Copa do Mundo na Rússia e o machismo de torcedores brasileiros
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Além de jogos de futebol entre equipes de vários países, outro fato tornou-se notícia aqui no Brasil e, infelizmente, envergonhando todos nós.
A Copa do Mundo 2018 na Rússia teve início no mês passado. Além de jogos de futebol entre equipes de vários países, outro fato tornou-se notícia aqui no Brasil e, infelizmente, envergonhando a todos nós.
Circularam pelas redes sociais, pelo menos, dois vídeos bem parecidos nos quais torcedores brasileiros que estão na Copa e que, aproveitando das diferenças de idioma, colocam mulheres russas em situações constrangedoras.
No vídeo com maior repercussão, os homens com a camisa do Brasil aparecem gritando ao redor de uma russa as palavras de cunho sexual, fazendo com que a mulher então repetisse sem saber o que significava. No outro, dois brasileiros aparecem ao redor de três russas e pedem para que elas repitam com eles frases também de cunho sexual. Obviamente, de novo, elas não faziam ideia do que estavam dizendo.
Machismo ou exagero?
Parece até meio óbvio ao falar que os vídeos viralizados são machistas, desrespeitosos e causam revolta. Mas acreditem, há muitos que alegam se tratar de exagero ao enxergar essas coisas. Afinal de contas, nem houve violência física, não é mesmo?
Não sei vocês, mas ainda me choco quando ouço / leio coisas desse tipo. Isso só nos mostra o quanto a cultura do machismo ainda está presente em nosso dia a dia de forma tão forte a ponto de muitos não enxergarem a violência que estas mulheres passaram pelo simples fato de não terem sido agredidas fisicamente e que tudo é uma grande “frescura”.
Será que seria engraçado ou exagero se ao abrir o vídeo, a mulher constrangida e que não sabe o que está falando ou ao que está sendo submetida, fosse sua mãe, sua filha, sua irmã, sua namorada, sua esposa?
Infelizmente algumas pessoas só conseguem enxergar e se revoltarem quando colocadas na situação. E mesmo assim olhe lá para dar o braço a torcer e ver que isso não é brincadeira, é assédio sim! Duvido se algum desses indivíduos que riram do vídeo teriam a mesma reação se a mulher que está nele fosse alguma de sua família.
Não deveria ser preciso fazer esse exercício de substituição das mulheres envolvidas em uma situação de constrangimento e violência por alguma de convívio dos homens para que eles entendessem o problema.
Eu acredito que poderia ser sim brincadeira (de mau gosto, mas ok!) se as mulheres tivessem a consciência do que estavam repetindo e também concordassem com isso. Mas sabemos que nos vídeos em questão não foi o caso.
Tenho um filho pequeno e estou grávida de uma menina. Desde que descobri o sexo de ambos tenho algumas convicções quanto a criação deles. Para meu mais velho, tento mostrar e ensinar desde agora muito cedo que ele não é melhor do que nenhuma menina. Que ele pode brincar e fazer as mesmas coisas que as meninas e vice-versa, além do mais importante, é preciso respeitar toda e qualquer mulher.
Já a minha pequena que está a caminho, fico um pouco preocupada ao ver o mundo em que ela vai chegar e o machismo que ainda está enraizado em tudo, os abusos e desigualdades que ainda passamos. Mas desde a barriga já conversamos e sempre repito: sonhe alto minha pequena! Não deixe que ninguém diga a você que não pode isso ou aquilo por ser mulher.
Estou tentando fazer a minha (pequena) parte. E só para reforçar: machistas não passarão!