Dois lados de um mesmo país

As manifestações pró e contra governo são marcadas por agressões verbais e físicas.
Em 20/04/2016 10h34 , atualizado em 22/04/2016 17h07 Por Rafael Batista

Manifestações em prol da democracia dividiram os brasileiros
Manifestações em prol da democracia dividiram os brasileiros
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Recentemente, um muro provisório foi erguido em frente ao Congresso Nacional, em Brasília. Passaria despercebido se para aquele local estivesse marcada uma festa, desfile cívico, show ou qualquer outro tipo de aglomeração de pessoas. Mas, a verdade é que se tratava de uma votação na Câmara dos Deputados e a polícia local optou por dividir os manifestantes que iam acompanhar a votação a fim de evitar confrontos.

É muito natural que a população se posicione e realize manifestações para chamar a atenção dos congressistas, afinal, a votação era pela admissibilidade ou não do processo de impeachment da Presidenta da República. Mas me parece ilógico que as pessoas se enfrentem por terem opiniões contrárias.

Diversidade

Somos um país com uma diversidade cultural muito grande, dado as dimensões geográficas do Brasil. É mais do que natural a população se dividir para debater diversas questões. Corinthians ou Palmeiras, Mangueira ou Beija-Flor, Garantido ou Caprichoso e, recentemente, PT ou PSDB, são apenas algumas das vezes que o brasileiro se divide.

Nenhum problema até aí, mas falta entender que debater não significa brigar ou agredir. Pensar diferente não significa ser rival. Afinal, vivemos em uma democracia e somos livres para opinar.

Enquanto algumas nações se preocupam com a segurança de seus cidadãos, tomando medida contra o terrorismo, por exemplo, a segurança no Brasil deve proteger um patriota do outro, apenas por discordarem. O fato mais curioso da divisão dos manifestantes feita em Brasília é que os dois lados gritavam palavras de ordem pedindo respeito à democracia.

Uma nação

Não quero aqui dizer se o processo de impedimento proposto pela Câmara dos Deputados é legal ou não, mas preciso chamar a atenção para o objetivo do protesto: é o mesmo! A partir daí uma série de questionamentos me causam um grande mal-estar: se todo mundo quer o bem comum, por que atacar aquele que discorda? Por que tanta violência e discursos de ódio diante de uma questão democrática? 

É difícil entender a existência do muro nestas condições. Parece que as pessoas não conseguem conviver com as diferenças e só podem permanecer próximas umas das outras se estiverem separadas. 

Mesmo que a barreira criada tivesse o objetivo de contensão, esta situação me lembrou das aulas de histórias em que o professor falava da divisão da Alemanha em Socialista e Capitalista. A esperança está no fato de que aqui o muro é provisório e feito de chapas metálicas. Continuemos uma só nação.