No TEXTO 1 do vestibular Unicamp 2013, o candidato teve que escrever um resumo ao se imaginar como um estudante de ensino médio que iria contribuir com a produção de um painel destinado à comunidade escolar. Para essa contribuição, cada texto reproduzido integralmente, extraído de uma revista científica, seria antecedido por uma síntese na qual deveria ser apresentado o ponto de vista expresso no texto científico acerca do pessimismo em oposição ao otimismo. No texto sintetizador, também deveria haver uma relação desse ponto de vista (pessimismo X otimismo) com relação aos argumentos centrais que o sustentam.
Com relação ao gênero, o texto do candidato teria que ser uma boa síntese da matéria reproduzida; para isso, seria importante fazer referência à necessidade de se ter – nos mais diferentes ambientes e aspectos cotidianos – pessimistas por perto. Essa é uma ideia do psicólogo americano Martin Seligman, para quem uma empresa, por exemplo, necessita da presença de pessimistas que explicitem a realidade para os funcionários otimistas, que, imbuídos de pensamentos animadores, podem acabar delas se esquecendo.
Para o psicólogo, profissionais como tesoureiros e engenheiros de segurança precisam ser pessimistas para, assim, trazerem mais eficiência à empresa. No resumo feito pelo vestibulando, também seria importante fazer referência a um volitivo prejuízo que o otimismo pode trazer ao homem por, vez ou outra, colocá-lo frente a frente com a frustração. Também no que concerne ao otimismo, sobremaneira o exacerbado, o texto informa que ele pode prejudicar o indivíduo e, como exemplo, cita um estudo empreendido que mostra que pacientes que têm baixa autoestima tendem a piorar seu estado psíquico quando são obrigados a pensar de modo otimista. Pragmaticamente, seria como se, ao se obrigar a pensar em uma promoção no ambiente de trabalho, o indivíduo forçado a pensar positivamente veria, real e fatidicamente, o quanto a situação desejada está longe de ser alcançada. O texto termina – e seria importante que o resumo a isso se referisse também – lembrando que bem melhor que o “otimismo inescrupuloso” seria o pensamento pessimista porque, segundo o filósofo britânico Roger Scruton, o pessimismo prepara o homem para cenários piores sendo, portanto, uma forma, uma maneira de produzir um eficiente escopo humano para situações reais que exigirão bom desempenho. Ainda de acordo com o filósofo, sendo pessimista o homem se prepara para “sobreviver” às situações mais adversas possíveis.
Os propósitos seriam cumpridos quase que automaticamente à medida que o candidato se valesse das características de gênero do resumo. No que diz respeito à interlocução, como o texto seria destinado à comunidade escolar, o direcionamento implícito poderia se efetivar, textualmente, através de um vocabulário mais acessível, bem como através de exemplos voltados ao cotidiano da escola. Em vez de usar exemplos do âmbito de trabalho para explicar efeitos do pessimismo, o candidato poderia ter usado exemplos relacionados ao ambiente escolar (dentro e fora das salas de aula). O candidato também poderia ter ilustrado a ideia do filósofo Roger Scruton referindo-se a situações difíceis no contexto de estudante do ensino médio, como uma prova, uma avaliação ou situação similar que exigiria do aluno um exímio desempenho.
A proposta 1 cobrou um gênero textual fácil, mas pouco interessante dentro da vasta possibilidade de gêneros que poderiam ser cobrados. Novamente foi trazido o contexto escolar para a produção, assim como em edições anteriores. De todo modo, tratou-se de uma atividade redacional sem grandes desafios para o aluno que se ateve às exigências da tarefa.