A independência do Brasil é comemorada neste sábado, 7 de setembro. A temática é recorrente em provas do Enem e vestibulares, que cobram diferentes aspectos relacionados ao fato histórico, desde as causas até os desdobramentos.
O assunto é comum em processos seletivos para o ensino superior e essa abordagem costuma ser realizada de forma crítica, com foco no aspecto conservador da emancipação política brasileira, considera Gabriel Onofre, autor de história do Sistema de Ensino pH.
Segundo o professor Onofre, esse conservadorismo se relaciona com o processo de "manutenção das estruturas econômicas e sociais do período colonial, incluindo a escravidão e relações raciais predominantes no século XIX".
Para além dessa debate, também se discute, a partir do tema, a memória da independência. Para Gabriel, o fato costuma ser visto como um processo engajado pelas elites brancas, o que negligencia o envolvimento de determinados grupos como mulheres, indígenas e negros.
O Brasil Escola conversou com professores e especialistas que destacam como a independência do Brasil pode ser cobrada em provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares, além de compartilharem dicas de estudo sobre o assunto.
Veja também: O que e como estudar sobre história contemporânea para o Enem?
Independência do Brasil em provas do Enem e vestibulares
A independência do Brasil é um tema importante para quem irá fazer as provas do Enem e de vestibulares, reforçam professores. O assunto pode aparecer nessas avaliações de diferentes maneiras, uma delas se refere às semelhanças e diferenças do processo de independência do Brasil em relação a outras nações, como os Estados Unidos e Haiti, afirma Pedro Castellan, professor de história do Colégio Rio Branco.
Saiba quais são as formas em que provas do Enem e vestibulares podem cobrar dos candidatos conhecimentos sobre independência do Brasil, conforme Adailton Gomes, diretor do Colégio Anglo Alante SJC:
Questões de contexto histórico: é comum que as provas do Enem e vestibulares apresentem questões sobre o contexto da independência do Brasil, abordando desde as causas que levaram ao rompimento com Portugal até as consequências desse evento para a configuração política e social do país.
Análise de documentos históricos: os candidatos podem ser desafiados a interpretar documentos da época, como o famoso "Grito do Ipiranga", cartas de Dom Pedro I, ou decretos que marcaram a independência. A capacidade de análise crítica e a contextualização desses documentos são frequentemente exploradas.
Impactos sociais e econômicos: as provas também podem focar nos impactos da independência sobre a sociedade brasileira, incluindo mudanças na estrutura econômica, as consequências para as populações indígenas e africanas, e as transformações sociais e políticas subsequentes.
Comparações e conexões: comparações entre a independência do Brasil e outros processos de independência na América Latina e no mundo podem surgir como temas de reflexão, exigindo uma compreensão mais ampla das dinâmicas de independência e seus efeitos globais.
Nas provas, as questões podem variar em formato e abordagem, mas, no geral elas envolvem aspectos políticos, sociais e econômicos do período, pondera Natanael Soares de Barros, coordenador pedagógico do Poliedro:
"O Enem adota uma perspectiva de processos históricos, o que implica refletir sobre a constante transformação da sociedade e sobre as conexões entre os eventos a partir das diferentes percepções dos grupos identitários da sociedade. É essencial observar que as questões podem estar inseridas de diversas formas, sendo abordadas de forma implícita ou explícita nos diversos vestibulares."
Natanel Soares, coordenador pedagógico do Poliedro

Crédito: Divulgação.
Dicas de como estudar sobre independência do Brasil para o Enem e vestibulares
Fique por dentro de dicas de como estudar sobre independência do Brasil, segundo Adailton Gomes:
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Faça um estudo de forma aprofundada da história brasileira: para dominar o tema, é essencial ter um conhecimento sólido sobre o período colonial, as reformas e tensões que precederam a independência, e o papel de figuras-chave como Dom Pedro I. Livros didáticos, materiais de revisão e fontes históricas são fundamentais para uma compreensão abrangente.
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Estude e analise por meio de fontes primárias: a leitura e interpretação de documentos históricos da época podem ajudar a entender melhor o contexto e os diversos pontos de vista envolvidos. Analisar textos, cartas e proclamações originais proporciona uma visão mais detalhada dos eventos.
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Resolva questões anteriores: praticar com questões de exames passados pode ser extremamente útil. Isso não apenas familiariza os candidatos com o estilo das questões, mas também permite identificar áreas que necessitam de mais estudo.
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Busque estudar de forma interdisciplinar: relacionar o tema da independência com outras disciplinas, como Geografia e Sociologia, pode oferecer uma visão mais holística. Entender como a independência impactou a geografia política e as estruturas sociais é crucial.
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Participe de debates e discussões sobre o tema: se reunir em grupos para debater sobre a Independência do Brasil pode ajudar a consolidar o conhecimento e a desenvolver habilidades de argumentação, essenciais para a construção de respostas bem fundamentadas.
"A independência do Brasil marca a construção de um novo país, que rompe esse laço com Portugal em definitivo deixando de ser uma colônia dos portugueses. Assim, o estudante tem que se preparar para compreender o que de fato esse momento representa, relacionando esses acontecimentos ao que vem depois desse processo político, e como isso muda a nossa história, a exemplo da economia, que se transformou a partir da abertura dos portos, levando o nosso mercado para outros países."
Mateus Lopes, historiador e diretor pedagógico da unidade de Santo André da Escola Vereda
Teste seus conhecimentos sobre independência do Brasil nesta página de exercícios.
Videoaula sobre independência do Brasil
Entenda o contexto e as características da independência do Brasil na videoaula a seguir:
Assista mais: Estude história com videoaulas
Como a independência do Brasil já foi abordada em provas do Enem e vestibulares?
Independência do Brasil já foi cobrada em provas do Enem e vestibulares diversas vezes. Natanael Soares de Barros, coordenador pedagógico do Poliedro, destaca como o tema já caiu nos processos seletivos:
Independência do Brasil no Enem
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Em 2013, o tema foi abordado por meio de duas imagens: a pintura "Proclamação da República", de François-René Moreaux, e a fotografia retratando "D. Pedro II", de Marc Ferrez. O enunciado instigou a reflexão sobre o processo de independência além da centralidade de D. Pedro I.
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Em 2015, foi utilizado um texto do historiador Darcy Ribeiro, "O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil", para abordar a independência. A questão explorou a continuidade do projeto luso-brasileiro, as influências da colonização na emancipação territorial e nas revoltas.
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Em 2016, ao compartilhar um jornal do final do século XIX que fazia referência ao 7 de setembro, foi trabalhada a necessidade de estabelecer uma relação entre a comemoração da data da independência e a construção dos símbolos da identidade nacional.
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Em 2019, a abordagem permeou a temática através da figura de Maria Quitéria, que se alistou nos batalhões militares com o nome de “Soldado Medeiros” durante as lutas pela independência na Bahia. A questão propôs uma reflexão sobre a rigidez hierárquica da estrutura social brasileira na época.
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Em 2020, o enunciado explorou a independência do Brasil a partir dos movimentos de revoltas na capitania de Pernambuco em 1817, analisando duas publicações da época: O Correio Brasiliense e a Gazeta do Rio de Janeiro. A questão trabalhou com a habilidade de comparações de textos e reflexão sobre as divergências em relação à independência da colônia luso-americana.
Independência do Brasil no vestibular da Unicamp
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Na 1ª fase do vestibular, em 2023, a emancipação foi abordada por meio de duas pinturas oitocentistas: "Primeira Missa no Brasil", de Victor Meirelles, e "Independência ou Morte", de Pedro Américo. A questão incentivou a reflexão sobre a representação do passado histórico e a memória nacional por meio das imagens.
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Na 2ª fase do vestibular, em 2024, a independência do Brasil foi apresentada a partir de textos historiográficos que colocavam em perspectiva a reflexão que envolve a participação dos diferentes interesses dos grupos nativos. A questão ampliou o debate sobre a participação dos indígenas no processo de independência.
Independência do Brasil no vestibular da Fuvest
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Na 1ª fase do vestibular, em 2018, foi apresentado um excerto do Correio Brasiliense de julho de 1818, que abordava os processos históricos que precederam a independência do Brasil. Embora não estivesse diretamente relacionado à independência, o texto forneceu contexto para compreender as implicações dos movimentos de independência na América espanhola para a dominação portuguesa no Brasil.
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Na 2ª fase do vestibular, em 2023, a independência foi representada por meio de duas imagens: "Independência ou Morte", de Pedro Américo, e "El Juramento de los Treinta y Tres Orientales", de Blanes. A questão propôs a reflexão e a interpretação das pinturas como instrumentos políticos e as diferenças entre as representações simbólicas dos ideários monárquicos e republicanos nas imagens.
Independência do Brasil no vestibular da Unesp
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Na 1ª fase do vestibular, em 2023, a independência do Brasil foi abordada a partir do texto do professor e historiador João Paulo Pimenta, que analisou a construção da memória dos eventos históricos. A questão estimula a identificar o caráter emancipatório refletido pelos diferentes grupos de poder.
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Na 2ª fase do vestibular da UNESP, em 2008, a independência do Brasil foi discutida sob a perspectiva do caráter elitista e conservador da emancipação política.
Consulte aqui provas anteriores dos vestibulares de todas as regiões brasileiras.