Retorno das aulas presenciais nas instituições de ensino superior: arriscado ou necessário?
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MEC divulgou portaria ontem, dia 02, determinando volta as aulas presenciais para as instituições superiores públicas a partir de janeiro de 2021. Mas diante de repercussão negativa, voltou atrás.
Estamos enfrentando desde março aqui no Brasil a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Assim que os primeiros casos surgiram, tivemos as escolas de todos os níveis fechadas no país inteiro, calendários alterados, provas suspensas e aulas ministradas no formato on-line.
Após um longo período de lockdown, alguns estados vêm flexibilizando o retorno das atividades escolares, mesmo com os números de casos e mortes oscilando entre altos e baixos, variando de estado para estado, devido ao vírus da SARS-CoV-2.
O Ministério da Educação (MEC) determinou ontem, 02 de dezembro, por meio de portaria publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.), a volta às aulas presenciais nas universidades federais a partir de 04 de janeiro de 2021.
No documento, o órgão cancela a autorização das aulas remotas às presencias e obriga o retorno obedecendo os protocolos de biossegurança, o uso de ferramentas de tecnologia para complementar eventuais conteúdos que foram perdidos na pandemia.
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Ficou também definido pelo Ministério que é de responsabilidade das instituições de ensino ofertar os recursos para os alunos acompanharem as atividades. Contudo, no orçamento do MEC para 2021 está previso o corte de R$ 1,4 bilhão, o que também deverá afetar as instituições de ensino superior.
As universidades e institutos federais teriam autonomia para fazerem seus próprios calendários e reorganizarem seus currículos. Mas a partir de então ficaria não autorizada que as aulas on-line sejam equivalentes às presenciais.
Reitores e entidades discordam
De acordo com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) todas as 69 universidades e 41 institutos federais de ensino estão com aulas remotas no momento.
Segundo dados do MEC, as atividades presenciais fariam voltar a circulação mais de 2,3 milhões de pessoas, formada por alunos, professores e técnicos.
A decisão não foi vista com bons olhos por grande parte dos reitores das instituições federais visto que houve um aumento do número de mortes pela doença em muitos estados.
A União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) também divulgaram em nota que a portaria do MEC é uma "atitude irresponsável, equivocada e que atenta contra a vida do povo brasileiro."
E após um dia da divulgação da portaria, com a reação em negativa de grande parte dos responsáveis pelas instituições públicas, o MEC decidiu hoje voltar atrás e revogar o documento divulgado.
Agora, o Ministro da Educação Milton Ribeiro, pretende abrir uma consulta pública com os setores acadêmicos antes de novas decisões serem publicadas.
E quando será o retorno?
Esta é a pergunta que todos nós gostaríamos de ter a resposta. Ao mesmo tempo em que vemos tudo abrir sem a devida cautela, pessoas desobedecendo obrigatoriedades como o uso de máscaras, não respeitando o distanciamento social, lotando praias, restaurantes, nos dá certa indignação ao vermos o setor da educação ficando em outro plano, para outro momento.
Mas precisamos ser responsáveis. Pensar com responsabilidade, mesmo vendo multidões agindo de forma contrária. Pensar de forma coletiva, no próximo e não de forma egocêntrica.
Não é o momento da retomada das aulas em nenhum nível: seja infantil, fundamental, médio ou superior. Não é o momento da abertura em massa de nada.
A pandemia vai passar mas para isso é preciso uma força-tarefa de todos para que os prejuízos, principalmente no que diz respeito à educação, sejam os menores possíveis.
E você? O que acha sobre este assunto? Conte para o Brasil Escola!