Caminhos tortuosos - Banco de redações

O sociólogo Zygmunt Bauman afirma que, para o ser humano viver com felicidade são necessários dois valores: a liberdade e a segurança. Infelizmente, na sociedade atual, carece-se deste último. A população é informada constantemente por meio de jornais, noticiários e internet, do aumento da violência, sendo que, os crimes cometidos por menores de idade são sempre evidenciados pela mídia. Esses jovens, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, podem ser internados por, no máximo, três anos, o que causa certa sensação de impunidade por parte da população, principalmente se o delito for grave. Devido a isto, surgiu na contemporaneidade, o questionamento sobre a redução da maioridade penal e se, realmente, esse ato ajudará a enfrentar o problema da violência social.

Pode-se dizer que, nenhuma criança ou adolescente sonha em ser um criminoso, o ideal de personalidade para eles são os super-heróis e as princesas, pessoas que prezam pelo bem estar do mundo e se preocupam com o outro. Portanto, seguindo a lógica, nenhuma criança deveria praticar crimes. Entretanto, não é isto o que ocorre. É possível notar que, a principal causa que leva jovens (e criminosos de outras faixas etárias) a cometerem delitos é a desigualdade do país. No que diz respeito aos adolescentes, pais com dificuldades econômicas não podem oferecer todo o conforto que filhos da classe alta recebem, então, o desejo não atendido somado a uma educação falha (no sentido de estabelecer limites) são causas para o surgimento de jovens criminosos. Sendo que, nenhum desses fatos sofrerá mudanças com a redução da maioridade penal.

Ainda sob essa visão, é preciso refletir sobre como melhorar a segurança nacional, visto que, o maior fator da violência é estrutural. O ideal seria investir em infraestrutura, em educação e na melhor distribuição de renda. Porém, apesar de serem medidas que, se bem efetuadas, trarão soluções permanentes, os resultados são lentos e, como pode-se observar atualmente, é necessário realizar outras ações em conjunto, oferecendo um suporte que evitaria o colapso da sociedade nos dias de hoje. Por isso, é possível pensar na redução da maioridade penal como medida emergencial. Afinal, diminuiria o número de jovens infratores na rua. Entretanto, deve-se notar que colocar adolescentes em presídios superlotados, sem a menor estrutura, com adultos experientes na área do crime e possuindo tempo livre, não é a maneira mais eficiente de tentar ressocializar o jovem. Portanto, seria necessário necessária a adoção de medidas que, além de manter o criminoso isolado da sociedade, deixe-o produtivamente ocupado.

Posto essas ideias, fica claro clara a complexidade do assunto e a dúvida de qual caminho seria o mais correto a seguir, em uma sociedade que é, sobretudo, guiada por emoções e com grandes falhas estruturais. Mas, o que não deve ser feito é esperar que tudo se resolva sozinho, para assim, criar uma sociedade menos violenta.