chamou a atenção nesta greve foi como afetou a vida da maioria dos brasileiros e o quanto deve custar aos cofres públicos. A reivindicação principal dos grevistas era básica: frear a alta dos combustíveis, especialmente da gasolina e do diesel, e diminuir a carga tributária aplicada a estes profissionais. No entanto, o reflexo foi sentido em diversos setores da economia.

Saiba mais: o que é greve?

A lógica das consequências da greve dos caminhoneiros é básica: sem os caminhões transportando as mercadorias de norte a sul do país, todos os ramos do comércio ficam desabastecidos. Supermercados, postos de combustíveis, farmácias e até hospitais deixaram de ser abastecidos durante a paralisação.

Com a possibilidade de ficar sem itens básicos, chamados de primeira necessidade, diversos brasileiros lotaram o comércio e começaram a levar para casa itens que usariam a longo prazo. Diante disso, o óbvio aconteceu, as mercadorias desapareceram.

Nos locais em que era possível encontrar tais itens, o preço estava bem acima do que era antes da greve. De um lado os comerciantes alegavam legitimidade, por causa da Lei da Oferta e da Procura, mas órgãos de defesa do consumidor chegaram a autuar os casos considerados como abusos.

Em diversas cidades brasileiras o gás de cozinha, por exemplo, esteve em falta mesmo depois do fim da greve e a operação para o reabastecimento continua.

E agora?

Negociações foram realizadas entre governo e grevistas, e a paralisação foi interrompida. A principal mudança beneficiou apenas a categoria, com o preço do diesel congelado até 31 de dezembro. Especula-se que os gastos para segurar os custos dos combustíveis deve custar em torno de R$ 13,5 bilhões.

Sabe-se que não é tudo. Citando apenas os caminhoneiros, muitas mudanças precisam ser adotadas para dar mais conforto para quem trabalha ao volante nas rodovias do país. A alta carga tributária, passando pelos pedágios, sem esquecer das estradas deterioradas, são apenas alguns pontos que a categoria ainda questiona.

Os altos valores cobrados em pedágios também foram alvos dos questionamentos dos grevistas.

O que se vê é um cenário no qual o trabalho no transporte de cargas está diminuindo e a tributação aumentando. Diga-se de passagem, a diminuição do trabalho (ou desemprego) não acontece apenas nas estradas.

Pensando no restante do Brasil, o que tem de bom na negociação desta greve? Até agora nada! Apenas foi possível perceber o quanto somos reféns da malha rodoviária no Brasil. Aliás, há muito tempo, especialistas apontam a necessidade de uma malha ferroviária que ajude a escoar a produção no interior do Brasil, seja para exportação ou abastecimento das grandes cidades. Mas muitas obras sequer saíram do papel.

Além de melhorar as condições das estradas e de trabalho dos caminhoneiros, é preciso pensar em políticas efetivas que não comprometam o abastecimento dos centros urbanos.