O Brasil feliz de novo.
Foi essa a promessa que o ex, agora atual, presidente Lula fez para os brasileiros. O slogan da campanha tem um sabor diferente para aqueles que viveram os anos do governo Lula.
Principalmente para aqueles de origem pobre que viram conquistas sociais chegarem junto com os primeiros anos do PT no poder.
Entre elas, a chegada da energia elétrica em zonas rurais, saneamento básico, carne no prato, escola de qualidade e a possibilidade de entrar em uma universidade. Para uma parcela da população essas conquistas não significam muita coisa.
Mas para 60 milhões de brasileiros que foram às urnas ontem, as conquistas não só significam algo, mas foram elas que deram dignidade e cidadania para todo um povo - que aqui precisamos destacar que por vezes é pobre e preto.
A conquista da universidade foi um dos divisores de água não apenas do Governo Lula, mas para a história do Brasil! Na primeira década deste século, milhares de pais e mães viram seus filhos podendo cursar uma universidade, seja ela pública ou privada. E outros milhares de pais e mães puderam também ir para a universidade.
Isso foi possível graças ao investimento em educação, com políticas públicas pensadas na população mais pobre. Aqui surgem programas como FIES e o ProUni, que possibilitaram o acesso ao ensino superior a uma população que via o diploma universitário apenas como um sonho inalcançável.
As universidades públicas se tornaram mais fortes. O reflexo disso é o aumento do número de matriculados neste período. Aqui também surgem programas de incentivo dentro das instituições, como o Pronatec, Ciências sem Fronteiras e o próprio SiSU.
Mas as conquistas da primeira década foram colocadas em risco nos últimos sete anos. A partir de 2015, ainda no Governo Dilma, as universidades começam a perder lentamente os grandes investimentos do passado. Em 2016, já no Governo Temer, um golpe: A PEC do Teto de Gastos limitou os gastos públicos por 20 anos. O ensino superior foi um dos grandes afetados.
Os anos seguintes foram de desmonte, crises no MEC, possível controle no Inep/Enem e de desesperança. As universidades que eram fortes e estavam nos desejos possíveis dos pobres, agora se viram em constante crise financeira com possibilidades reais de fecharem suas portas.
A situação das universidades federais ainda é crítica. Nas últimas semanas mais cortes foram feitos. Somado a isso, o Brasil voltou para o mapa da fome. Ossos são vendidos nos mercados, a população voltou a se endividar e o desemprego voltou a crescer.
A crise na educação não é só reflexo, como também parte de todas as outras. E o mais importante: em tempos de escola sem partido, o desmonte na educação é parte de uma política cruel que vê como ameaça instituições que formam profissionais conscientes e atuantes politicamente.
Assim como em 2002, Lula encontra um país quebrado, com fome e triste, porém, também com esperança e vontade de sorrir de novo. E para sorrir, é preciso não apenas sobreviver como temos feito nos últimos 4 anos, como tem feito as universidades e universitários.
Para viver é preciso não só de esperança, mas de comida na mesa, emprego, programas sociais de incentivo, de educação (e educação de qualidade) e de união.
Talvez, diferente da situação de 20 anos atrás, hoje o presidente Lula encontra um país mais dividido, desigual e com mais problemas para resolver em todas as esferas. Ele encontra um país muito diferente do que deixou em 2010.
Mas ele encontra também 60 milhões de olhares esperançosos com o retorno de uma realidade que vivemos no passado. 60 milhões de olhares que não só esperam, mas que cobrarão por comida, oportunidade de emprego, saúde e por educação.
No meio desses olhares, há professores, servidores públicos, pais e estudantes ansiosos pelo retorno do investimento na educação, da básica à superior.
Ontem, 60 milhões de brasileiros transformaram esperança em voto. Há muitos desafios pela frente.
O povo brasileiro tem uma série de necessidades que serão cobradas e observadas nos próximos anos. Mas, talvez a principal necessidade seja justamente a promessa do slogan de campanha do presidente eleito: ser feliz de novo.