A grande repercussão detalhada de crimes cometidos por adolescentes tem causado enorme clamor popular pela redução da maioridade penal. Há poucos dias a Câmara de Constituição e Justiça (CCJ da Câmara dos Deputados) considerou constitucional essa medida(,) que agora pode ir ao Congresso e ser aprovada. O fato é que essa decisão pouco, ou nada, refletirá no quadro de violência no país, já que os delitos cometidos por adolescentes formam um percentual mínimo e os motivos pelos quais os índices de violência são altos vão muito além da compreensão precipitada da massa popular.
A mídia tenta a todo custo convencer os cidadãos de que os adolescentes são os culpados, quando os números relevam o contrário. Atualmente existem diversos programas sensacionalistas que passam horas detalhando os crimes cometidos por jovens de 16 ou 17 anos e que obtêm toda essa ênfase por comover o telespectador e o instigar a querer justiça. No entanto, a verdade é que esses e outros casos, apesar de terem destaque, são isolados. Segundo a Secretaria Nacional de Segurança Pública(,) os jovens dessa faixa etária de 16 a 18 anos que respondem por crimes correspondem a apenas 0,9 % dos delitos praticados no país.
Cabe ressaltar os inúmeros casos de violência muitas vezes omitidos e que em nada têm a ver com a redução da maioridade. Reduzir a maioridade não acabaria com o sistema ineficaz de combate ao trafico e pacificação nas favelas, reduzir a maioridade não acabaria com o despreparo de policiais que agem como se fossem os “donos do poder”(,) principalmente contra jovens negros e pobres, (;) reduzir a maioridade não diminuiria os índices de rebeliões em presídios por causa da superlotação e não faria com que ex-detentos deixassem de sair do mesmo jeito ou pior do que entraram. É necessário muito mais que a aprovação de uma lei para que a segurança seja oferecida à população.
Fica claro, portanto, que a redução da maioridade penal não caracteriza uma diminuição da violência. Para que isso ocorra na sociedade e principalmente entre adolescentes(,) é necessário atuar nas causas e não nas consequências. Aos governos federais e estaduais cabe a criação de programas profissionalizantes, cursinhos pré-vestibulares gratuitos, programas de esporte, e à escola que cumpra todos os programas com eficácia e acompanhe esses jovens e tantos outros adultos pelo país. É necessário que os valores morais e de conduta transmitidos através da educação, os exemplos observados no dia a dia sejam mais atrativos e lhes deem mais oportunidades que o mundo do crime.
Comentários do corretor
Atenção à grafia correta das palavras, à pontuação e à concordância de número (singular e plural).
Bom texto. Aborda o tema proposto de forma clara, objetiva, crítica e bem desenvolvida.
Continue exercitando sua escrita.
Competências avaliadas
Item | Nota | |
Adequação ao Tema | Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. | 2.0 |
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea | Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. | 2.0 |
Adequação ao Gênero Textual | Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. | 2.0 |
Adequação à modalidade padrão da língua | Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. | 1.5 |
Coesão e Coerência | Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. | 2.0 |
NOTA FINAL: | 9.5 |
Saiba como é feito a classificação da notas | ||||
0.0 - Ruim | 0.5 - Fraco | 1.0 - Bom | 1.5 - Muito bom | 2.0 - Excelente |