Adolescência em risco

Em 22/07/2009 13h46 , atualizado em 23/07/2009 08h18 Por Wanessa de Almeida

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Uma fase de transição. É assim que os especialistas denominam a adolescência. Entre os 12 e 18 anos, todo o ser humano passa alterações físicas, mentais e sociais que vão caracterizar o adulto que seremos. E sofremos com essas mudanças, já que queremos ser adultos, mas ainda não podemos nos desligar totalmente da infância.

E por causa dessas transformações esta etapa da nossa vida também já levou o apelido de “tempestades e stress”, assim definida pelo psicólogo americano Granvillle Stanley Hall (1844-1924). Mesmo com dramas e medos, ser adolescente é inesquecível para qualquer um.

Mas ela não será vivida plenamente por todos os brasileiros, pois cerca de 33 mil jovens daqui, entre 12 e 18 anos, serão assassinados até 2012. É o que revela o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) divulgado ontem (21) por especialistas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), pela Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Para chegar a esta estatística, os pesquisadores coletaram no ano de 2006 dados em 267 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. O índice geral brasileiro é 2,03. Isto significa que entre cada mil adolescentes, dois não chegaram vivos daqui a três anos. Alguns municípios têm saldos mais exorbitantes, como é o caso de Foz do Iguaçu (PR), cujo valor chegou a 9,7.

Os números são ainda mais preocupantes quando relacionados a jovens de cor negra. Eles têm 2,6 mais chances de morrerem assassinados do que um adolescente branco. Já um menino tem quase doze vezes mais probabilidade de morrer por homicídio do que uma garota.

A pesquisa revelou ainda que os homicídios foram responsáveis por 46% das mortes de brasileiros nesta faixa etária, além de tentar mostrar o que está escancarado: a maioria desses adolescentes tinham envolvimento com drogas e o mundo do crime.


Drogas: o principio caminho para a morte na adolescência

Em entrevista ao Jornal do Brasil, a subsecretária de Direito da Criança e do Adolescente da SEDH, Carmen Oliveira, ressaltou que os fatores primordiais para que a situação chegasse a este ponto foram os altos índices de abandono escolar e a falta de programas de tratamento a usuários de entorpecentes.

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A resposta dada pelos principais estudiosos do assunto já é conhecida, mas não custa nada frisar: faltam investimentos do governo para garantir educação de qualidade, entre outras necessidades que são básicas para garantir uma vida digna para os nossos jovens.

O presidente Lula reconheceu que faltam políticas públicas orientadas para a juventude do país, mas segundo ele, os investimentos que estão sendo feitos pela União direcionam para amenizar o problema. Ele deu como exemplo os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para urbanizar áreas mais vulneráveis.

E enquanto a saída não aparece, soluções localizadas devem partir da própria população, como acontece com o Afro Reggae no Rio de Janeiro. Desde 1993, o grupo tem um trabalho direcionado para melhorar as condições de vida dos adolescentes em várias favelas da terceira capital mais violenta do país, com IHA de 4,9.

Mas iniciativas como estas medidas podem ajudar a contornar a situação? Você conhece outros projetos que colaboram para tentar melhorar a expectativa de vida dos adolescentes brasileiros? Não deixe de comentar!